sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A conta tucana de R$ 64 mi na Suíça


Por Altamiro Borges

No livro "A privataria tucana", o premiado jornalista Amaury Ribeiro Jr. demonstra, com farta documentação, que os tucanos são craques em utilizar contas bancárias nos exterior, principalmente em paraísos fiscais. José Serra, sua filha, seu ex-genro, entre outros, são listados no best-seller, que já vendeu mais de 130 mil exemplares. A revista IstoÉ desta semana confirma a sua tese. Ela revela que o PSDB mantém uma conta de R$ 64 milhões na Suíça. Quando a publicação iniciou sua série sobre o propinoduto tucano, o restante da mídia fez silêncio. A pressão das ruas e das redes, porém, obrigou-a a tratar do tema, rompendo a blindagem. E agora, como a imprensa tucana tratará o novo escândalo? Confira abaixo a íntegra da reportagem de Claudio Dantas Sequeira e Pedro Marcondes de Moura:

A conta secreta do propinoduto

Na edição da semana passada, IstoÉ revelou quem eram as autoridades e os servidores públicos que participaram do esquema de cartel do Metrô em São Paulo, distribuíram a propina e desviaram recursos para campanhas tucanas, como operavam e quais eram suas relações com os políticos do PSDB paulista.

Agora, com base numa pilha de documentos que o Ministério da Justiça recebeu das autoridades suíças com informações financeiras e quebras de sigilo bancário, já é possível saber detalhes do que os investigadores avaliam ser uma das principais contas usadas para abastecer o propinoduto tucano. De acordo com a documentação obtida com exclusividade por IstoÉ, a até agora desconhecida “conta Marília”, aberta no Multi Commercial Bank, hoje Leumi Private Bank AG, sob o número 18.626, movimentou apenas entre 1998 e 2002 mais de 20 milhões de euros, o equivalente a R$ 64 milhões. O dinheiro é originário de um complexo circuito financeiro que envolve offshores, gestores de investimento e lobistas.

Uma análise preliminar da movimentação da “conta Marília” indica que Alstom e Siemens partilharam do mesmo esquema de suborno para conseguir contratos bilionários com sucessivos governos tucanos em São Paulo. Segundo fontes do Ministério Público, entre os beneficiários do dinheiro da conta secreta está Robson Marinho, o conselheiro do Tribunal de Contas que foi homem da estrita confiança e coordenador de campanha do ex-governador tucano Mário Covas. Da “Marília” também saíram recursos para contas das empresas de Arthur Teixeira e José Geraldo Villas Boas, lobistas que serviam de intermediários para a propina paga aos tucanos pelas multinacionais francesa e alemã.

O lobista Arthur Teixeira personifica o elo entre os esquemas Alstom e Siemens. Como IstoÉ já revelou numa série de reportagens recentes, com base nas investigações em curso, Teixeira e seu irmão Sérgio (já falecido) foram responsáveis por abrir as empresas Procint e Constech, além das offshores Leraway Consulting e Gantown Consulting, no Uruguai, com o único objetivo de servir de ponte ao pagamento de comissões a servidores públicos e a políticos do PSDB. Teixeira tinha acesso privilegiado ao secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, e ao diretor de Operação e Manutenção da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), José Luiz Lavorente, o encarregado da distribuição em mãos da propina.

Até 2003 conhecido como Multi Commercial Bank, depois Safdié e, a partir de 2012, Leumi Private Bank AG, a instituição bancária tem um histórico de parcerias com governos tucanos. Em investigações anteriores, o MP já havia descoberto uma outra conta bancária nesse banco em nome de Villas Boas e de Jorge Fagali Neto, ex-secretário de Transportes Metropolitanos de SP (1994, gestão de Luiz Antônio Fleury Filho) e ex-diretor dos Correios (1997) e de projetos de ensino superior do Ministério da Educação (2000 a 2003) na gestão Fernando Henrique Cardoso. Apesar de estar fora da administração paulista numa das épocas do pagamento de propina, Fagali manteria, segundo a Polícia Federal, ascendência e contatos no governo paulista. Por isso, foi indiciado pela PF sob acusação de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Fagali Neto também é irmão de José Jorge Fagali, que presidiu o Metrô na gestão de José Serra. José Jorge é acusado pelo MP e pelo Tribunal de Contas Estadual de fraudar licitações e assinar contratos superfaturados à frente do Metrô.

