quarta-feira, 6 de abril de 2011

Folha e Globo querem lulismo sem Lula

Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:

A estratégia da velha mídia parece cada vez mais evidente: dianta da força de Lula (que tem o carisma e a história recente) e de Dilma (que tem o poder e o apoio de Lula), procura-se fraturar o lulismo. A idéia é abrir uma cunha entre os dois.

A operação está clara desde os primeiros dias do governo Dilma:

- elogios à postura de “estadista” de Dilma (“discreta”) em contraposição ao “populismo” de Lula;

- elogios à forma como Dilma conduziu a política econômica (aumento de juros, freio nos salários, corte de gastos), de forma “responsável”, em contraposição à “gastança” de Lula;

- elogios à “nova política externa” de Patriota, em contraposição à dupla Amorim/Lula.

Editoriais elogiosos foram a face visível dessa operação. A face invisísel são conversas ocorridas nos bastidores – conversas que têm como objetivo aproximar Dilma da velha mídia (por isso, ela foi à festa da “Folha”, por isso ela almoçou com a direção da Globo depois de participar do Ana Maria Braga).

Dilma mandou o recado: quero normalizar as relações com vocês. A velha mídia aceitou a sinalização. Vê com bons olhos o movimento, porque em algum momento precisará da força do governo para se contrapor à grana das teles. Sem apoio político, Globo+Abril+Uol não fazem frente às teles. Por isso, o jogo está sendo jogado, com suavidade. Aceita-se Dilma, e tenta-se vender a idéia de que Dilma é um lulismo melhorado. É um lulismo sem Lula.

Ok. Mas a velha mídia não brinca em serviço: enquanto afaga Dilma, ataca Lula.

A matéria de “Época” foi apenas o ensaio do que virá por aí. Sem o poder, imaginam os barões da velha mídia, Lula não terá como reagir. Imaginam, também, que Dilma não saírá em defesa do líder, deixará que ele se defenda sozinho.

A estratégia é descontruir Lula agora. Tolerar Dilma. Mais à frente, se necessário, parte-se contra Dilma. Aécio estará à espreita, preparado para entrar no jogo.

A movimentação na oposição mostra que a vez será de Aécio em 2014. Os outros sofrem…

- Serra está sob pressão. Alckmin quer empurrá-lo para a Prefeitura em 2012. Se aceitar, Serra terá contra si a pecha de assumir mandato e largar pelo caminho (como fez em 2006, largando a Prefeitura para concorrer ao governo). Se não concorrer, não terá máquina para se contrapor ao alckmismo em São Paulo.

- Alckminn tem que lutar pela sucessão em 2014; enfrentará PT e ainda Kassab (que pode fazer jogo duplo – apoio do lulismo e do serrismo por baixo do pano).

Aécio é quem tem a casa mais arrumada. Anastasia é bom gestor, afinado com Aécio. Não há disputa em Minas.

Resta a Aécio convencer a classe dominante brasileira de que ele pode gerir o país. Há quem não goste do jeito “collorido” do mineiro – afeito às festas e às aventuras amorosas.

Se Aécio se mostrar confiável, terá o apoio da velha mídia. Do contrário, o plano parece ser capturar Dilma para um lulismo sem Lula.

Os colunistas de jornal acreditam tanto nisso que chegaram a brigar para manter Agnelli (desafeto de Lula) na Vale. Como seria impossível, contentaram-se em “nomear” Tito Martins para o cargo. A ”Folha” deu como certo que ele era o nome para comandar a mineiradora no lugar do Agnelli.

Dilma agiu por outros caminhos. Nomeou Murilo Ferreira para o cargo. Parece que a família Marinho e os Frias não mandam como gostariam no governo de Dilma.

Eles queriam lulismo sem Lula e dilmismo sem Dilma. Não terão nem um nem outro.

2 comentários:

Ivan disse...

Assino... embaixo de cada ponto colocado pelo autor! O mundo não está bom. Os abismos estão maiores. Se um jornal não escancarar isso diuturnamente, por meio de críticas ou se atendo aos fatos, ele não conseguirá promover mudança alguma. E precisa de mudança? Este mundo, essa sociedade precisa de mudança. Viver como se tudo estivesse bom, se calar ante as vozes que clamam justiça, criminalizar os movimentos sociais é o que fazem Folha, Estado, entre muitos outros veículos de (des)informação, deflagrando estarem a serviço de quem possui condições mas não o desejo de contribuir para a propagação da informação correta, do debate necessário e da batalha por mudanças significativas.

Marcelo Delfino disse...

Talvez seja melhor as dondocas golpistas atacarem impiedosamente o Governo, já que as dondocas governistas não aceitam que gente de fora do Governo elogie a presidanta.

Vai ver, tudo que está fora do Governo é golpista e assim deve morrer.