sexta-feira, 9 de março de 2012

Chantagem e os limites da tolerância

Por Izaías Almada, no blog Escrevinhador:

Muitos daqueles que gostam de encher a boca para falar em democracia, a que lhes satisfaz, é claro, pois há democracias para todos os gostos, curiosamente se calam diante de algumas atitudes e opiniões que lhes desagradam ou vão de encontro aos seus interesses.

Jornalistas, de preferência os especialistas em qualquer coisa ou coisa nenhuma; políticos ou seja lá o que isto signifique nos dias de hoje; juristas mais cegos do que o símbolo da profissão que abraçaram; intelectuais e artistas cujas ideias e criações estão comprometidas com o lado efêmero da vida mundana; empresários do supérfluo, fiscais da natureza que se autointitulam ecologistas, defensores dos ‘direitos humanos’ dos animais e por aí afora; alguns militares de pijamas e bermudas, gostam todos de boquejar sobre o que entendem por democracia e o que é preciso fazer, no seu entender, para que ela deva continuar em benefício da SUA liberdade de expressão e de SEUS grandes negócios.

No Brasil, após redescobrirmos alguns dos valores do que é viver em democracia, recuperando-nos de alguns dos principais traumas do golpe civil/militar de 1964, descobrimos que milhares – senão mesmo milhões – lutaram para que essa recuperação fosse possível. Milhões?! A tal ponto que já me fiz uma perguntinha idiota, mas muito pertinente: se foram tantos assim a lutar contra a ditadura naqueles tempos sombrios, por qual razão ela se impôs e durou tantos anos no Brasil? E ainda esbraveja por aí nas entrelinhas de jornais, revistas e imagens de televisão ou no arreganho de alguns homens fardados, por exemplo?

Contudo, com o passar dos anos, parece que nem todos estão satisfeitos com a democracia que se tem. Nem os que se beneficiaram da ditadura e também muitos dos que se beneficiaram com a volta da democracia, mesmo que esta ainda vá se mostrando um pouco capenga das pernas.

Até prova em contrário, a democracia brasileira como tantas outras do mundo cristão ocidental, é a democracia representativa formal, tutelada pelo poder econômico. Quem tem mais dinheiro faz lobby e elege os “representantes do povo”, compram juízes, policiais, deputados, senadores e por aí segue incólume o trem dessa democracia.

Quem não tem dinheiro é obrigado a depositar o seu votinho na urna de dois em dois anos, obrigatoriamente – é bom que se diga – e se tenta reclamar alguma coisa, corre o risco de ter a PM no seu calcanhar. Ou a reputação enxovalhada pela tal liberdade de imprensa.

Qualquer indício de que a sociedade brasileira gostaria de mudar esse padrão viciado de cidadania a que chamam de democracia, começam a pipocar na imprensa e não só, as “advertências” sobre os perigos que corre o país: querem instituir a censura e calar a liberdade expressão, dizem uns, querem a hegemonia do poder, esbravejam outros, querem o revanchismo, boquejam terceiros, e por aí afora.

O esquema é tão safado e sem vergonha, além de útil, que bastou a presidente Dilma Rousseff mandar embora ou aceitar a demissão de alguns ministros (com provas ou não, outra gracinha da nossa grande democracia), que alguns dos partidos políticos aliados (imaginem se não fossem) já iniciaram a cantilena das chantagens nas votações no Congresso Nacional: Tudo bem tirar milhões de brasileiros da miséria, mas precisamos garantir a nossa mamata, o nosso ministeriozinho e as nossas verbas!

Apurar mazelas e trambiques do Poder Judiciário? Nem pensar. Isto é uma afronta a democracia. Levar criminosos do colarinho branco aos tribunais e, uma vez comprovado o crime, às prisões? De forma alguma, “somos um povo pacífico, que detesta a violência”. E no dia seguinte, os mesmos argumentadores em causa própria pedem providências contra a violência do dia a dia nas grandes cidades brasileiras, a violência dos pobres, bem entendido.

Tamanha hipocrisia e cinismo já ultrapassam os limites da tolerância, do bom senso. Os próximos meses, com as eleições municipais que se aproximam, irão deixar à mostra o lado mais sórdido da nossa democracia: aquele em que se pode dizer tudo e mais alguma coisa do adversário, mesmo sem provas e, eleitos, alguns milhares de prefeitos e vereadores – em sua maioria – se oferecerão como base de troca para as presidenciais de 2014. Será tudo uma questão de distribuição de verbas, chantagens e alianças espúrias, onde a governabilidade se define entre o péssimo e o menos ruim.

Grande democracia!

1 comentários:

Anônimo disse...

Realmente, condordo em parte com vc. Só não posso totalemtne pq vc fica em cima do muro ético/moral e não deixa claro o que vc quer dizer de verdade. qunato á mentiras, me lembra daquela da mulher do Serra que não mais como tinha ficado com 292 bilhões de reais na privatização da Vale. R$ 292 bi, mesmo dividindo pelo câmbio do dolar turismo, ela ainda é mais rica que a soma dos 2 ou 3 homens mais ricos do planeta. Entretanto, os vídeos da Dilma sobre o aborto é falso; a fita que continha a entrada da xe- da Receita Federal que provava que ela tinha realmente estado com a Dilma foi apagada por economia, apagasse as fitas a cada 30 dias? Num ministério? É só um terrorista colocar um bomba lá para explodir depois dos tais 30 dias e ninguém vai vê-lo antrando no prédio carregando uma mala com 300kg. Mas somos todos livres para acreditar em papai-noel, duendes, fadas-madrinhas, mula-se-cabeça, chupa-cabras, et, etc ...