quarta-feira, 8 de junho de 2011

É o Direito, companheiro!

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Quem, em sã consciência, acharia que não havia a possibilidade de Antonio Palocci ser degolado tendo, contra si, absolutamente toda a grande imprensa, a oposição, boa parte dos partidos da base aliada, boa parte do próprio partido e quase toda a blogosfera?

A questão nunca foi acertar ou errar se Palocci cairia, mas se era direito que caísse por uma acusação sem provas.

Em quantos espaços foi possível ler opinião firme contra a queda de Palocci, embasada em argumentos, durante toda a lenta agonia do agora ex-ministro? Não houve.

A desproporção de espaço para uma opinião e outra materializou até na blogosfera o que já vige na grande imprensa, ou seja, pensamento único ou desproporcionalmente preponderante.

Contudo, sempre se disse, aqui, que aqueles que foram duros com a oposição em casos análogos ao de Palocci tinham todo o direito a serem duros agora com o ministro do PT. Também se disse, aqui, que havia luta interna no PT e na base aliada que não visava ética, mas cargos ou influência.

E, claro, havia os que tinham interesse bem mais fácil de identificar.

A missão que este blog abraçou foi a de não permitir que perdurasse um discurso único, esmagador, que intimidasse quem queria manifestar opinião diversa. Porque é por isso que este blog foi criado.

A prova de que havia demanda por pensamento oposto ao majoritário está expressa em centenas de comentários que este blog recebeu nos últimos dias, aos quais foram dados o direito de divergir e até de atacar o signatário desta página, ironizando-o e até desqualificando-o.

O consenso absoluto é danoso, emburrece, estupidifica, castra, constrange, intimida, envergonha, coage, chantageia. É injusto e atenta contra os princípios fundamentais da democracia. Este blog estará sempre do lado que achar justo. Sem medo.

O caso Palocci nunca teve, em sua essência, esse caráter de disputa entre os que afirmavam que cairia e os que afirmavam o contrário. Foi uma luta entre o Direito e a injustiça.

Uma disputa cega e surda soterrou a questão que deixará de ser discutida, o sistema que permite que alguém trabalhe na área econômica de governos, locuplete-se e depois, com as informações que aprendeu no exercício do cargo, enriqueça.

Este blogueiro nunca se disse um politólogo. Não tem títulos para tanto. Não é jornalista. Não é advogado. Não é nem mesmo “entendido em política”. O que aqui se faz não são previsões infalíveis de profundo conhecedor da política, mas incentivo ao exercício da cidadania.

A cidadania a gente exerce quando não se intimida por ser minoria se o que se estiver defendendo for do interesse de todos, e o princípio humanista de presunção da inocência e direito a um julgamento justo será, sempre, interesse de todos.

6 comentários:

Anônimo disse...

Caro Miro,

Desculpe um post seu para pedir um favor.

Se possível, de uma força em seu blog para a divulgação da festa em prol da 19ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba, que será realizada na Ecla, no dia 12 de junho.

Valeu

http://limpinhocheiroso.blogspot.com/2011/06/em-12-de-junho-participe-da-festa-em.html

Tania disse...

Pois estou preparada a prever que este caso servira de exemplo de algo de asqueroso e de tamanha ignorancia.

Ja desde os primeiros instantes vi uma porcao de posts tipo malha o judas, sem base, sem logica, e so com acusacoes basadas na midia. Eles so se repetiam e passaram a serem cada vez mais cegos.

Agora que se segurem os verdadeiramente aliados ao governo atual. Eles nao vao dar tregua, porque esta e a ordem que os penetras estao mandados a fazer.

zezito disse...

Nota mil!!!! Graças a Deus, é de bom senso, lógico e verdadeiro.Não puxa sardinha para lado nenhum simplesmente a verdade. Avante Eduardo

Mariana Silveira disse...

