terça-feira, 19 de junho de 2012

Datafolha mostra fragilidades de Serra

Por Altamiro Borges

A pesquisa Datafolha divulgada neste final de semana deve ter feito soar o sinal de alerta no comando da campanha de José Serra à prefeitura da capital paulista. Ela mostra que o tucano empacou nos 30% das intenções de voto, o mesmo índice da sondagem anterior, o que é um péssimo sinal após a intensa exposição da sua imagem na mídia. Ela confirma ainda que o caudilho do PSDB mantém-se como um dos campeões em rejeição junto ao eleitorado, com 32% dos entrevistados afirmando que não votarão nele.


Para piorar o clima no ninho tucano, a pesquisa indica um leve crescimento da candidatura do ex-ministro Fernando Haddad, que subiu de 3% para 8% nas intenções de voto. O petista ainda terá que suar muito a camisa para viabilizar a sua ida ao segundo turno. Mas ele tem alguns trunfos. Celso Russomanno, do PRB, continua no segundo lugar nas sondagens, com 21%, mas não conta com tempo de televisão e estrutura para manter esta dianteira. A tendência é de queda. O mesmo ocorre com os demais postulantes.

A influência de Lula

O Datafolha também confirmou o prestígio de Lula, o que reaviva o debate sobre a sua capacidade de transferência de votos – já comprovada na eleição da presidenta Dilma Rousseff. O esforço do comando da campanha de Haddad, explicitado no “Programa do Ratinho”, do SBT, é colar a sua imagem junto à do ex-presidente. Apenas 19% dos entrevistados dizem saber que o petista é o candidato de Lula. Com o horário eleitoral gratuito de rádio e tevê, esta lacuna será superada rapidamente.

Segundo a própria Folha tucana, “Lula continua a ser o melhor cabo eleitoral entre os nomes pesquisados pelo Datafolha. Depois vêm o governador Geraldo Alckmin (PSDB), com 29%, e a presidente Dilma Rousseff (28%). Já o prefeito Gilberto Kassab (PSB) se mostra um ‘anticabo eleitoral’. Questionados, 43% dos entrevistados dizem que não votariam no candidato que tivesse o apoio do prefeito... Isso se reflete em outro dado pesquisado: 80% dos eleitores querem o próximo governo diferente do atual”.

Serra é Kassab; Kassab é Serra 

Neste ponto é que se encontra a pior notícia para o eterno candidato. O tucano não terá como se descolar da péssima imagem do atual prefeito. Como ironiza o blogueiro Antônio Mello, “Serra é Kassab e Kassab é Serra”. Ele até relembra o discurso do ex-demo que poderá ser usado na campanha eleitoral. “Aprendi como governar São Paulo ao seu lado nos 15 meses em que você deixou sua marca na cidade e deixou as linhas mestras para os sete anos seguintes”, disse Kassab no ato que formalizou o apoio do PSD ao PSDB.

Se a estratégia de carimbar Kassab na testa careca de Serra der certo, o tucano terá enormes dificuldades na disputa. Ele ainda é o candidato com mais chances de vitória. Mas, é bom lembrar, a campanha ainda nem começou e suas fragilidades já são evidentes. Há sinais de fadiga no eleitorado paulistano, sempre tão conservador, mas que agora procura "algo novo". A batalha promete fortes emoções e muitas escaramuças.

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