quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Marina, Heloísa e quem mais?

Por Altamiro Borges

Marina Silva, a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente que obteve quase 20 milhões de votos nas eleições presidenciais de 2010, apresentou ontem as bases programáticas do novo partido que ela pretende fundar em breve. O evento ocorreu na capital paulista e reuniu, segundo os organizadores, cerca de 350 pessoas. De forma bastante genérica, ela afirmou que a sigla representará “uma nova cultura política, com novos ideais”. A ex-filiada do PT e do PV também defendeu “novas estruturas partidárias”.

Afora a retórica do “novo”, Marina Silva também reforçou as suas teses ambientalistas e criticou o PT. “Infelizmente, ele não foi capaz de se reelaborar para construir a utopia do século XXI”, afirmou. Segundo registro do jornal Valor, uma faixa exposta no local do evento tinha os seguintes dizeres: “Ética não rima com mensalão” – numa crítica aos líderes petistas condenados no midiático julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF). O evento teve apenas uma fala destoante, ainda segundo o jornal.

“Impossibilitado de discursar pelo tempo apertado, um dos presentes reclamou que sempre são os mesmos que falam – em referência aos assessores de Marina e pessoas próximas ao movimento, como o vereador de São Paulo Ricardo Young (PPS), o candidato à vice-presidente em 2010 Guilherme Leal, presidente da empresa de cosméticos Natura, e o deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP). ‘Talvez eu tenha protagonizado algo que mostra que esse partido não é assim tão diferente’, afirmou o insatisfeito”.

De fato, o “Movimento por uma Nova Política”, que surgiu em 2011 quando Marina Silva saiu do PV e que organizou o evento de ontem, até agora não convenceu. Ele reúne ativistas das lutas sociais – principalmente ambientalistas –, mas também figuras carimbadas. Entre eles, um dos principais expoentes do tucanato em São Paulo, Walter Feldman, ex-secretário de Gilberto Kassab. Sua adesão até gerou boatos de que José Serra também ingressaria na nova sigla, mas Marina Silva faz questão de afirmar que rejeita esta hipótese.

Outra liderança que deverá ter influência na nova legenda é a ex-senadora Heloísa Helena, uma das mais agressivas opositoras de Lula. Em sua página no facebook, ela já anunciou que sairá do PSOL. “Estarei à disposição da nossa querida Marina para a tarefa hercúlea de consolidação da nova estrutura partidária... Devo lembrar que estive entre os que souberam acolher no PSOL até os que conspiraram duramente contra a sua construção, portanto jamais poderia deixar de ajudar a quem sempre agiu conosco de forma leal”.

O vereador Ricardo Young, do PPS paulista, que até entabulou conversas de Roberto Freire com Marina Silva, também deverá ter papel de projeção. Assim como o empresário Guilherme Leal, que foi vice na chapa verde em 2010. Na semana passada, porém, a Natura foi acusada por sonegar R$ 628 milhões em impostos. A Receita Federal inclusive entrou com dois autos de infração contra a empresa do badalado ambientalista. Outros nomes também são cogitados, como dos senadores Eduardo Suplicy (PT), Randolfe Rodrigues (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT)..

4 comentários:

Paulo Vagner Veloso disse...

Marina Silva tem crédito e 20 milhões de simpatizantes. Seu partido poderá ser o PSD da esquerda. Acredito que trará boas novidades ao cenário, o que tenta contrariar a postagem. Dependerá da liderança de Marina, coisa que ela tem de sobra !!

RLocatelli Digital disse...

Esse partido juntará todas as tralhas que o PIG usou e cuspiu fora.

Ewerardo Tabatinga, Belo Horizonte,MG disse...

Foram 20 milhões contra o Partido dos Trabalhadores. Gente que, por preconceito, não vota no PT nem a pau. Até o discurso que usam os ex-petistas é o mesmo da Mídia tucana. Apenas repetem como papagaios. Há ainda os derrotados, que querem se segurar em qualquer tábua que desça na enxurrada, para a sua salvação. Não há outra exoplicação.

Anônimo disse...

Marina pode até ter "liderança de sobra". Mas, não tem projeto. É uma espécie de Tiririca de saias.