segunda-feira, 18 de abril de 2011

Copom e a tropa de choque dos rentistas

Por Altamiro Borges

Amanhã e quarta, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realiza a sua reunião ordinária para avaliar o quadro econômico e definir a taxa de juros. Antes destes encontros, os servidores do BC promovem consultas aos chamados “agentes do mercado financeiro” – em palavras mais duras, com os agiotas que transferem a renda nacional para os rentistas.



Já é tido como certo que o Copom elevará novamente a taxa básica de juros, a Selic – será o terceiro aumento na curta gestão de Dilma Rousseff. Alguns falam em 0,25 ponto percentual, outros cogitam uma elevação de 0,5%. Para justificar o novo breque na economia, a mídia rentista bate bumbo há vários dias sobre o “risco iminente” do descontrole da inflação.

“Estreita-se o espaço do Copom”

O editorial de O Globo de ontem (17) foi enfático na defesa do aumento da Selic. Ele “prevê” o caos na economia e critica a timidez do governo. “O tempo passa, a inflação promete ultrapassar o limite superior da meta anual (6,5%) e as engrenagens da indexação contratam uma inflação longe do centro da meta (4,5%) para 2112. Estreita-se o espaço para o Copom agir”.

No mesmo tom terrorista, o editorial do Estadão de sexta-feira (15) garante que “a próxima reunião do Copom é decisiva para a inflação”. Caso o BC não adote medidas duras de retração da economia, não haverá salvação para o país. O jornalão dá como certo o aumento da taxa Selic, mas não perde a oportunidade para cutucar o “afrouxamento” do governo.

A receita única do capital

“Sabe-se que o ministro da Fazenda, que parece manter um clima de convivência amistosa com Alexandre Tombini, muito melhor do que com Henrique Meirelles, sempre se mostrou contrário à elevação da taxa básica de juros, acreditando muito mais na eficácia das medidas prudenciais. E a presidenta Dilma Rousseff voltou a lamentar a alta da taxa de juros”, fustiga o Estadão.

Por último, a Folha de hoje pinta um quadro mundial sombrio para justificar o novo tranco. Ela até aponta as causas externas que explicam a turbulência – a manobra dos EUA, que “continuam jogando dinheiro na economia, o que pressiona a inflação global”, e a especulação mundial com os preços dos alimentos. Mesmo assim, ela defende a “necessidade de apertar juros e crédito”.

Como se observa, o circo está montado. Os servidores do BC “consultam” os banqueiros e a mídia alimenta o clima para um novo arrocho monetário. A ditadura financeira confirma o seu enorme poder e o governo Dilma parece ceder novamente ao “deus mercado”. Já a mídia rentista tira a máscara. Não passa de uma sucursal, com colunistas bem remunerados, dos especuladores.

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