quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Aécio, Wikipedia e a mídia mineira

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O chamado “Escândalo da Wikipedia” provocou a indignação de Aécio Neves, que classificou a coisa toda como demonstração de “autoritarismo do governo federal”.

Aécio foi muito mais rápido em responder sobre os adendos aos verbetes de Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg do que em dar uma satisfação sobre o aeroporto construído no terreno de seu tio em Cláudio - de resto, alvo de operações da PF por ser um polo de tráfico de drogas, com o envolvimento de seu primo Tancredo Tolentino.

“Eles acham que tudo pode e que são donos da história do país e, agora, da biografia de jornalistas e das pessoas. Eu sou grande vítima desta ação inescrupulosa de setores do governo que buscam alterar a biografia de pessoas que têm posição independente”, afirmou. “Senão está na hora dela [Dilma] mudar slogan de seu governo de um ‘Brasil para todos’ para Brasil de ‘eu não sabia de nada’.”

Seria surpreendente se ele não dissesse algo nesse teor, ok. Mas espera um pouco.

Durante sua gestão, Aécio e sua turma promoveram um arrasa-quarteirão na imprensa mineira. “Posição independente” não é sua especialidade.

Em seu mandato, denúncias foram asfixiadas ou publicadas de maneira tímida, na mais gentil das hipóteses. Não existe crítica na terra de Aécio. Matérias envolvendo amigos e aliados, como os Perrellas, também são apuradas até que um telefonema mande parar. Deu no que deu.

O documentarista Marcelo Baeta reuniu alguns desses casos em “Liberdade, Essa Palavra”, dividido em duas partes no YouTube.

Um exemplo eloquente da prática democrática de Aécio é contado por Marco Nascimento, ex-diretor da Globo em Minas. Marco fala como foi a produção de uma reportagem sobre o tráfico de crack em Lagoinha, bairro de Belo Horizonte.

A matéria foi ao ar no Jornal Nacional. Num primeiro momento, Marco se encontrou com a zelosa Andrea Neves, que se queixou de que aquilo vinha “num mau momento”. De acordo com Marco, ela ligou também para a direção da Globo.

Marco acabou sendo demitido. O mesmo aconteceu com um editor que ousou dar uma nota no “Estado de Minas” sobre uma pesquisa de popularidade em que Aécio aparecia em antepenúltimo lugar entre os governadores.

E, veja, só, com um cronista esportivo que fez uma reportagem “incômoda” sobre Wanderley Luxemburgo no Cruzeiro - presidido por, adivinhe quem, Zezé Perrella. A reportagem foi ao ar no governo Itamar Franco. Zezé, para ser justo, avisou o jornalista que, assim que Aécio assumisse, ele estaria na rua.

Batata. Mas isso não tem nada a ver com autoritarismo, ação inescrupulosa — e ele não sabia de nada, é claro que não.

1 comentários:

Unknown disse...

Mais informações pra você contextualizar melhor a questão (Essa é última vez que escrevo o mesmo comentário no seu blog, senão vira "flod").

A wikipedia é uma enciclopédia colaborativa, ou seja, qualquer usuário cadastrado pode criar/interagir com artigos de quaisquer assuntos, não importa sua especialidade, desde que comprove que as informações compartilhadas são verdadeiras. Se a informação for falsa, qualquer usuário pode solicitar a retirada. Se for comprovada como verdadeira, abre-se um debate e esta é novamente disponibilizada no artigo.

A questão está sendo colocada como "invasão e vandalização de perfil" da wikipedia.

A mentira começa começa na caracterização como "perfil", de forma que "invasão e vandalização" dão a entender que dados pessoais foram acessados/violados, como por exemplo, a senha. Na realidade trata-se de um artigo criado por um usuário cadastrado na wikipedia, que pode ser sofre alteração por outros usuários da wikipedia que acessam através de seus usuários/senhas.

Em seguida, trata da "vandalização". Para azar de alguns, a wikipedia segue o conceito de "versionamento", ou seja, há um registro minucioso das alterações executadas e, mesmo em caso de reversão (desfazer uma alteração, como foi o caso), no histórico pode-se consutar os dados da versão rejeitada.

No caso, foram 2 tópicos e seguem trechos do material rejeitado (https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Miriam_Leit%C3%A3o&oldid=37172184):
"Estilo"
"Miriam Leitão fez a mais corajosa e apaixonada defesa de Daniel Dantas, ex-banqueiro condenado por corrupção entre outros crimes contra o patrimônio público. A forma como Miriam Leitão se envolveu na defesa de Dantas chamou a atenção de Carlos Alberto Sardenberg, seu companheiro na CBN, para quem a jornalista estava diferente naqueles dias. Para Miriam Leitão, apesar do vídeo que flagrava o suborno a um delegado da Polícia Federal, a prisão de Dantas não se justificava, posto que se tratava de coisas do passado."

"Contradições"
"Um dos maiores erros de previsão ocorreu durante a Crise Financeira Internacional. Em 29/06/2009, Miriam Leitão escreveu o seguinte sobre a previsão de crescimento do Ministro Guido Mantega de 4,5% do PIB de 2010:'Ele fez uma afirmação de que em 2010 o Brasil está preparado para crescer 4,5%. É temerário dizer isso'. Contrariando o pessimismo de Miriam Leitão, o Brasil cresceu 7,5% naquele ano."


Ou seja, Adicionaram-se informações verdadeiras ao "artigo sobre Miriam Leitão" na wikipedia e NÃO ocorreu "vandalização do perfil de Miriam Leitão" na wikipedia.
Aliás, não importa a origem da informação, desde que seja verdadeira e comprovável.

Agora segue minha opinião à respeito do ocorrido:
Acredito que trata-se do que algumas pessoas chamam de "liberdade de imprensa" sendo posta em ação, ou seja, um grupo de indivíduos especiais pode disseminar as informações que quiser ou criticar qualquer coisa sem limites, mase todas vez que alguém ousa apontar suas falhas e/ou pontos fracos, estufam o peito para dizer que a democracia está em risco. Esses "indivíduos especiais" defendem de unhas e dentes a "liberdade de imprensa" somente, pois, a liberdade de informação pode causar seu fim.