Para os investigadores, a “conta Marília” funcionaria como uma espécie de “conta master”, usada para gerenciar recursos de outras que, por sua vez, abasteceram empresas e fundações de fachada, como Hexagon Technical Company, Woler Consultants, Andros Management, Janus, Taltos, Splendore Associados, além da já conhecida MCA Uruguay e das fundações Lenobrig, Nilton e Andros. O MP chegou a pedir, sem sucesso, às autoridades suíças e francesas o arresto de bens e o bloqueio das contas das pessoas físicas e jurídicas citadas. Os pedidos de bloqueio foram reiterados pelo DRCI, mas não foram atendidos. Os investigados recorreram ao STJ para evitar ações similares no Brasil.

O MP já havia revelado a existência das contas Orange (Laranja) Internacional, operada pelo MTB Bank de Nova York, e Kisser (Beijoqueiro) Investment, no banco Audi de Luxemburgo. Ou seja, “Marília” é mais um nome próprio no dicionário da corrupção tucana. Sabe-se ainda que o cartel operado pelas empresas Siemens e Alstom, em companhia de empreiteiras e consultorias, usava e-mails cifrados (leia quadro).

Os novos dados obtidos pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça dão combustível para o aprofundamento das investigações no Brasil. Além do processo administrativo aberto pelo Cade sobre denúncia de formação de cartel nas licitações de São Paulo e do Distrito Federal, outras duas ações sigilosas, uma na 6ª Vara Federal Criminal e outra na 13ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, apuram crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e improbidade administrativa. Além de altos funcionários do Metrô, como os já citados Lavorente e Fagali, as investigações apuram a participação do ex-secretário de Energia e vereador Andrea Matarazzo, em razão de contratos celebrados entre a Companhia de Energia de São Paulo (CESPE) e a Empresa Paulista de Transmissão de Energia Elétrica S.A. (EPTE).

Na documentação encaminhada pelo DRCI ao MP de São Paulo, a pedido do promotor Silvio Marques, também constam novos dados bancários de vários executivos franceses, alemães e brasileiros que tiveram algum tipo de participação no esquema de propinas. São eles os franceses Michel Louis Mignot, Yves Barbier de La Serre, André Raymond Louis Botto, Patrick Ernest Morancy, Jean Pierre Antoine Courtadon e Jean Marcel Jackie Lannelongue e os brasileiros José Amaro Pinto Ramos, Sabino Indelicato e Luci Lopes Indelicato, além do alemão Oskar Holenwger, que operou em toda a América Latina. Na Venezuela, Holenwger é citado junto a Mignot, La Serre, Morancy e Botto em investigação sobre lavagem de dinheiro, apropriação indébita qualificada, falsificação de documentos e suposta corrupção de funcionários públicos do setor de energia.

O apoio das autoridades de França e Suíça às investigações brasileiras não tem sido tão fácil, e a cooperação é mais recente do que se pensava. O Ministério da Justiça chegou a pedir o compartilhamento de informações ainda em 2008 – auge da investigação da Siemens e da Alstom. Mas não foi atendido. Os franceses lembraram que, nos termos do acordo bilateral, a cooperação só pode se desenrolar por via judicial. Dessa forma, foi necessário notificar o Ministério Público Federal para que oficiasse junto à 6ª Vara Criminal Federal e à 13ª Vara da Fazenda Pública. O compartilhamento só foi efetivado em dezembro de 2010.