Já que tiraram minha página do blog do Eduardo, por causa do comentário abaixo, posto aqui também, já que está incomodando alguns.


Nossa Eduardo, belíssima análise. A questão de Palocci foi primeira mancomunada pela oposição e imprensa; e sim, uma parte do PT se uniu para pedir a cabeça dele e como você mesmo disse, teve gente reproduzindo comentários do PIG e não foi apenas o pessoal que posta; PHA, ao responder Stanley Burburinho, reproduziu os argumentos de Merval Pereira feito à CBN, infelizmente. Quem tiver dúvida é só pedir o áudio do comentário de Merval dois dias antes do post de PH ao Burburinho.

O Curioso é que, isto que você está afirmando aí, acerca da Ley de Medios, fiz um comentário no blog dele afirmando que ele deveria estar feliz, mas infelizmente ia ter de esperar sentado a tal Ley porque em pé ia cansar. Ou seja, aquilo que ele tanto queria, ajudou a emperrar. Essa é a parte da moral enviesada que pegou blogueiros, petistas e alguns da militância. Sim, porque os trolls, que são muitos, ficam de fora.

Em relação ao comentário de Coimbra, a perda de popularidade de Dilma se deu na segunda semana da crise, mas quando Palocci foi ao JN dá explicações, a população que acompanhava o caso se deu por satisfeita. Mas acontece que imprensa e oposição têm seus medidores e visitam blogs sujos e comentários. Eles viram começaram, junto com a oposição, a desqualificar a entrevista. Quando o PGR deu o parecer, ficou claro diante da opinião que ele não devia. Mas aí, meu caro, a oposição se uniu junto com o PIG e iam intensificar o desgaste do ministro. Foi aí que Dilma pediu para ele sair. Mas se Coimbra tivesse ido a Campo depois da entrevista, veria a diferença. Mesmo o PIG tentando mudar a posição da opinião pública.

Em que sentido que a decisão dela foi sensata? Diminuiu o desgaste, mas não resolveu o problema. Sim, o problema é com o PT e seus quadros, especialmente sua ideologia. E o que é pior, formou-se na base aliada, o que vimos, melhor dizendo, a oportunidade de manifestar seus interessses, o jogo político. Agora vamos verificar os fatos. Palocci, como todos sabemos, ou melhor, muitos de nós, não deveria estar lá, mas a própria mídia insinuava que Palocci deveria estar. Como também sabemos, Palocci não cometeu crime, mas a questão foi política. Sequer foi ética, porque se ética como princípio existisse, a caixa de Pandora deveria ser aberta e todos respondessem moral e eticamente à sociedade brasileira.

A falta de unidade do PT deu oportunidade para crescer o PMDB, o partido aliado e que, será sempre o fiel da balança quando as crises vierem. O curioso foi que eu vi gente defendendo Temer para ser ministro das Relações Institucionais. Vá dá assim o galinheiro a raposa na conchichina!
Não estou afirmando que Temer está conspirando, mas afirmo que Temer é uma raposa e nunca deixou de agir como presidente do Partido e não como vice. Ora, em crises criadas pela oposição e o PMDB com o peso de decidir o jogo, se não ceder, com a intensificação de campanhas moralistas pelo PIG e fortalecidas pelas redes sociais, inclusive pela militância e blogueiros sujos que nem sempre conseguem olhar além. Em nome da tão falada “ética,” o governo dela torna-se um triz, querido. O prudente, o sensato, seria que ela, já que mexeu, mexesse logo onde tem de mexer. Tira o pessoal do PT que tem de tirar, ou seja, os que têm telhado de vidro.

Mariana Silveira disse...

Ou alguém pensa que isso terminou? O pior que mal começou. As sujeiras que serão mostradas nas licitações da Copa, claro que ela deverá agir, mas o respingo no PT será sempre maior. Não estou dizendo que os outros não devam ser responsabilizados, se verificar seus erros. Mas o fato é que, já está consumado no Brasil, desde o mensalão o julgamento moral sem provas. São crises políticas do nada que tomam dimensão na tentativa de derrubar presidentes. Com Palocci, ecoou-se o grito que não se conseguiu com Lula e tentarão com Dilma: “Crucifica-o, crucifica-o.

