domingo, 26 de julho de 2015

Folha usa morte trágica para atacar Lula

Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

Em 2007 a Folha de S. Paulo publicou, com chamada de primeira página, um artigo do psicanalista Francisco Daudt responsabilizando o então presidente Lula pelo acidente da TAM no aeroporto de Congonhas.

“Governo assassina mais de 200 pessoas”, segundo Daudt, deveria ser a manchete com letras garrafais.

O mesmo episódio deu origem à escola jornalística do “testando hipóteses”, da lavra do atual diretor de Jornalismo da TV Globo, Ali Kamel.

“Na cobertura da tragédia da TAM, a grande imprensa se portou como devia. Não é pitonisa, como não é adivinha, desde o primeiro instante foi, honestamente, testando hipóteses, montando um quebra-cabeça que está longe do fim”, escreveu ele em artigo.

O “teste de hipóteses”, no caso, incluiu uma reportagem de Rodrigo Bocardi no Jornal Nacional, assim descrita por Paulo Henrique Amorim: “O repórter Rodrigo Bocardi demonstrou de forma irrefutável que as condições da pista eram tais que uma chuva da espessura de uma moeda de R$ 1 foi suficiente para matar 199 pessoas. Reportagem memorável, porque se cercou de propriedade da Ciência Física que nem Einstein imaginou. Como prêmio, este repórter, hoje, domina a cobertura internacional da Globo, a partir de Nova York”.

Era o período do “caos aéreo”, que sintomaticamente resultou na troca de Waldyr Pires por Nelson Jobim no Ministério da Defesa.

A investigação do acidente concluiu que Lula não estava na cabine de comando do avião da TAM e que a “moedinha” de água do Bocardi cobrindo a pista de Congonhas não foi a causa da tragédia: a manete de aceleração/reverso estava na posição errada durante o pouso. Àquela altura, todas as hipóteses culpando Lula e/ou o governo pelo acidente já tinham sido testadas.



Para demonstrar que pouco mudou desde então a Folha de S. Paulo agora tenta associar Lula à morte de um adolescente no Rio de Janeiro.

Dedicou pelo menos duas manchetes de sua versão digital para fazer isso.

A suspeita é de que Christiano Tavares, o “garoto símbolo do PAC”, tenha morrido de overdose.

Para completar o quadro, Igor Gielow escreveu um texto espantoso em que explora a morte trágica de um adolescente para fazer política à moda de Francisco Daudt.

Ele chama de “perversa” a ascensão social dos pobres pelo consumo, como se tivesse sido nomeado para falar em nome “deles”. Não se envergonha de empregar a morte alheia, num texto carregado de falso sentimentalismo, para fazer metáfora sobre a “ruína” do Brasil.

Mais uma demonstração - como se não bastasse a capa da Veja - de quanto o ex-presidente Lula ainda assombra a direita brasileira.

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6 comentários:

Gilson Raslan disse...

Com essa, o PIG chegou ao topo do absurdo: condenar Lula por promover a ascensão social de um povo esquecido até então. Será que os barões da mídia pensam que somos todos idiotas?

Mário Silva disse...

Aquele acidente da TAM foi um caso clássico de física ginasial: duas forças contrárias provocam uma rotação; ora, uma turbina no reverso, freando o avião e a outra acelerando, conforme comprovou a posição dos manetes, produziu assim, uma rotação, no caso, para a esquerda. (Essa lei da física, é culpa do Lula).

Anônimo disse...

Daudt e o articulista precisam de psiquiatra. Ou de camisa-de-força.

Ansesco disse...

No princípio, não se pode comer a fruta da árvore do bem o do mal; em seguida, a vaca, enquanto animal sagrado, deve ser mantida viva mesmo que pessoas morram de fome. Não tardou e, no Brasil dos senhores de escravos, comer manga e beber leite levava à morte. Hoje, após a iluminação de alguns repórteres, sabemos que melhorar de condição social leva à morte. Que Deus me livre disso e permaneça pobre para sempre.

Carmen Regina Dias disse...

fiz uma leitura dinâmica no texto da tenebrosa, porque não tenho estômago, mas acho que deveria ser enquadrada na Lei por calúnia, difamação e injúria.

Mordaz disse...

Essa é dose: "... a classe que emergiu pela via PERVERSA do consumo...", ou seja, quando o trabalhador passa a consumir, isso é algo perverso, uma usurpação de um direito exclusivo de uma elite? Só faltaram gritar: "voltem para a senzala!"