A Suíça, ainda em março de 2010, solicitou a cooperação brasileira na apuração das denúncias lá, uma vez que parte do dinheiro envolvido nas transações criminosas teria sido depositada em bancos suíços. Os primeiros dados, relativos à empresa MCA e ao Banco Audi de Luxemburgo, chegaram ao Brasil em julho de 2011. Foram solicitadas ainda oitivas com determinadas testemunhas, o que foi encaminhado ao MPF em São Paulo e à Procuradoria Geral da República (PGR). 

Paralelamente, a Polícia Federal abriu o inquérito nº 0006881-06.2010.403.6181, mas só no último dia 25 de julho o procurador suíço enviou às autoridades os dados bancários solicitados, por meio de uma decisão denominada “conclusive decrees”, proferida em 14 e 24 de junho. Foi com base nisso que a Suíça já bloqueou cerca de 7,5 milhões de euros que estavam na conta conjunta de Fagali e Villas Boas, no Safdié. Tratou-se de uma decisão unilateral suíça e a cifra não é oficial – foi fornecida ao Ministério da Justiça por fonte informal. A Suíça só permite o uso dos dados enviados em procedimentos criminais.

10 comentários:

Anônimo disse...


... Para as futuras campanhas do PSDB, com carinho!...

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REVISTA ISTOÉ REVELA CONTA DE R$ 64 MILHÕES DO PSDB NA SUÍÇA

Ela se chama "Marília" e foi aberta no Leumi Private Bank, em Genebra; por ela transitaram cerca de R$ 64 milhões das propinas que azeitaram os negócios da Siemens e da Alstom no Brasil; a conta foi também movimentada por homens da cozinha dos governos de Mario Covas, em São Paulo, e até do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; documentos já estão em poder do Ministério da Justiça e parte dos recursos foi bloqueada por autoridades suíças; e agora: será que tucanos serão denunciados pelo Ministério Público?

23 DE AGOSTO DE 2013 ÀS 21:41

Anônimo disse...

Começa o desmonte da casa do pássaro.

Anônimo disse...


... Mário Covas não morreu!...

República de 'Nois' Bananas
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

Anônimo disse...


“… O que a matéria investigativa e documental publicada pela revista IstoÉ revela são, apenas, dados ‘tênues’! [Portanto] Não há nenhum plausível(!) ‘domínio do fato’ que mereça uma mísera publicização e/ou análise judicial!…”
Trecho do discurso a ser proferido – em uníssono – pelo conluio PIG/MP do ex(!) Robert(o) Gurgel/cardeais tucanos/*”supremos do supremoTF”!…
*à exceção do egrégio, catedrático e intrépido doutor Ricardo Lewandovski
E que país é esse? “É o ‘brazil’ radicalmente (sic) mudado por um menino paupérrimo – e muito humilde (idem sic) – chamado Joaquim!” Coitado do Ruy Barbosa!…
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

Anônimo disse...


… Todo mundo é santo até prova em contrário!… E santa: não é não, Marina Silva da “Rede” [consórcio!] Itaú/Boticário?!…

… E haja blindagem do PIG! Não é não, ‘Joaquim Coitado do Ruy Barbosa’?! Não é não, Robert(o) Gurgel e o seu pijama de bolinhas da aposentadoria no limbo da insignificância?!… E o Fux “continua matando no peito”!…

E que país é esse? “É o ‘brazil’ radicalmente (sic) mudado por um menino paupérrimo – e muito humilde (idem sic) – chamado Joaquim!” Coitado do Ruy Barbosa!…

Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

Anônimo disse...


A "carniça" da 'veja' da MARGINAL é rápida no gatilho! ENTENDA o antídoto!

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Deputado do PT oferece "honorários" a conselheiro da Anatel para atuar a favor da Oi

Autor da proposta indecente, Vicente Cândido é considerado "petista orgânico" e tem, entre seus amigos, sócios da empresa de telefonia, que tem interesse em resolver a situação de multas superiores a 10 bilhões de reais
(...)

Edição 2336
28 de agosto de 2013

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E, aí, o deputado do PT irá processar o folhetim?!...