Eu não sei onde isso irá parar, mas o fato é que, desde a campanha de Serra que o linchamento moral se intensificou. Não estou afirmando que Palocci deveria estar lá, mas afirmo que a crise foi política e ele saiu por conta dessa confluência de forças. E também afirmo que não haverá Ley de Médios e reformas que querem que aconteçam. Dilma contrariar interesses é ser derrubada sem dúvida.

Espero que o PT se realinhe e reveja suas posições. Ah, e antes que digam que estou defendendo a antiética e a imoralidade na política, esqueçam porque não estou afirmando isto. Estou apenas analisando os fatos políticos recentes e a invocação da moral e da ética na sociedade brasileira e mais a política enviesada.

Quero parabenizar a análise que vi aí de um senhor sobre o PT. Concordo realmente com ele em tudo, mesmo não sendo petista e ter votada pela primeira vez para presidente no PT em Dilma. Votei porque penso no Brasil, sobretudo o NE. Mas a minha terra, a Bahia, costuma-se dizer que para um esperto, um esperto e meio. Não é no sentido de você passar a perna, mas no sentido de perceber a tão suposta esperteza que se querem supor ter. Talvez o grande problema da militância, alguns, claro, e de alguns da blogosfera foi não ter olhado além. Por incrível que pareça, até mesmo crucificação tem sua hora, ou seja, depois de ser esgotados todos os recursos de defesa e ficar constatada que a crucificação é justa.

É preciso pensarmos em que tipo de sociedade nós queremos, neste sentido. Se uma sociedade em que a mídia pauta nossas decisões morais e corremos para ela como se seus dogmas fossem verdades absolutas irrefutáveis ou se daremos o direito do contraditório. Sim, o direito do contraditório diante de uma imprensa que todos sabemos sua história de conspiração e deturpação. A deturpação e manipulação dispensam comentários, pois ocorrem todos os dias. Em relação à ministra, sugiro a ela que seja mais maleável no trato como ministra, e não faça da CC um parlamento. Lá, suas réplicas e tréplicas são válidas e merecem nosso apoio. Mas se seus comentários forem acima do tom, você será a nova Dilma pedante, arrogante e intransigente da mídia. E o que é pior, se for de difícil acesso ao insaciável interesse de partidos, mais um problema na CC. Portanto, prudência, prudência.

Mariana Silveira disse...

Alguém realmente acredita que seja fácil governar um país com ranços arraigados e políticos que não aguentam ver uma câmara do plim plim? E o que é pior, aqueles que se pelam de medo. Se Lula claudicou diante da Globo no pré-sal, imaginem os outros. Agora, corroborando com o que disse o senhor do blog em relação ao Lindberg, ele está correto. E vai uma pergunta para Lindberg: Você acha realmente que será governador do Rio? Bem, se for, terá de pedir à benção à Globo, meu caro. Assim como quem quiser ser em SP.

E vai aqui um outro comentário: dentro de vinte anos, é provável que o Rio terá uma nova configuração política, o poder da Globo no estado será dividido com as igrejas. Na medida em que as igrejas pentecostais e neopentecostais crescerem no subúrbio, região metropolitana e baixada, mais se aproxima o dia de um governador pentecostal no estado. Hoje já há garantias de mais de dois milhões de votos, dentro de vinte, isto terá se multiplicado consideravelmente. Eduardo, no subúrbio do Rio tem tanta igreja, que algumas são realizadas dentro de áreas de algumas residências. Um dia quando aparecer no Rio, deixe a Zona Sul e vá visitar o subúrbio para você vê o que está, silenciosamente, acontecendo por aqui.