quinta-feira, 3 de junho de 2010

Petroleiros debatem o papel da mídia

Reproduzo matéria da assessoria de imprensa da Federação Única dos Petroleiros (FUP):

Com participações que estimularam dirigentes sindicais e assessorias a disputarem a hegemonia da grande mídia, os jornalistas Altamiro Borges e Leandro Fortes fizeram, na manhã de hoje (03/06), as palestras do Encontro Nacional de Comunicação, que integra a programação da II Plenária Nacional da FUP (Federação Única dos Petroleiros), que acontece em Brasília até o próximo sábado. Borges é jornalista do Portal Vermelho, do PCdoB, e Fortes é repórter da revista Carta Capital.

Para o primeiro, as eleições presidenciais que se aproximam serão “uma grande batalha” e os sindicatos não poderão ficar “em cima do muro”. Ele avalia que os Estados Unidos, a direita brasileira e a grande mídia jogarão peso na disputa pelo retorno ao governo.

“Os sindicatos estão chamados a entrarem de cabeça nesta batalha”, disse, argumentando que “a legislação brasileira é hipócrita”, já que proíbe sindicatos de apoiarem candidaturas enquanto não faz o mesmo com os empresários. Borges citou legislações como as dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França que permitem que as centrais sindicais e sindicatos façam campanha aberta para os candidatos que julguem melhor defender os interesses dos trabalhadores.

Ainda na avaliação de Borges, está nítida uma estratégia norte-americana de retorno de influência na América Latina, como ocorreu nas eleições do Panamá e no Chile, na implantação de bases militares na Colômbia e no Golpe de Honduras. O Brasil tem sido um contraponto que, segundo ele, estaria irritando os Estados Unidos.

Para o jornalista do PCdoB, os departamentos de comunicação dos sindicatos têm três grandes desafios: primeiro, “não ter a ilusão em relação à grande mídia e fazer a demarcação, desmascarando com dados, não com adjetivos” os conteúdos da imprensa tradicional; em segundo lugar, “é preciso fortalecer os instrumentos dos sindicatos e entender que comunicação não é custo, é investimento”; e, por último, contribuir para a democratização da comunicação.

Mídia sindical é resistência

O jornalista Leandro Fortes, além de confirmar as teses de Borges, acrescentou que a estratégia da grande mídia brasileira não é falar para a população, mas para as instituições e para a classe média. Eles formariam uma espécie de cadeia que começaria, por exemplo, com uma capa bombástica de "Veja", seguida pela repercussão nos jornais e nas TVs. “A grande mídia é nanica, os jornais não vendem nada, mas eles falam com as instituções”, disse.

Para ele, os sindicatos ainda não têm a devida consciência da força de comunicação que possuem, quando poderiam utilizar toda a capilaridade dos movimentos sociais para fazer a resistência à grande mídia. A imprensa sindical, avalia, precisa cada vez mais falar para fora, e não apenas para as categorias que representam.

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Professores debatem “mídia e eleições”



Reproduzo matéria publicada pela assessoria de imprensa da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee):

“O tema da mídia está ganhando dimensão na esquerda social e política, por isso, gostaria de parabenizá-los por incluir essa discussão nesta atividade da Contee”. Foi com essa mensagem que o jornalista Altamiro Borges iniciou a sua palestra na tarde de sábado, dia 29/05, durante a realização do XIV Conselho Sindical (Consind) da Contee – que aconteceu em São Paulo/SP. O tema do debate foi: “A mídia e os processos eleitorais”, e despertou muito interesse dos participantes da atividade. O debate foi coordenado por José Carlos Arêas, coordenador regional Norte da Contee.

Inicialmente, Miro, como é conhecido, fez um resgate da história da imprensa, afirmando que ela já “nasce com opiniões políticas, na Alemanha, Inglaterra, França e no Brasil. Seja opiniões das oligarquias ou dos movimentos operários, com seus jornais, no final dos século 19, início do século 20”. De acordo com o jornalista, toda a imprensa é partidarizada e nasce para interferir no debate de ideias. Ao longo da história, a imprensa passou a ser também um instrumento de lucro, um negócio. Desta forma, segundo Miro, ela assume um duplo poder: econômico e ideológico. “E se transforma num verdadeiro partido do capital, como dizia (Antonio) Gramsci”, explicou.

Miro informou ainda que, em alguns países, no processo eleitoral, a imprensa afirma qual é a sua posição, como nos EUA, por exemplo. Entretanto, disse, “no caso do Brasil, nem isso ocorre. A imprensa tem posição, mas não assume, tenta camuflar. E essas opções sempre foram contrárias aos interesses da classe trabalhadora, na defesa do livre mercado e da propriedade”.