(... Quem "vazou" a reportagem da IstoÉ para a 'veja' ter tempo para produzir o factóide antídoto?!...)

República de 'Nois' Bananas
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

Anônimo disse...

Soma mais ai 10 milhões de dólares na conta de Richintoff na Suíça, Ex diretor do DERSA na época de Mario Covas e pai da Suzana Richintoff que a polícia federal também andou investigando mas por razões obscuras parou.

Anônimo disse...


DIANTE DA CONTA TUCANA, MÍDIA SE CALA. POR QUÊ?

A conta tem número (18.626), foi movimentada no banco Safdié (atual Leumi) e por ela circularam o equivalente a R$ 64 milhões entre 1998 e 2002; por ela, transitaram recursos ligados ao escândalo das propinas pagas pela Siemens e pela Alstom a governos tucanos; parte do dinheiro, que estava depositada numa conta de Jorge Fagali Neto, ex-secretário do governo FHC, já foi até bloqueada; no entanto, nada do que foi revelado por Istoé ecoou no Jornal Nacional ou nas edições dominicais da Folha e do Estado; blindagem ou cumplicidade?

24 DE AGOSTO DE 2013 ÀS 21:32

247 - Neste fim de semana, a revista Istoé publicou uma reportagem bombástica. Assinada por Claudio Dantas Sequeira e Pedro Marcondes de Moura, ela trouxe a conta secreta usada por operadores do PSDB na Suíça (leia mais aqui). Ela tem número (18.626), foi aberta no banco Safdié, que hoje se chama Leumi, e por ela transitaram R$ 64 milhões apenas entre os anos de 1998 e 2002.
Todas as informações da reportagem estão amparadas em documentos oficiais, que fazem parte da investigação do chamado propinoduto tucano, vinculado às empresas Alstom e Siemens, que forneceram equipamentos para o metrô de São Paulo e para as empresas de energia paulistas. Entre as revelações, há até a informação de que parte dos recursos já foi bloqueada por autoridades suíças, a pedido do governo brasileiro. Estavam depositados numa conta de Jorge Fagali Neto, que foi secretário do governo FHC. Seu irmão, José Jorge Fagali, presidiu o metrô no governo de José Serra.
Diante da gravidade dos fatos, seria natural que a reportagem ecoasse hoje ainda no Jornal Nacional e, um dia depois, nas edições dominicais de grandes jornais como a Folha e o Estado de S. Paulo.
No entanto, quando se trata do PSDB, há uma espécie de pacto de silêncio na mídia. Como as macaquinhos da imagem acima, ninguém viu nada, ninguém ouviu nada e, portanto, ninguém falará nada sobre o caso. É como se o escândalo, simplesmente, não existisse.
No JN, da Globo, nada sobre o caso. Nas edições dominicais dos jornais, que já circulam neste sábado, também não.
Por que será? Blindagem? Cumplicidade?
E já que perguntar não ofende, qual seria o tratamento se a conta batizada como "Marília" estivesse vinculada a outro partido político?

FONTE: http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/112746/Diante-da-conta-tucana-m%C3%ADdia-se-cala-Por-qu%C3%AA.htm

Unknown disse...

Bom dia este PSDB tem mais coisa

Anônimo disse...

Em tempo: Marília não é Marina; mas oportuno é mudar o nome “Rede Sustentabilidade” para “Rede ODM”, em função da própria experiência junto ao ministério. Falácias sustentabilísticas sem atender demandas; acorda “rede”.
Pelo caminho: Só negócios corruptos, em tsunami, arrastando e comprometendo junto a esta corja, do humilde flanelinha aos imaculados presidentes.
Não é confortável se dizer fornecedor, seja lá de papel higiênico, para esta turma.
Deputado não assina a convocação de CPI, beatos servindo e recebendo o corpo de cristo estampados na capa da revista que aparentemente nada mais tem a oferecer, mas oferece formação de servidão.
A bandidagem não tem compromisso algum com o futuro.
Honesto que defende bandido é ingênuo ou é mentiroso.