domingo, 5 de maio de 2013

Traços da situação internacional

Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência:

A vida tem confirmado as opiniões dos comunistas sobre o desenvolvimento da situação internacional. O PCdoB tem feito muitas advertências quanto ao rumo perigoso que tomam os acontecimentos internacionais, resultantes das políticas agressivas das potências imperialistas, em primeiro lugar o imperialismo estadunidense, que põem em risco a paz mundial, a segurança internacional e violam os direitos dos povos e nações.
A situação internacional é fortemente condicionada pelo quadro de crise sistêmica, estrutural, multidimensional do capitalismo. Na base de muitas crises políticas está a falência das políticas supostamente saneadoras da economia e das finanças levadas a efeito por governos conservadores e mesmo por governos que, proclamando-se como de “centro-esquerda”, puseram em prática as orientações da oligarquia monopolista-financeira internacional. Estas medidas constituem em sua essência um sistemático ataque aos direitos econômicos e sociais dos trabalhadores e dos povos, bem como à soberania dos países pouco ou medianamente desenvolvidos. Foi acertada a assertiva do nosso Partido em congressos anteriores de que, no quadro de uma crise que se estende há muitos anos e se agrava, acentuando os traços de decadência do capitalismo e do declínio histórico relativo do imperialismo estadunidense, abre-se toda uma época histórica de crise da própria civilização – traduzida pela liquidação de conquistas históricas da humanidade. O capitalismo não é capaz de assegurar desenvolvimento econômico e social, democracia, paz, justiça e sustentabilidade ambiental.

A época atual se caracteriza pela manifestação de dilacerantes crises, explosivas contradições, instabilidade e acidentadas transições nos aspectos econômico e geopolítico, o que está na raiz de conflitos nacionais, lutas populares e de classes.

O mundo vive uma situação alarmante, grave e perigosa. Está em jogo uma nova divisão do mundo, o saque das riquezas nacionais, a ocupação de territórios, a implantação de uma ordem imperial que além de ter globalizado a economia e padronizado os comportamentos, pretende uniformizar os regimes políticos, a vida cultural, a ideologia burguesa como pensamento único. Esta é a síntese da luta que fazem os Estados Unidos para impor a hegemonia absoluta no mundo.

Malgrado a retirada das tropas estadunidenses e da Otan do Iraque e a anunciada retirada para o próximo ano do Afeganistão – e a despeito da mudança de retórica da Casa Branca quando se compara com o precedente período dos dois mandatos de George W. Bush – a humanidade continua vendo-se a braços com uma feroz luta do imperialismo estadunidense para impor seu ditame no mundo, o que faz crescer o intervencionismo, as ameaças e as agressões ao redor de todo o globo.

Com a eleição do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em novembro de 2008, a humanidade foi envolvida pela ilusão em uma mudança de rumos na situação internacional, que se traduziria na abertura de uma nova era de paz, convivência democrática entre as nações, segurança, respeito ao direito internacional, vigência dos direitos humanos e restauração do multilateralismo sob a égide de uma Organização das Nações Unidas reformada e proativa na solução pacífica dos conflitos.

Pelo contrário, desencadeou-se uma brutal ofensiva dos potentados internacionais e das classes dominantes retrógradas contra as liberdades e os direitos fundamentais, a soberania e a autodeterminação dos povos e nações. Sob esta ofensiva, nem mesmo o direito internacional e as próprias instituições criadas para assegurar o exercício de relações internacionais equilibradas e baseadas no multilateralismo e em normas consensuais, subsistem como tais, pois acabaram sendo instrumentalizadas pelos interesses unilaterais de potências hegemônicas que exercem seu domínio por meio de políticas de força. A Organização das Nações Unidas, para citar a mais importante, criada para promover a coexistência pacífica entre nações soberanas, assegurar o equilíbrio no mundo, garantir a aplicação das normas do Direito Internacional, dirimir os conflitos internacionais e promover a paz mundial, atua sob pressão das potências imperialistas que cada vez mais impõem o seu ditame no mundo pela força. Frequentemente, essas potências instrumentalizam a organização internacional, principalmente o seu Conselho de Segurança, para legitimar intervenções militares que se afiguram como verdadeiras agressões aos povos e nações soberanas. E quando o fazem, ignoram a própria Assembleia Geral e o Direito Internacional.

A política hegemonista do imperialismo estadunidense – que tem imposto aos povos sofrimentos inauditos em seu afã de se apropriar e controlar os recursos naturais dos povos e nações – faz prevalecer os interesses da superpotência através de uma ofensiva brutal e da força das armas. Esta política destrói países, devasta nações antes prósperas, derruba governos legítimos, assassina presidentes eleitos, substitui o diálogo pela linguagem dos drones, dos mísseis, das bases militares, das armas de destruição em massa, implantando o terror com a finalidade de garantir seus desígnios de domínio e saque. Esta política é a principal ameaça à paz e é o principal fator da instabilidade, dos desequilíbrios e das crises políticas, diplomáticas e militares no mundo.

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