Lembrou que os principais jornais brasileiros apoiaram o golpe militar de 1964. “A Folha de São Paulo cedeu suas peruas de transporte de jornal para conduzir presos políticos ao DOI-CODI. Somente quando percebeu que a coisa ia naufragar, a Folha passou a ter um papel na retomada da democracia”, disse.

Destacou ainda que a mídia já forjou candidaturas – a mais conhecida delas foi a de Fernando Collor de Mello. “A mídia divulgou a ideia de Estado mínimo, do Brasil sem fronteiras, onde não há a defesa da soberania, de que os direitos trabalhistas são em demasia no Brasil – e muito trabalhador foi na onda do discurso neoliberal”. E completou: “A mídia está vinculada ao capital financeiro no Brasil e no mundo e, por isso, entrou com tudo no projeto neoliberal”.

Em relação ao comportamento da mídia hegemônica em 2010, ele acredita: “Espero estar equivocado, mas acho que a mídia vai cumprir o seu papel mais sujo, utilizando todos os seus instrumentos – novela, publicidade, etc. – para tentar manipular o jogo eleitoral. Dando destaque ao que interessa e omitindo o que não interessa. Vão utilizar todos os recursos nessa batalha, por que as instituições das classes dominantes estão abaladas”. E completou: “Essa eleição não começou e quem colocar salto alto vai cair. Vai ser um jogo muito bruto! E só vai começar depois da Copa do Mundo”.

Para Miro, um das razões para este comportamento da mídia está no fato da oposição estar sem programa e sem discurso. E, apesar da mídia estar sofrendo certa vulnerabilidade – em função do avanço da internet, que está tirando os leitores dos jornais e das TVs – ela ainda é perigosa.

E concluiu: “Diante desse poder, temos três grandes desafios. Primeiro: não ter ilusão. Eles são sedutores e têm poder. Nós não vamos conseguir democratizar a família Marinho, a família Saad, os Civita. Segundo: devemos confiar em nossos próprios meios, investir nessa mídia alternativa, de visão contra-hegemônica. Entender que comunicação não é gasto, é investimento na batalha da luta de ideias. E terceiro: lutar, mesmo num Estado burguês, por mudanças legislativas, pela criação de políticas publicas que aumentem a diversidade e a pluralidade informativa”.

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Ato em repúdio aos ataques de Israel

Reproduzo convocatória de importante ato em São Paulo:

A Frente em Defesa do Povo Palestino, movimentos sociais e populares brasileiros, forças políticas progressistas e membros das comunidades árabe e muçulmana realizam na próxima sexta-feira, dia 4 de junho, a partir das 15 horas, no vão livre do Masp, na capital paulista, ato público em repúdio ao ataque aos barcos de ajuda humanitária pelo exército israelense.

Entre as reivindicações da sociedade civil brasileira, estão a punição dos envolvidos nessa ação militar contra civis desarmados, o fim imediato do bloqueio a Gaza e a retirada de Israel dos territórios palestinos ocupados. Além disso, que o governo brasileiro suspenda a recepção ao primeiro-ministro Benjamin Netaniahu, prevista para agosto próximo, bem como revogue o Tratado de Livre Comércio entre Israel e Mercosul.

O ato público de sexta-feira ocorre no momento em que o Comitê Nacional Palestino por Boicotes, Desinvestimentos e Sanções faz um chamado mundial à ação por boicotes aos produtos e serviços que apoiam a opressão israelense e se alinha a essa iniciativa.

Antecede ainda os 43 anos do início da ocupação militar de territórios palestinos, em franca violação às leis internacionais e aos direitos humanos fundamentais. A chamada Guerra dos Seis Dias, que se iniciou em 5 de junho daquele ano, resultou em milhares de novos refugiados – que se somaram à primeira grande leva expulsa de sua terra em 1948. No ano de 1967, foram ocupados Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental – mais as colinas de Golã, na Síria, e a Península do Sinai, no Egito, esta última devolvida àquele país árabe em 1982, como parte dos acordos de Camp David.

Em solidariedade aos ativistas internacionais e à população palestina e pelo fim da ocupação, cidadãos de São Paulo somarão suas vozes às que vêm se levantando em todo o mundo desde o ataque à frota humanitária em águas internacionais.

Data: 4 de junho de 2010 (sexta-feira)
Concentração às 15h
Vão livre do Masp, São Paulo/SP


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O silêncio de Hillary Clinton sobre Israel

Reproduzo artigo de Gilson Caroni, publicado no sítio Carta Maior:

No artigo "Sionismo: armadilhas de origem” [21/01/09], escrito em parceria com o economista Carlos Eduardo Martins, afirmamos que, por sua própria ideologia fundadora, Israel jamais se submeteu- ou se submeterá- a leis internacionais ou preceitos humanitários, assim como jamais se sentiu- ou se sentirá- obrigado a respeitar quaisquer acordos ou tratados que firme. Desde sua fundação, e em toda sua história, Israel definiu a si mesmo como um Estado fora da lei, uma força expansionista em permanente confronto com os "terroristas" de territórios ocupados.

