segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Veja censura memes de atrizes globais

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Imagine que você é um jovem jornalista que trabalhe num site de uma grande publicação.

Você bate os olhos numa notícia: a multiplicação dos memes sobre a foto das atrizes da Globo em protesto contra a decisão do STF de respeitar a lei e, portanto, permitir embargos de alguns acusados no processo do Mensalão.

Repito: decisão de respeitar a lei, como demostrou em mais de duas horas o ministro Celso de Mello.

Então você faz, satisfeito, um texto sobre os memes porque isto é notícia: afinal, é uma reação ao fato que mais marcou os brasileiros na semana.

E finalmente você recebe dos superiores não os parabéns por ter identificado um assunto de alto interesse – mas a brutalidade da censura arbitrária.

Sua reportagem é, simplesmente, deletada porque a realidade que ela revela não se coaduna com a realidade que a publicação tenta, a bordoadas, impingir a seus leitores.

“Que eu estou fazendo aqui?” é a pergunta inevitável que você se faz numa situação deprimente daquelas.

Bem, não é o roteiro de um pesadelo jornalístico para jovens. É o que aconteceu na Veja na mesma semana em que a revista comemora seus 45 anos parecendo ter, mentalmente, 145.

A autocensura foi notada no Twitter, e causou merecido escárnio.

Vai ficando cada vez mais difícil para a Veja, por coisas desta natureza, atrair jovens talentosos: quem quer trabalhar nestas circunstâncias?

Você tem vinte e poucos anos, tem o idealismo da juventude: o que você pode fazer numa revista que representa e defende a manutenção de um Brasil iníquo e na qual você não pode publicar sequer um texto sobre memes?

A Veja, ao chegar aos 45 anos, é simplesmente a negação do zeitgeist – o espírito do tempo. Combater a desigualdade social é a essência do zeitgeist moderno, não apenas no Brasil mas no mundo.

Mas a Veja marcha do lado contrário, impávida e orgulhosa.

É assim que ela chega a 45 anos. E é por causa disso que ela não irá muito adiante: por seu divórcio com o mundo tal como ele é. Em sua louca cavalgada editorial, a revista pôs na capa desta semana a imagem da justiça curva. A justiça teria se curvado aos poderosos, aspas, ao acolher os chamados embargos infringentes. Ora, como um heroi da própria Veja — o jurista Celso de Mello — demonstrou em seu voto longo no STF na verdade o que se fez foi respeitar a lei e a Constituição.

A internet está castigando a revista, é certo: a cada dia menos pessoas leem publicações impressas. Revistas muito maiores que a Veja, no mundo, já morreram, como a americana Newsweek. A própria Time, a maior de todas, agoniza sem que seus proprietários consigam encontrar um comprador para ela.

Mas o problema maior da Veja não é uma tecnologia que a faz obsoleta – é um conjunto de crenças absurdas que a faz cega.

4 comentários:

Anônimo disse...

Se assustaram com a feiura das atrizes.

Anônimo disse...

A mídia tradicional não consegue entender que manipular o povo em plena a era da internet é muito difícil. Não existe mais essa história de uma opinião única da Mídia, essas atrizes feiosas só conseguiram assustar as criancinhas do Brasil.

reinaldo arruda disse...

A minha assinatura acabou, finalmente,pois eu já me sentia incomodado com essa revista dentro da minha casa. Uma revista tendenciosa que se acha a dona da verdade e o que é pior, não publica o contraditório.

Anônimo disse...

poderiamos fazer mais um buraco (como aquele com as black botox) e colocar o logo da veja nao?