domingo, 22 de julho de 2012

Governo e mídia atacam grevistas

Por Altamiro Borges

O governo Dilma até parece que segue as orientações da mídia privada para endurecer no trato com os servidores em greve – nas universidades federais há mais de dois meses; em outras repartições públicas, há um mês. Nesta semana, o Palácio do Planalto adiou novamente a apresentação de uma proposta de reajuste salarial para o funcionalismo. Esta postura arrogante irritou ainda mais os cerca de 10 mil grevistas que realizaram um tenso protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na quarta-feira (18).
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, responsável pelas negociações, é uma das mais inflexíveis no trato. “O governo continua protelando, sem proposta, engessa a discussão e provoca tensionamento”, critica Pedro Armengol, coordenador do setor público da CUT. Sérgio Ronaldo, dirigente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), também condena a falta de sensibilidade. “Estamos cansados de participar de reunião para ouvir a mesma coisa, sem proposta. Isso leva a um conflito”.

Novo protesto das centrais

Na prática, o governo enrola nas negociações e aposta no esvaziamento da greve. O Palácio do Planalto avalia que a decisão de cortar o ponto dos grevistas e a ameaça de acionar a Justiça contra a legalidade do movimento resultarão no retorno ao trabalho. Até agora, porém, a paralisação tem crescido em vários ministérios e órgãos federais e mantém a força nas universidades. Como decorrência, aumenta o desgaste político da presidenta Dilma. Até os tucanos tem se aproveitado oportunisticamente da greve.

Um novo protesto unitário já foi marcado pela CUT, CTB e Conlutas para 2 de agosto. As centrais não aceitam a desculpa da falta de verba para atender as reivindicações do funcionalismo. “O governo não negocia e alega que não há recursos, mas direciona a maior parte do PIB [Produto Interno Bruto] para os banqueiros, com o pagamento dos juros das dívidas, e para as indústrias, por meio da isenção de impostos, entre outros benefícios", critica José Maria de Almeida, dirigente da CSP-Conlutas.

O discurso antissindical da mídia

Enquanto se isola entre os servidores, a presidenta Dilma recebe os aplausos da mídia privada. Em editorial, o Estadão aconselhou o governo a não “perder o controle da situação”. “Ao exigir do governo aumentos financeiramente insuportáveis em quaisquer situações, mas especialmente agora, em razão da notória desaceleração da economia provocada pela crise mundial, os servidores em greve tentam impor custos adicionais aos contribuintes empregando a força da paralisação de serviços públicos”.

No mesmo rumo, o jornal O Globo, também em editorial nesta semana, elogiou a postura firme da presidenta, que “enfrenta as corporações sindicais atuantes no funcionalismo... Acostumadas às benesses obtidas na gestão Lula, categorias de servidores querem continuar a avançar sobre o Orçamento. Não é apenas inapropriada a conjuntura econômica para fazer um emparedamento sindical do Planalto. Também os números frios das folhas de salários não o justificam”.

A maldição do superávit primário

Para a famiglia Marinho, as greves no funcionalismo apresentam reivindicações “irreais” e põem em risco o “equilíbrio fiscal”, já fragilizado “devido ao choque em várias despesas (Previdências, linhas assistencialistas) causado pelo grande aumento do salário mínimo... Se o governo fraquejar diante da pressão sindical, o quadro ficará mais grave”. Ou seja: mídia e governo atacam as greves contra o arrocho com o único objetivo de preservar a maldição do superávit primário, a reserva de caixa dos banqueiros.

6 comentários:

alirio disse...

Não é novidade que a mídia sempre foi contra o Funcionalismo. Como estão radicalmente contra o atual Governo, fica muito difícil definir uma posição sem entregar seus inconfessáveis objetivos. O Governo estará certo em sua luta contra os Servidores, desde que mantenha o 'superavit primário' para o pagamento dos juros da dívida.

Anônimo disse...

Caro amigo, desta vez tenho q discordar... alguma coisa vai muito errada nesta greve... só pelo fato do governo dar 47% de aumento e recusarem já indica algo muito estranho... é 1ª vez q vejo um governo dar um aumento tão significativo... e o + estranho é recusarem... lembro-me dos professores pedirem por volta de 15% e governo após governo concedendo muito menos algo como 6% em 12 parcelas e cabava-se a greve por sabiam q nao conseguiriam +... realmente esta td muito estranho....

Anônimo disse...

Aumento de "até 45%", diz a proposta, uma reposição de anos passados parcelada em MAIS 3 anos, e o maior montande é para os professores de mais de 20 anos de Carreira..., um contingente enorme de 1000 profes. Isso é que é bondade... Mas ôpa! Só os professores fededrais estão em greve? Só vejo bondade da boa nesse governo...

Anônimo disse...

Caro anônimo, você está absurdamente mal informado. Aliás, está muito bem informado pela Rede Globo (PIG). O aumento seria de 40%, divididos em 3 anos e para uma minoria de 7% dos Professores. A imensa maioria ficaria entre 15 e 27%, o que nem repõe a inflação acumulada de 2010 (último aumento) até 2015 (fim desse aumento). Além do mais, a proposta deforma uma carreira já bisonha e a torna ainda menos atrativa, com salários para Doutores (6 anos a mais de estudos) menores que graduados em início de carreira no setor privado. Isso significa muito em áreas como Engenharia e Medicina, onde o salário inicial já é muito bom (sem doutorado). Enfim, sugiro procurar informações idôneas, como de um Professor Indignado perto de você. Eu sou um deles.

Regina disse...

Não sou professora Fico indignada quando vejo a forma como o governo DILMA está tratando essa greve e outras. Mais ainda ao tomar conhecimento de um proposta falaciosa, vendida ao público como a melhor do mundo. E obviamente, a midia que não gosta do funcionalismo, aproveita a deixa e vende a idéia.
Um governo que não respeita seus funcionários, não pode ser respeitado.

Anônimo disse...

É de se perguntar: o que estaria, de fato, por trás dessa greve que desestabiliza, desgasta o governo federal? Por que a CUT não se mexeu durante o governo Lula? Por que esperou o próximo governo, para reivindicar, sabendo que reposição salarial de uma vez seria difícil, impossível? Seria porque a CUT andava muito ocupada, posando de partido político? Ou porque a CUT e uma determinada categoria do funcionalismo anda aprontando pra cima do governo Dilma?