O ataque - em águas internacionais - a uma missão que levava alimentos, materiais de construção e medicamentos para a população da Faixa de Gaza, brutalmente devastada pela operação "Chumbo Derretido", realizada no início de 2009, é apenas mais uma ação que confirma a cristalina certeza israelense: o que conta é o apoio dos aliados estadunidenses que procuram assegurar a hegemonia política na região. A comunidade internacional não deve ser levada a sério.

Uma acintosa exibição dessa má ou falsa consciência pode ser encontrada nas palavras do embaixador Giora Becher, embaixador israelense no Brasil, em artigo publicado hoje, 1/6, na Folha de São Paulo: "Os organizadores estavam cientes de que suas ações eram ilegais. Sob o direito internacional, quando um bloqueio marítimo está em vigor, nenhuma embarcação pode ingressar na área bloqueada. Em conformidade com as obrigações de Israel sob esta lei, os navios foram avisados várias vezes sobre o bloqueio marítimo ao longo da costa de Gaza".

Em uma eficiente inversão ideológica, Becher tenta ocultar a estratégia da barbárie. Israel decreta um bloqueio e busca a chancela de um sistema normativo que o condena. É assim que deve ser compreendida a brutalidade da "ocidental" e "democrática" sociedade israelense: como mera afronta á lógica formal que objetiva legitimar os ditames de uma extrema-direita fundamentalista e religiosa.

Convém recordar alguns fatos. Recente resolução do Conselho de Segurança da ONU recomendou a Israel, em termos extremamente brandos, que subscrevesse o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Dupla perda de tempo. Primeiro porque será ignorada, como foram todas as resoluções anteriores instando o Estado judeu a cessar suas ações imperialistas e de massacre contra os palestinos. Segundo porque, mesmo que uma liderança eventual acedesse em subscrever o TNP, o “povo eleito" o ignoraria solenemente. Ou alguém supõe que Tel-Aviv permitiria inspeções de Agência Internacional de Energia Atômica a seus arsenais nucleares?

Não esperem da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, propostas de fortes sanções comerciais e financeiras contra Israel, muito menos ameaças nada veladas de intervenção militar. Essas ela reserva para o Irã, país signatário do TNP e sem histórico de agressões a vizinhos e atos de pirataria de Estado. Ou mesmo palavras duras de condenação e advertência, quando não de clara intimidação, como as dirigidas ao Brasil. Sobre Nethanyahu e seus soldados, de Hillary só se pode esperar o silêncio cúmplice dos assassínios.

Israel, fiel aliado de Washington durante a Guerra Fria, é encarado como uma “ilha de civilização ocidental no Oriente Médio". Merece, como escreveu José Arbex Jr (Caros Amigos, dezembro de 1998) "todo apoio e consideração contra os” bárbaros islâmicos" que, aliás, nem sequer existem".

A docilidade do texto do Conselho de Segurança não poderia ser mais elucidativa. Não há condenações, não se fala em ataques, mas “em ações” Os nove ativistas mortos não imaginavam que a arrogância, o terror e o sadismo com que o Exército israelense trata as populações palestinas fossem extensivos aos que se empenham em ações humanitárias. O ataque à flotilha é uma lição da velha ordem internacional. Nela, procura-se mostrar a inutilidade do humanismo como um referente ético sem valor de uso nem de troca.

Compreende-se, agora, o real significado das palavras de Hillary sobre o acordo nuclear assinado entre Irã, Brasil e Turquia. Para quem vê a guerra como campo de experiência e exercício de hegemonia, soluções diplomáticas para crises internacionais tornam o mundo bem mais perigoso. Melhor contar com as determinações consagradas do terrorismo de Estado

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MST conclama solidariedade à Palestina

Reproduzo nota oficial da secretaria nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra:

Milhares de palestinos sairam as ruas nesta semana para manifestar seu repúdio a mais esse ato de agressão contra a humanidade praticado por Israel.

O mundo se une à dor e ao sofrimento dos familiares dos mortos, que estavam na frota de barcos que levaria comida e remédios para Gaza.

A heróica tentativa de romper o ilegal e ilegítimo bloqueio israelense só reforça a idéia de que a mais poderosa arma que os povos têm na sua luta por uma sociedade mais justa é a solidariedade internacional.

