sexta-feira, 21 de junho de 2013

As agressões na Avenida Paulista

Marcelo Camargo/ABr
Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

Os militantes de partidos de esquerda que foram à avenida Paulista nesta quarta-feira — e se identificaram com suas bandeiras — foram seguidos continuamente por um grupo considerável de manifestantes aos gritos de “sem partido”. Houve empurra-empurra, troca de insultos, agressões físicas e a tomada de bandeiras vermelhas, que eram em seguida queimadas. Isso aconteceu até mesmo com bandeiras do PSTU, cujos militantes gritavam palavras de ordem contra o governo Dilma durante a passeata.

Desta feita o formato da celebração organizada pelo Movimento Passe Livre foi distinto. Os integrantes do MPL vieram na frente, seguidos dentro do mesmo cordão de isolamento por gente do PSTU, PCO, PCdoB e PSOL (não necessariamente nesta ordem). O último grupo misturava militantes dos movimentos sociais — como UNE e MST — a petistas com meia dúzia de bandeiras do partido. Um cordão de isolamento fechava a passeata e ficou todo o trajeto exposto a xingamentos e tentativas de agressão.

Quem atacava era um grupo razoavelmente organizado. Tentativas de identificá-los foram inúteis. Todos se diziam apenas “apartidários”. Além de “fora PT, leva a Dilma com você”, gritavam também “o povo, unido, não precisa de partido”. Houve vários bate-bocas ao longo do trajeto. Em resposta aos gritos de “sem partido”, militantes de esquerda gritavam “sem censura, acabou a ditadura”. A tensão na manifestação durou enquanto os vermelhos desfilavam com suas faixas, bandeiras e cartazes (os do PSOL, amarelos).

O risco de violência física fez com que boa parte deles se dispersasse bem antes de atingir o prédio da TV Gazeta — partiram da esquina da Paulista com a Consolação.

Outra vez a manifestação teve de tudo: protestos contra a Copa, a PEC 37 e o deputado Feliciano. Jovens de classe média eram majoritários. Havia skatistas, punks e estudantes de ensino médio, misturados a anarquistas e gente que aparentava ser neonazista. Notei várias pessoas que pareciam policiais à paisana. A Polícia Militar acompanhou desarmada, à distância.

Os únicos militantes que levaram faixas contra o governador tucano Geraldo Alckmin, que desatou a repressão sem precedentes contra o Movimento Passe Livre, estavam dentro da passeata de esquerda.

A certa altura, duas passeatas corriam paralelas: numa pista, os militantes de esquerda; na outra, os de direita, que se agacharam e começaram a gritar “fica em pé turma da corrupção”, ou algo assim.

Testemunhei várias situações em que militantes de esquerda argumentavam e discutiam com os de direita, sem agressões. Os primeiros eram acusados de “oportunismo”. Respondiam gritando “fascismo”, relembrando que Mussolini também governou sem partidos.

Todos os militantes de esquerda com os quais conversei se mostravam preocupados. Um deles, chorava.

Aparentemente, no vácuo da desorganização da militância que se deu paulatinamente depois da chegada do PT ao poder, a direita brasileira construiu um quadro razoável de ativistas organizados. Hoje eles carregavam cartazes: “Dilma vaca”, dizia um; “Goleiro Bruno, fica com a Dilma e deixa o resto com o Macarrão”, dizia outro.

Igor Fellipe, integrante do MST, acompanhou tudo de perto: “O grupo que agrediu o bloco de movimentos sociais, organizações políticas, movimento estudantil, sindicalistas e os partidos era de encapuzados, muitos bombados, parte deles deve ter sido paga e outra parte caiu nessa onda conservadora de agredir”.

“O mais assustador é que a violência começou com foco no PT, mas quando a militância petista se dispersou entre os outros partidos, as agressões se voltaram contra toda a esquerda, do PSTU ao PSOL, do PCdoB ao PCO”, continua.

“Ou seja, é um sentimento antidemocrático contra qualquer organização política”, diz Igor. “O que foi impressionante é que todos fomos agredidos juntos. A esquerda se uniu sob o cacete da direita”, continuou.

O nível de agressividade contra o PT em particular e as bandeiras vermelhas em geral era organizado. “Foi orquestrado para fazer com que essa nova classe média se revolte contra os partidos”, concluiu Igor.

