quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Um acerto de Dilma e o “Custo Brasil”

Por Renato Rabelo, em seu blog:

Novamente o governo acerta e demonstra coerência com seu discurso de ampla resistência, a partir da pujança de nosso mercado interno, à crise financeira internacional. É neste sentido que deve-se enquadrar a rotina de queda da taxa de juros, dos pacotes indutores de consumo e a atual – e significativa – redução das tarifas de energia elétrica.

Na média trata-se de uma redução de 20%, sendo que para a esfera da produção é de 28%. Esta medida não se encerra em si. A pauta da competitividade de nossa indústria ganhou amplo espaço desde o momento em que os Estados Unidos imputaram ao mundo uma guerra cambial, de caráter quase selvagem. Pode-se discutir sobre a velocidade e o tempo com que as medidas de defesa de nossa indústria têm ocorrido. Mas o fato é que o governo tem reagido em concordância com uma correlação de forças objetiva.

Produtividade e competitividade, em economia, são como um binômio. Aí está o alcance estratégico da redução das tarifas de energia elétrica. Sem energia elétrica barata e acessível é impossível o aumento da produtividade do trabalho e de consumo do povo. Sem produtividade do trabalho não existe competitividade. E a produtividade do trabalho e a competitividade industrial somente são possíveis nos marcos do aumento da taxa de investimentos com relação ao PIB.

Neste sentido é bom demarcarmos fronteira com a essência reacionária de determinados discursos sobre o chamado “Custo Brasil”. Não são os encargos trabalhistas ou direitos sociais conquistados que travam o desenvolvimento de nosso país. Ao contrário, são esses direitos que mantém alguma capacidade de consumo. O problema é de outra natureza. É de aumentos dos investimentos via aumento de crédito e redução da carga fiscal sobre a produção. E é isso o que Dilma tem feito.

Economia em resistência, projeção de crescimento mais robusto para o próximo ano. O processo deve ser tomado em seu conjunto. No conjunto existem dois processos em marcha: o do enfrentamento gradual dos problemas que envolvem nossa economia, e o do acúmulo de forças político em torno de um claro discurso desenvolvimentista.

O epílogo desta luta ainda não está dado. A macroeconomia é determinante, logo, a taxa de juros precisa cair mais, o câmbio necessita caminhar a patamares mais coerentes com o nosso desenvolvimento e o fluxo de capitais externos precisa de algum controle. A racionalidade demanda compreender a complexidade de nosso país, onde as transformações são conseqüência de intensa luta política e que cada vez mais as transformações qualitativas dependem de ampla participação popular. É com este prisma que saúdo, mais uma vez, a disposição do governo com mais esta medida de caráter essencial. Desenvolvimento e energia elétrica são quase a mesma coisa. Acabou o tempo da vergonha nacional do "apagão".

3 comentários:

Anônimo disse...

Sim. Mas precisam aprender a falar do gás. E o gás? Quem usa gás? quanto custa? Qual o preço? Ond se encontra? Que tipo de industria?
Quem são os donos do gás?

Anônimo disse...

E as indústrias precisam parar com a choradeira e aprender a fazer coisas simples.

Eu uso escova de dentes sueca. E pago caro. Eu não gosto de carros,não gosto de eletrônicos, j´viajei o que quis, e uso escova sueca. Sabe por que? por que sabem fazer. colocam um montão de cerdas
macias e isso funciona.As outras todas, brasileiras e argentinas, são grossas, grosseiras, pontudas para machucar, e não limpam.

José da Mota disse...

É redução na conta de luz ou um imbróglio para continuarem as privatizações/concessões? Se o Governo reduzir a conta de luz e ao mesmo tempo em que não usar tal desconto para pagar a dívida de sete bilhões que tem com os consumidores e não renovar antecipadamente as privatizações, não será imbróglio. Mas se o governo pagar a dívida com o consumidor com dinheiro do tesouro alegando que é desconto, diminuir tarifas e renovar contratos de privatizações (da gestão do FHC) antecipadamente. Anunciando que esta lançando um pacotaço de desconto para fomentar o desenvolvimento no país, é imbróglio. O pior da história do Brasil.
Pois Dilma Roussef e o Ministro das Minas e Energias Edson Lobão anunciaram um pacote de descontos na tarifa de energia elétrica em média 20%, que variará de 16,2% nas tarifas domésticas e irá até 28% para as industrias, a partir de 2013. Tendo como garantido com os cortes dos encargos federais e repasse de verbas públicas, apenas 5,3%.

Sendo que, o Tribunal de contas da União vê cobrança indevida de R$ 7 bilhões na conta de luz nos últimos anos, dinheiro que o governo será obrigado a devolver por lei ao consumidor.
Repetindo, a pergunta que fica no ar é? O Governo esta dando um desconto ao consumidor ou esta pagando sua divida com ele? Este pacotaço é mais um imbróglio para a privatização/concessão (do governo FHC) antecipado, antes mesmo que se vençam os contratos das concessionárias atuais, ou é algo de bom para nação como reaver o seu patrimônio que um dia foi privatizado? Ou seja, o projeto de reaver o patrimônio do povo brasileiro para o povo brasileiro do PT e da esquerda brasileira foi jogado no lixo e voltamos às privatizações, mesmas de FHC? Talvez pior ainda, antecipadas.
Se a artimanha for político eleitoreira, no caso dos descontos, é feio, mas infelizmente faz parte do jogo. Agora, se for para a antecipação da renovação das privatizações mal feitas do setor energético da época do FHC. É uma história que nem o Amaury Ribeiro conseguiria escrever, pois vomitaria a cada linha rascunhada. E todas as nossas esperanças em um futuro melhor, reavendo as riquezas de nosso país para o nosso povo. Estariam perdidas.
Sendo otimista, isto foi uma armadilha que a Dilma e o Edson lobão caíram sem perceber. Com os noticiários e as verdades vindo à tona eles vão corrigir este equívoco. Porque até agora esta história esta muito mal contada.
Zé da Motta.