quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Guerra das polícias e mentiras de Serra

Por Altamiro Borges

Diante das cenas de guerra entre os grevistas da Polícia Civil e os soldados da Polícia Militar, em frente ao Palácio dos Bandeirantes, o governador José Serra revelou a sua mentalidade autoritária numa entrevista ao jornalista Luiz Datena, da TV Bandeirantes. Ao vivo, ele afirmou que a greve dos policiais “é coisa de uma minoria”; garantiu que ela “é eleitoreira, é coisa do PT e da Força Sindical, que é do PDT”; e jurou que sempre esteve aberto às negociações com os sindicatos da categoria. Serra lembrou a retórica raivosa de alguns generais nos estertores da ditadura militar.


Em primeiro lugar, a greve da Polícia Civil não é coisa de uma minoria e nem uma aventura. Ela já dura um mês. Foi deflagrada em 16 de setembro após várias tentativas frustradas de diálogo com o governo José Serra. Segundo relatos da mídia, que nunca foi simpática ao movimento – as suas manchetes apelam sempre para os prejuízos à sociedade –, conseguiu adesão surpreendente, o que evidencia o grau de revolta da categoria. A Folha de S.Paulo chegou a noticiar a adesão de 80% nos distritos policiais da região metropolitana e de quase 100% nas delegacias do interior.

Intransigência e uso eleitoreiro

Em segundo lugar, a greve não tem vínculos orgânicos com qualquer central sindical ou partido político. Boa parte do comando do movimento, formado por delegados e investigadores, sempre esteve ligada ao partido governista, até por motivos óbvios de carreira. Não é para menos que os grevistas costumam cantarolar em suas manifestações o samba “você pagou com traição, a quem sempre lhe deu a mão”. Uma faixa sempre presente nos protestos diz: “PSDB, Pior Salário Do Brasil”. As centrais sindicais apenas deram apoio à greve e vários parlamentares, inclusive tucanos, também estiveram presentes às manifestações para tentar evitar confrontos violentos.

Em terceiro lugar, o governo demonstrou total intransigência diante dos grevistas. Ciente de que o salário dos policiais está defasado, ele se recusou a atender a reivindicação de 15% de reajuste. Ofereceu apenas 6,2%, sem incorporar os adicionais, e fechou os canais de diálogo. Os grevistas até suspenderam o movimento por dois dias, numa tentativa de retomar às negociações, mas não amainaram a postura truculenta de Serra. “Não recebemos nenhuma proposta concreta”, criticou, na ocasião, Sérgio Roque, presidente da Associação dos Delegados de Polícia de São Paulo.

Até a seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, presidida por um aliado do governador, Luiz D’Urso, emitiu nota criticando a intransigência. A OAB-SP havia se oferecido para mediar as negociações, mas o secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, sequer deu retorno à proposta – “o que é uma desconsideração com a instituição e com a própria classe profissional”. Agora, o truculento José Serra tenta encontrar bodes expiatórios e fazer uso eleitoreiro da greve para ajudar o seu candidato laranja à prefeitura da capital, o demo Gilberto Kassab.

3 comentários:

Anônimo disse...

!!@v@nte Miro!!

Anônimo disse...

E como sempre a culpa nunca é do gaverno e sim de uma "minoria".
Palmas para o Serra, um exemplo de Tucano.

Parabéns pelo Blog, Altamiro. Eu, como estudante, agradeço por não existirem só Diogos Mainardis, mas sim, mais Altamiros Borges.

Anônimo disse...

Imeginem um sujeito desse na presidencia da rapública?