Tirando esta polarização mais aguda e localizada, a manifestação foi bastante tranquila e com muitos pedidos de “sem violência”, assim que se armava alguma confusão.

Porém, a repulsa aos partidos teve cenas preocupantes. Várias bandeiras e faixas vermelhas foram “capturadas” por incursões no meio da passeata de militantes de esquerda. Numa delas deu para ver claramente a estrela do PT. Em seguida, eram queimadas diante de fotógrafos e cinegrafistas. Assisti a algumas incursões, de longe. Depois de uma delas, no meio da confusão, notei que meia dúzia de militantes levantou seguidamente o braço direito e gritou três vezes “sieg heil”.

8 comentários:

Márcia disse...

Triste para um país que conseguiu eleger governos populares e democráticos nos últimos anos.Porém, era de se esperar, pois há muito temos observado o crescimento de idéias reacionárias, antidemocráticas e conservadoras na juventude que se expressa por meio das redes sociais e é ideologizada pela mídia.É um novo(e velho)aspecto da luta de classes que teremos que enfrentar.

Re Kesselring Silva disse...

preocupante!

Henrique Hettwer disse...

Bagunçou Geral
A UMES não convocou nem compareceu às manifestações de protesto ocorridas na última quinta-feira (20/06), em várias cidades do Brasil, inclusive São Paulo.
Participamos das manifestações contra o aumento do preço das passagens, sustentamos essa bandeira na reunião do Conselho Social da cidade. Mas não víamos razão de realizar uma manifestação “para comemorar a vitória obtida na luta pela redução da tarifa” - pois foi assim que a manifestação foi convocada.
Estávamos desconfiados de que, fortemente insufladas pela mídia empenhada em levar a população a protestar furiosamente contra qualquer coisa, essas manifestações não seriam para comemorar a conquista. Pelo contrário, seriam para tentar botar fogo no país.
Nossa desconfiança se confirmou.
As manifestações foram utilizadas para tentativas de invasão das sedes de diversas prefeituras e governos estaduais, do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto, a depredação do Palácio do Itamaraty – sede do Ministério das Relações Exteriores -, das sedes dos ministérios da Saúde, Agricultura e Meio-Ambiente e da Catedral de Brasília, pixada com “666” – o número da besta. Foram utilizadas também para promover saques contra o comércio. E, finalmente, para agredir e humilhar militantes de esquerda que a elas compareceram, acreditando que o objetivo para o qual haviam sido convocadas era verdadeiro.
Seria ingenuidade acreditar que esses atos de violência e intimidação, ocorreram à revelia dos organizadores e seus patrocinadores na mídia ou em resposta à repressão policial desmedida. Eles seguem um padrão. Nas franjas da manifestação “pacífica”, vêm os mascarados barbarizando. Os organizadores deixam que aconteça. No dia seguinte, com indisfarçável hipocrisia, lamentam os excessos. E na próxima manifestação tudo volta a se repetir.
A mistura de reivindicações por mudanças vagas e mesmo delirantes, ódio aos partidos políticos – isto é, à democracia - e violência nas ruas, estampada nesta quinta-feira, visa sitiar o governo da presidente Dilma, empurrá-lo para a direita e, no limite, derrubá-lo.
A UMES não aceita esse retrocesso. O que queremos do governo Dilma é que ele retome e aprofunde o caminho seguido pelo governo Lula, que os sem-voto detestam mais do que tudo.
A UMES não aceita o papel de bucha de canhão dos interesses antinacionais e antidemocráticos e alerta os estudantes secundaristas de São Paulo a não se deixarem enganar por esse jogo golpista.
A nossa luta é para que o Brasil continue mudando para melhor. Para pior, nunca!


Rodrigo Lucas Paulo
Presidente da UMES

21 de junho de 2013

Anônimo disse...


*MORADOR DA CIDADE DE SÃO PAULO RELATA MOMENTOS TERRÍVEIS SOB A ÉGIDE DA SELVAGERIA E DO FASCISMO!
LÁ VEM O MATUTO QUE SENTE CHEIRO DE GOLPE DESDE O DIA EM QUE NASCEU EM **PINDORAMA!

**Significado de Pindorama:
Etimologicamente, quer dizer, em tupi-guarani, terra de papagaios. Designação dada ao Brasil pelas gentes andoperuanas e indopampianas. O jornalista e escritor Elio Gaspari, em seus artigos, usa muito este nome quando quer, de forma irônica, se referir ao Brasil.

