domingo, 30 de setembro de 2012

Belém: O primeiro prefeito do Psol?

Por Piero Locatelli, na CartaCapital:

Fundado em 2005 por petistas descontentes, o Psol se notabilizou por suas propostas contundentes e pela pressão contra políticos denunciados por corrupção. Com essa postura, o partido conseguiu algum sucesso em eleições legislativas e montou bancadas pequenas, mas costumeiramente barulhentas. Agora, em 2012, pela primeira vez, o Psol tem uma possibilidade real de conseguir um cargo no Executivo. Edmilson Rodrigues lidera todas as pesquisas para prefeito em Belém e pode até vencer a disputa no primeiro turno.

Atualmente cumprindo mandato como deputado estadual, Rodrigues já foi prefeito de Belém por oitos anos (1997-2004) quando ainda estava no PT. Para voltar à prefeitura, Rodrigues tem tomado atitudes pouco comuns em seu partido. O candidato teve mais de 80% da sua campanha bancada por empresas, segundo prestação entregue à Justiça Eleitoral no começo deste mês. Dos 476,4 mil reais arrecadados, 389,4 saíram do bolso da iniciativa privada. Nas eleições de 2010, a maior parte das campanhas do Psol foi bancada por pessoas físicas, caso único entre todos as legendas do país. O programa do partido ainda defende o financiamento público de campanha e critica a “troca de favores entre os políticos que aceitam o financiamento privado das grandes empresas”. Rodrigues diz que isso não é uma contradição. “São pequenas empresas. E fizemos pesquisas: nenhuma companhia envolvida com qualquer maracutaia será recebida e terá permissão para nos apoiar”, disse a CartaCapital.

O programa do Psol também defende a anulação da dívida pública com os bancos. O tema, central ao partido em suas campanhas ao Executivo, é deixado de lado em Belém. Segundo Rodrigues, isso ocorre porque a dívida pública de Belém “compromete menos o orçamento” do que em cidades como São Paulo e Porto Alegre.

Uma vez na prefeitura, o Psol deve se deparar com uma Câmara de Vereadores onde terá poucos representantes. O deputado federal Ivan Valente (SP), presidente nacional do partido, vê no passado do PT um exemplo da possibilidade de governar sem o apoio da maioria. Ele lembra de administrações de petistas eleitos em 1988, como Luiza Erundina em São Paulo e Olívio Dutra em Porto Alegre. “A Erundina tinha cinco vereadores na Câmara. Foi ameaçada de ser cassada, mas terminou o mandato. Eles tinham uma lógica de governo que era procurar o apoio da sociedade organizada.”

Rodrigues diz que receberá de “braços abertos” a ajuda de quem for ao encontro a suas propostas e quiser ajudar a cidade. O Psol faz oposição ao governo Dilma Rousseff, como fez ao de Luiz Inácio Lula da Silva, mas o candidato tem defendido programas federais como o Minha Casa, Minha Vida. “Quero ser prefeito de Belém, não um prefeito partidário. A gente tem uma postura política, não é porra-louquice”, diz o candidato. “Se o Jader Barbalho (senador do Pará alvo de uma série de denúncias), que gosta pouco de mim, conseguir 15 milhões de emenda para Belém, vou dizer: ‘essas emendas são oriundas de iniciativa do senador Jader Barbalho`, porque é uma questão da nossa cidade”.

Crescimento do Psol

O Psol tem a perspectiva de crescer neste ano. Além do bom resultado em Belém, o partido está conseguindo polarizar a eleição com o PMDB no Rio de Janeiro, onde Marcelo Freixo é o segundo colocado. Em Macapá e Fortaleza, os candidatos do partido aparecem em pesquisas com cerca de 10% dos votos. Mesmo sem chances de eleger o prefeito nessas cidades, é um resultado expressivo para um partido que até hoje só teve sucesso no Legislativo e chega agora a sua segunda eleição municipal.

“A eleição de 2008 foi muito difícil. As lideranças do Psol, entre eles vários deputados, foram obrigadas a assumir candidaturas à prefeitura. Tínhamos uma chapa de vereadores muito frágil, era um partido novo e com capilaridade pequena. Agora, vamos entrar no jogo para valer”, diz Valente. O presidente do partido acredita que o partido se beneficia de um “espaço a ser ocupado pela esquerda, um vazio frustrante deixado pelo PT”. “Nesses anos, acho que o Psol também conseguiu ser uma referência ética e de mudança social.”

O presidente do partido também acredita que, além das razões para o crescimento nacional as realidades específicas de cada um desses locais também ajudam o partido a penetrar nessas cidades. Valente diz ser mais difícil para o partido quebrar hegemonias em cidades como São Paulo, “berço do PSDB e do PT”.

1 comentários:

Anônimo disse...

É importante dizer que Edmilson só está com essa popularidade toda em função das duas administrações que fez em Belém quando ainda era do PT. Há muito petista votando em Edmilson pois sabe que a candidatura do partido não tem chance de ganhar essas eleições. Melhor Edmilson, mesmo renegando o partido que lhe deu condições de fazer boas administrações, do que o candidato do governador, do atual prefeito ou de Jáder.