quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Bancos cobram tarifas proibidas

Ilustração: Marcio Baraldi
Por Altamiro Borges

Nos últimos dias, “analistas de mercado” ouvidos pela mídia rentista lamentaram a queda de lucratividade dos bancos privados. O mote da choradeira foi a redução da rentabilidade do Bradesco e do Itaú, segundo os seus balancetes. Alguns “calunistas” da TV Globo, que mais parecem assessores de imprensa dos agiotas financeiros, quase choram! Para eles, esta queda da margem de lucro coloca em perigo o sistema financeiro. De forma marota, eles culpam a redução da taxa básica de juros deflagrada pelo Banco Central.

A lamúria dos banqueiros e de seus porta-vozes não se sustenta. O sistema financeiro brasileiro é um dos mais rentáveis do mundo. Os governos Lula e Dilma não adotaram qualquer medida mais estrutural contra a agiotagem no país. A queda da taxa básica de juros, a Selic, foi uma imposição da grave crise capitalista mundial e apenas triscou o lucro dos bancos. No primeiro trimestre deste ano, o “coitadinho” do Bradesco lucrou R$ 2,862 bilhões; já o “pobrezinho” do Itaú abocanhou R$ 3,371 bilhões. Que dó!

Expedientes criminosos

Na prática, os banqueiros têm compensado a tímida queda de rentabilidade causada pela redução da Selic com outros expedientes – a maioria deles criminosos. Segundo estudos da Secretaria de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, as instituições financeiras estão criando novas tarifas e achando brechas nas normas legais para cobrar por serviços não contratados pelos clientes. O roubo é tão descarado que o número de reclamações contra os bancos neste ano já somam o equivalente aos dos dois anos anteriores juntos.

A cobrança irregular de serviços já ocupa a liderança no ranking de reclamações do Banco Central. No ano passado, as queixas mais do que triplicaram. Para a economista Ione Amorim, do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), os bancos usam os pacotes de serviços “para validar a cobrança de outras tarifas e driblar as normas”. Os principais problemas ocorrem nos chamados serviços diferenciados, que incluem desde aluguel de cofres a envio de mensagens automáticas e administração de fundos de investimento.

A mídia rentista protege os agiotas

O “coitadinho” do Bradesco, por exemplo, passou a cobrar dos clientes, em julho deste ano, pela visualização da imagem dos cheques emitidos nas consultas pela internet. A tarifa de R$ 2 é classificada pelo banco como “serviço diferenciado”. Para Sérgio Odilon, chefe do Departamento de Normas do Banco Central, a cobrança é irregular. Ele orienta os clientes a denunciar sempre que identificarem que algum custo foge a regra e destaca que, mesmo nos pacotes, o cliente precisa ser previamente informado sobre novas cobranças.

A mídia rentista, com seus “especialistas de mercado”, bem que poderia alertar a sociedade sobre este e outros crimes dos banqueiros. No caso das emissoras de rádio e tevê, que exploram concessões públicas, elas teriam a obrigação da prestar este serviço à população. Ou será que algum “calunista” da mídia também está ganhando uns “trocados” com a agiotagem financeira que impera no Brasil?

4 comentários:

Ana Cruzzeli disse...

Quem está acostumado a ganhar 200% de lucro chora quando cai para 199% coisa normal entre os escravagistas, só que é bom tomar cuidado, quem muito chora por pouca coisa é por que tem muito a esconder. Isso aguça a curiosidade daqueles que vem os banqueiros com maus olhos. Mas a redução de lucro tem uma explicação. Enquanto o BB e a Caixa reduziam seus juros esses aí ficaram quietos achando que seus clientes seriam fieis, parece que a fidelidade tem preço.
Quando a colocar em risco o sistema financeiro? Se o Itaú e Bradesco derem xabú, basta estatizar,simples assim. Acho que o povo que já está cansado de ser feito de bobo não irá reclamar.

Agora sim as pessoas estão vendo que mexer nesse vespeiro que se chama SISTEMA FINANCEIRO tinha que ser devagar. A população é que tinha que notar o quanto eles são sanguessugas. Agora isso está claro como a agua que nasce dos picos nevados.
Como o BB e a Caixa não precisam fazer contravenção para manter a contabilidade em dia já pelo que a matéria diz o Bradesco e Itaú não conseguem. Volto a dizer: É melhor não aguçar a curiosidade não.

Fernando Franco disse...

Miro, é bom lembrar que as propagandas mais bacanas da TV aberta que mostram crianças correndo, soltando pipas, família feliz, jovens sorrindo são de instituições bancárias que falam que o banco foi feito para você. São longas, exibidas em horário nobre e devem engordar muito o orçamento das organizações midiáticas. Logo, o exército de jornalistas, comentaristas e analistas devem se entrincheirar para proteger a imagem e os lucros gordos dessa classe de 1% que manda nos restantes 99%.

Anônimo disse...

Acho que essa gente ganha uns trocos para escrever isso. E acho também que não declara à Receita Federal.

Anônimo disse...

Prezado Altamiro Borges
O que os bancos fazem é bizarro. Captar dinheiro a juros baixos na poupança e emprestar a juros estratosféricos no cheque especial. E não há concorrência como alguns pensam. São alguns poucos que dividem o mercado entre si. Mesmo que lucro fosse muito menor não teriam motivos para chorar. Porque o lucro é garantido. Não podemos pensar que a atividade bancária, tal como está posta, é "normal" numa sociedade evoluída.