Prezado *XAD, são esses os mesmos bárbaros que empunham cartazes com a frase hipócrita: ‘SEM VIOLÊNCIA!’ São os mesmos e as mesmas “cheirosos(as)” e ‘cansado(as)’ frustrados, entre outras coisas, porque o ‘Joaquinzão Coitado do Ruy Barbosa’, o prevaricador Robert(o) Gurgel e o Gilmar Dantas não entregaram o pacote completo: a farsa do MENTIRÃO não permitiu que José Dirceu e José Genoino fossem esganados vivos em praça pública – com direito à filmagem com o celular do Gerson Camaroti, para deleite do MERDAL, da simpática Renata Lo Prete, da Cristiana Lôbo [de Raiva], dos a$$a$$ino$ de reputações a $oldo dos Civitas…

… Quando a sociedade perceber o que está, verdadeiramente, em jogo a palhaçada golpista/terrorista/antinacionalista acabará por efeito da gravidade!…

Felicidades!

Hasta la Victoria Siempre! Mesmo porque a luta contra o fascismo é eterna!...

BRASIL (QUASE-)NAÇÃO (depende de nós enquanto ações e reações!]
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

Anônimo disse...


ATENÇÃO, BRASIL DE VERDADE!

Duas receitas infalíveis para derrubar o golpe em curso:

# avisar ‘a rapaziada protestante militante’ que ‘os peixes’ lá da ‘Gaviões da Fiel’ foram avisados de que a próxima pauta dos revoltosos é embargar a construção da [suntuosa!] Arena do Itaquerão;
# o molho para temperar o prato (sic): informar que o escroto deputado (In)Feliciano “vai aprovar a Lei” que acaba com todos os times de futebol do Brasil, do Corinthians ao glorioso Ibis de Pernambuco, passando pelo Flamengo e, óbvio, seleção brasileira! Segundo o autor da Lei, o dinheiro economizado será revertido para as obras assistências dele &$ e dos congêneres Silas ‘MalaFALSA’ e Daniel Dantas!…

E VAPT VUPT! E vamos economizar balas de borracha – e spray de pimenta, para dar um sabor melhor ainda de vitória!…

BRASIL (QUASE-)NAÇÃO (depende de nós enquanto ações e reações!]
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

Anônimo disse...


PARA OS JOVENS E AS JOVENS “PROTESTANTES”! COM CARINHO!

SEN-SA-CI.O-NAL! SENSACIONAL! DIDATISMO PURO E LAPIDAR! Aproveitem a genialidade!…

http://mariafro.com/2013/06/21/diego-quinteiro-e-pc-siqueira-explicam-o-que-e-esquerda-e-direita-para-o-gigante-que-acordou/comment-page-1/#comment-61650

ou aqui:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=UiVDtWb7K48

Respeitosa e humildemente,

Saudações democráticas, progressistas, civilizatórias e nacionalistas,

BRASIL NAÇÃO [depende de nós enquanto ações e reações!]
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo


Parabéns para o Diego e o PC! Pela coragem, lucidez, inteligência, discernimento e capacidade intelectual e pedagógica! E obrigado a vocês: por fazer um cinquentão acreditar, ainda, na nossa juventude! Portanto, acreditar no futuro do que poderá ser uma das maiores nações do mundo: o Brasil - grafado com 's' e "pintado" pelas mãos dos honestos e honestas trabalhadores(as) brasileiros(as)!

Hasta la Victoria Siempre! Mesmo porque a luta contra o fascismo é eterna!...

República de 'Nois' Bananas
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

Ignez disse...

O MPL desde o início foi instrumentalizado pela mídia golpista. A classe média - sempre conservadora - mobilizou-se pela internet. O mais aterrorizante é saber que uma espécie de consenso generalizado de que é preciso derrubar o governo do PT - dar um golpe - é simples efeito do constante martelar da mídia oligopolizada de que o país está uma merda. Toda mentira dita com constância vira verdade. O povo não ACORDOU. Se DOPOU com os gazes fétidos da corrente midiática fascista. Dopados, são conduzidos, obedecendo ao "Dono da VOZ", e repetem como papagaios a "Voz do DONO".

Re Kesselring Silva disse...

Achei a de hoje (contra PEC 37) bem preocupante também.