sexta-feira, 4 de março de 2011

Carnaval, crianças e consciência ambiental

Reproduzo matéria de Vitor Abdala, publicada na Rede Brasil Atual:

Rio de Janeiro - Cerca de 2 mil crianças e adolescentes que integram a escola de samba mirim Pimpolhos da Grande Rio mostram ao público nesta sexta-feira (4) um trabalho, desenvolvido durante meses no barracão da escolinha, que representará a comunidade de Duque de Caxias, cuja escola de samba - a Acadêmicos do Grande Rio - foi afetada por um grande incêndio em fevereiro passado.

A escola é uma das 17 agremiações mirins que vão desfilar na Marquês de Sapucaí, abrindo oficialmente o carnaval do Sambódromo carioca. O desfile, no entanto, é apenas o encerramento de um trabalho pedagógico e cultural desenvolvido desde agosto do ano anterior.

Assim como em outras escolas mirins, o objetivo da Pimpolhos é trabalhar a cultura do carnaval e questões voltadas para a cidadania das crianças. Segundo a presidenta da escola, Camila Soares, a agremiação de Duque de Caxias tem uma preocupação especial com o reaproveitamento de materiais. As fantasias são feitas com material reciclável, como pacotes de biscoito usados.

“A gente trabalha muito voltado para a ideia da estética do reaproveitamento, com o desenvolvimento de técnicas a partir da manipulação de materiais reaproveitáveis. No nosso barracão, isso é nítido. O barracão inteiro é um reaproveitamento artístico”, disse Camila.

Além do meio ambiente, conceitos como família, trabalho em equipe, problemas sociais, ética, cidadania e respeito também são trabalhados no enredo da escola. O próprio enredo é explicado às crianças em oficinas pedagógicas no fim do ano anterior ao carnaval. “O projeto Carnaval Pedagógico tem o objetivo de fazer com que as crianças entendam o que elas estão cantando, o que elas estão vestindo”, disse.

Segundo Camila Soares, o trabalho não é desenvolvido apenas no barracão da escola. O Carnaval Pedagógico é levado também às escolas de ensino fundamental do município, localizado na Baixada Fluminense, por meio de oficinas lúdicas.

Além de trabalhar com as crianças, a Pimpolhos também desenvolve um projeto de capacitação profissional de jovens e adultos, voltada para a cadeia produtiva do carnaval.

Meninada

Não há disputa de título no desfile das escolas de samba mirins desta noite, no Rio. Mas não costumam faltar criatividade, ritmo e samba no pé nos 30 minutos em que cada escola tem para desfilar no Sambódromo. Segundo Joel Toledo, um dos diretores da Associação das Escolas de Samba Mirins do Rio, os desfiles de crianças surgiram há quase 30 anos com a Império do Futuro, surgida da tradicional Império Serrano.

Aos poucos, novas escolas de samba foram surgindo, em geral vinculadas às de adultos, como a Mangueira do Amanhã e a Aprendizes do Salgueiro. Hoje, os desfiles de cada agremiação reúnem de 1.500 a 3 mil componentes, com todos os elementos que caracterizam uma escola de samba, como carros alegóricos, mestre-sala e porta-bandeira, fantasias e bateria.

“O grande espetáculo do carnaval tem que iniciar mesmo com as crianças. É uma coisa espontânea, é uma alegria. E precisamos pensar no futuro. O nosso objetivo com as escolas mirins é formar o futuro sambista. Afinal, as crianças são necessárias para dar continuidade à cultura do samba. Nós temos hoje [nas escolas de samba de adultos] muitos jovens que saíram das mirins. Hoje, eles estão nas escolas de samba [de adultos], como mestre-salas, cavaquinistas, mestres de bateria”, afirma Joel.

Apesar de o desfile ser semelhante ao das escolas tradicionais, não há competição entre as agremiações mirins. Elas são avaliadas e recebem premiações, mas nenhuma delas é declarada campeã. “A gente vive em um mundo de competição. Só em nascer, você já está competindo. Mas, por enquanto, não procuramos passar isso para as crianças. O desfile é mais uma valorização da nossa cultura”, diz Joel.

Segundo o diretor, o principal requisito para a criança participar das escolas de samba mirins é estar matriculado no ensino formal. “A gente não abre mão disso. A prioridade dessas crianças tem que ser o estudo.

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