segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Serra: escola ruim é culpa dos “migrantes”

Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:

Eu ainda trabalhava na Globo, em 2006, quando Chico Pinheiro e Carla Vilhena fizeram uma bela entrevista no SPTV 1 (noticiário local que vai ao ar na hora do almoço) com José Serra – então, candidato a governador pelo PSDB. Entrevista dura, com perguntas firmes, mas respeitosas. E agiram assim, igualmente, com todos os candidatos a governador.

No meio da entrevista, Serra deixou escapar uma frase curiosa: culpou os “migrantes” pela falta de qualidade da escola paulista. Um tremendo ato falho. A elite paulista – e parte dos tucanos – nutre preconceito pelos nordestinos.

A entrevista pode ser vista aqui. O trecho sobre os “migrantes” está aos 5 minutos e 45 segundos.

O povo simples do Nordeste, e os nordestinos que vivem em todo o país, merecem saber disso, merecem assistir essa entrevista.

É preciso entender o que é hoje o núcleo duro do PSDB (que já não guarda relação com o ideário generoso – ainda que moderado – de Covas, Montoro e outros): é um partido voltado e dominado pela elite paulista.

PSDB é São Paulo. PSDB é a elite de São Paulo que não gosta de nordestino.

E o Serra, na entrevista de 2006, revela isso.

No dia da eleição mesmo, último 3 de outubro, minha irmã recebeu mensagem de uma conhecida (filha da classe média paulistana), que dizia o seguinte: “Pena que Tiririca não ofereceu passagem para os eleitores dele voltarem ao estados de origem. Seria um milhão a menos de ‘pessoas’ em São Paulo”.

Esse é o pensamento de boa parte dos eleitores do PSDB em São Paulo. Se pudessem, mandariam os nordestinos de volta.

Você não precisa gostar da Dilma ou do PT para votar contra Serra no segundo turno. Basta compreender que tipo de interesse Serra representa.

Voltando à entrevista de 2006, lembro bem: Serra saiu do estúdio da Globo furioso. Talvez por isso, pouco tempo depois, numa outra entrevista que iria ao ar no SP-TV 2 (edição da noite), o jornalista Carlos Tramontina recebeu ordens expressas do Rio de Janeiro, para cortar as perguntas duras. Aliás, recebeu do Rio exatamente as perguntas que deveriam ser feitas. A equipe do jornal ficou muito chateada, lembro bem. Porque até ali todas as entrevistas tinham sido feitas com liberdade – como aquela do Chico e Carla Vilhena.

Mas é que a Globo, sob Ratzinger, virou sucursal do projeto serrista de poder. Ou seria o contrário?

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3 comentários:

Alexandre Figueiredo disse...

Miro, temos que estar atentos do que escreve a mídia direitista. Veja o que a Folha de São Paulo escreveu sobre as eleições do primeiro turno:

http://www1.folha.uol.com.br/poder/812895-caso-erenice-mudou-mais-votos-que-temas-religiosos.shtml

Helinho de Barros disse...

A Dilma tem de desmascarar esse patife e expor para todos a verdade sobre quem é esse Serra e o grupo que representa.
Tem de fazer com que explique, como sendo pobre saiu do Brasil, morou no Chile, depois na França e por fim no Estados Unidos da América por quatro anos, sem trabalhar e casado, estudou na Universidade de Cornell concluindo ao que parece ser um mestrado, sem formação superior anterior e conseguiu voltar ao Brasil para ser político?
Se foi por meio de bolsa, quem o patrocinou?
Temos de quebrar as pernas desse hipócrita, mistificador

Misael Santos disse...

Afinal, aonde está o link para o video citado?