sábado, 20 de agosto de 2011

Literatura e revolução na Venezuela

Por Alexandre Haubrich, no sítio Opera Mundi:

Nada da série do célebre bruxinho Harry Potter ou best-sellers de Paulo Coelho. Nas Librerias del Sur, livrarias venezuelanas que oferecem publicações a preços irrisórios, os títulos mais cobiçados são de conhecidos autores latino-americanos como Jorge Luis Borges, Eduardo Galeano e Pablo Neruda. Parte de uma iniciativa de democratização da leitura levada a cabo pelo governo de Hugo Chávez, a Fundação Liberarias del Sur – rede de livrarias que inclui editoras e distribuidoras de livros – promete ser um dos caminhos para a melhoria da educação no país.



São 57 livrarias ao todo, sendo 17 em Caracas, capital venezuelana. A maioria está concentrada na região central da cidade e espalhada pelos “barrios”, administradas diretamente pelas comunidades. Os livros são comercializados a preços baixos, devido aos subsídios do governo. É possível encontrar publicações sobre Ciências Sociais e História Venezuelana por cinco bolívares, cerca de um real. Segundo Jorneli Omaña, diretora executiva da Fundação, a iniciativa vem dando resultados. “No momento estamos nos esforçando para reimprimir alguns títulos, porque estamos com pouco estoque. Os livros são vendidos muito rápido. Há uma revolução cultural em andamento”, afirmou.

Os livros mais procurados são os de História, principalmente os que falam do herói da independência, Simon Bolívar. “Estamos comemorando o Bicentenário da Independência e o presidente Chávez está se esforçando para que as pessoas conheçam os independentistas da América Latina e da Venezuela”, explicou Jorneli. De biografias de Barack Obama e Hillary Clinton a clássicos marxistas, a variedade de livros e de linhas político-culturais encontradas nas livrarias é extensa.

Parte das livrarias já existia, com outros nomes, mas o conceito foi modificado. A ideia é que a comunidade se integre à rede de difusão de livros, não apenas de forma comercial. São promovidos debates, discussões, círculos de leitura e recitais. Além disso, as livrarias são descentralizadas, com 40 unidades espalhadas pelo interior do país.

“Temos uma concepção totalmente diferente de antes [das livrarias], de como era o Estado. As pessoas não existiam como povo, eram invisíveis. Hoje não, ele toma as ruas. E um dos espaços mais importantes, como disse nosso comandante presidente, é a batalha das ideias. E como as pessoas terão suas ideias se não lhe for permitido ler? Por isso a preocupação em difundir os livros”, contou um dos livreiros de Caracas.

2 comentários:

www.pedradosertao.blogspot.com disse...

Quem dera mesmo que a população venezuelana esteja lendo de verdade os três autores citados por você, mas leitura de verdade!

Anônimo disse...

Dilma e seu governo precisam mirar aquilo que a Venezuela está fazendo pelo seu povo.Uma nação soberana não se faz só de economia e trabalho. Isso é muito importante, claro. Se não fortalecermos o pensamento popular nunca seremos uma verdadeira nação.
Esse aspecto precisa ser trabalhado senão essa turma, que não pensa o Brasil, continuará soberano.
Dá inveja da Venezuela!