Mais uma vez fica confirmado que o exercito de Israel é uma organização marcada pela covardia e pela prática de genocídio e terrorismo contra o povo palestino e contra todos que se rebelam em defesa de um Estado Palestino Laico e Democratico.

Nas ruas de varias cidades, que foram ocupadas por israelenses em 1948, bandos de sionistas-fascitas gritam "morte aos árabes" e tentam impedir tambem com violência as manifestações populares a favor de Gaza.

O MST apóia a greve dos trabalhadores e comerciantes nos territórios palestinos, ocupados em 1948 e 1967, que aconteceu nesta terça-feira, e todas as manifestações de protesto que visam pressionar Israel para que cumpra as Resoluções das Nações Unidas sobre a Questao Palestina, respeite os princípios do direito internacional humanitário e para que não interfira nos comboios humanitários que rumam para Gaza.

É preciso transformar essa indignação diante da violência de Israel num gigantesco movimento de massas de caráter internacional que faça recuar esse mostro nazi-sionista.

O expansionismo e o militarismo israelense são parte da tentativa do imperialismo de sufocar as legítimas lutas de libertação nacional e por transformações sociais que se desenvolvem neste momento em todos os países do mundo.

A coragem, a sabedoria e a resistência do povo palestino são simbolos da resistência popular.

O grito de Pátria Livre se faz ouvir em todo o território palestino. Judeus, cristãos, muçulmanos e todas as forças democráticas, progressistas e antiimperialistas dentro e fora da Palestina se mobilizam em um movimento unificado contra o inimigo de toda a humanidade: o governo do Estado de Israel e seu aliado, o imperialismo dos Estados Unidos.

Uma delegação do MST que visita a Palestina entrou em contato direto com o escritório da representação diplomática do Brasil em Ramallah-Palestina e recomendamos:

1. A condenação do ataque militar israelense à frota de barcos humanitária que tentava chegar em Gaza. Esse ataque que resultou em vários mortos e feridos, inclusive uma brasileira, Iara Lee, cujo paradeiro até o momento não temos conhecimento. Saudamos o Ministério das Relacoes Exteriores, que divulgou ontem uma nota condenando o ataque.

2. As representações diplomáticas em Ramallah e Tel-Aviv devem se organizar para fazer uma visita por vilarejos palestinos e cidades, que foram destruídas, e onde o Estado de Israel ainda continua demolindo casas, desrespeitando os direitos humanos e os princípios do Direito Internacional Humanitário.

3. Organizar junto com o Comité Internacional da Cruz Vermelha em Jerusalem uma visita aos presos políticos palestinos, em especial às 34 mulheres e ao representante do Conselho Legislativo Palestino, Ahmad Sadat, que vive uma situação de isolamento absoluto, não podendo receber visitas nem mesmo de sua própria família.

4. O governo brasileiro deve voltar atrás na sua decisão de firmar, ratificar e regulamentar o Tratado de Livre Comércio Israel-Mercosul. Consideramos um grande erro manter relações comerciais desse nível com um Estado que desrespeita cotidianamente os direitos humanos e resoluções da ONU, em relação à Questão Palestina e aos princípios fundamentais do Direito Internacional Humanitário;

5. O governo brasileiro deve aproveitar o momento para refletir e amparar de maneira mais intensa e efetiva os refugiados palestinos que se encontram hoje no Brasil, principalmente os 150 palestinos que saíram do Iraque e ficaram em um Campo de Refugiados na Jordânia, e que se encontram no Estado de São Paulo;

6. O governo brasileiro deve exigir mais uma vez que Israel cumpra as resoluções da ONU sobre o estabelecimento de um Estado Palestino Livre e Soberano no território da Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental, conforme resoluções já aprovadas e reiteradas em Assembleia Geral;

7. O Brasil deve utilizar todos os mecanismos disponíveis na Carta das Nações Unidas e outras resoluções internacionais para exigir do governo de Israel que cumpra a decisão do Tribunal Internacional da ONU de derrubar o “muro da vergonha”, que tem cerca de 400 km de extensão e separa o povo palestino e israelense, configurando uma situação de apartheid que priva dos palestinos o direito de ir e vir. Sugerimos uma visita à entrada dos palestinos em Belém, cidade onde nasceu Jesus, que hoje se encontra cercada.

Sigam em frente irmãos e irmãs palestinos, com uma oliveira numa das mãos e uma pedra na outra, lembrando sempre de sua história, de sua origem e de sua tarefa: lutar permanentemente contra o sionismo e o governo de Israel, mesmo estando em condicões bastante desiguais frente ao inimigo-agressor.

Quem não cansa de lutar semeia a cada dia o caminho da vitória. A Palestina será livre, justa e soberana. Esse é o seu caminho e o destino de seu povo. Liberadade e terra para o povo palestino.

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