terça-feira, 27 de outubro de 2015

Rejeição a Aécio, Marina, Alckmin e Serra

Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:

Jornais da imprensa tradicional destacam nesta segunda feira (26) uma pesquisa de potencial de votos para presidente em 2018, feita pelo Ibope, enfatizando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria rejeição de 55%. Aparentemente, reflete a intensa campanha de desgaste promovida contra o ex-presidente, seu partido e o governo da presidenta Dilma Rousseff. Mas pouca ênfase foi dada na altíssima rejeição aos principais líderes da oposição.

O Ibope pesquisou o potencial de voto de alguns dos principais personagens políticos que podem vir a disputar a sucessão de Dilma daqui a três anos. Declaram que "não votariam de jeito nenhum" no governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) 52%. A rejeição ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) subiu de 42% para 47%. O senador José Serra (PSDB-SP) é rejeitado 54%. Marina Silva (Rede-AC) atinge 50% de rejeição. Até Ciro Gomes (PDT-CE) – este não está na oposição – aparece com a alta rejeição de 52%.

Os números mostram que a tática oposicionista – partidária e midiática – de desconstruir o governo Dilma, a principal liderança petista e de apostar “no quanto pior, melhor”, não está agradando o povo. O resultado da ação política de Aécio Neves e seus aliados é como o dos terroristas que, no objetivo de impor baixas nos oponentes, explodem a si mesmos antes se saber o tamanho do estrago que causarão, de fato, aos seus alvos.

Quando Aécio reedita a agenda do “mar de lama” que derrubou Getúlio Vargas, a leitura do povo é outra. Passa a ver com maus olhos não apenas o alvo desejado pelo oponente, mas toda a classe política, inclusive o próprio Aécio que a ela pertence desde criancinha. Como agravante, o senador tucano escolhe para suas andanças conspiratórias em torno do “golpe paraguaio” a companhia de políticos da estirpe dos deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Paulinho da Força (SD-SP), entre outros. E faz de seu mandato no Senado uma trincheira em causa própria, sem dedicar-se a pautas parlamentares importantes para a vida das pessoas.

O drama da oposição é grave porque seus líderes estão sendo poupados de ataques no noticiário. Escândalos de corrupção e de má gestão no governo paulista, quando não tem jeito de esconder, se depender do noticiário a responsabilidade, mesmo política, é sempre do mordomo do Palácio dos Bandeirantes, nunca do governador. Mesmo assim Alckmin tem rejeição de 52%.

Aécio Neves recebe todo tipo de blindagem, seja nas dezenas de escândalos engavetados, pelo seu péssimo desempenho como senador, ou pela oposição que faz “ao” Brasil, conforme já disse em ato falho durante uma entrevista. Ganha generosos holofotes da mídia para falar sua versão dos fatos nacionais, sem ser contestado.

Outros nomes de algum alcance nacional – e que já disputaram a presidência da República – também não se saem bem. Na pergunta sobre em quem votaria com certeza, Lula lidera isoladamente com 23%. Aécio aparece bem atrás com 15%, seguido por Marina com 11%, Serra 8%, Alckmin 7% e Ciro com 4%.

O potencial de votos, que soma o resultado das perguntas “em quem votaria com certeza” com “em quem poderia votar”, deu empate técnico entre os três primeiros: Aécio, 42%; Lula, 41%; Marina, 39%. Atrás vêm Serra, com 32%, Alckmin, 30%, e Ciro, 20%.

A pesquisa Ibope foi feita entre os dias 17 e 21. Na semana anterior, Lula sofreu exposição negativa no noticiário. No domingo anterior (11) o jornal O Globo estampou como principal manchete "Baiano diz que pagou contas do filho de Lula". Não era verdade, e o filho de Lula declarou mover ação na Justiça contra o jornal, mas o boato se espalhou com rádios e TVs repetindo. No dia 16 o jornal Folha de S.Paulo estampava a manchete de capa “Delator diz ter repassador R$ 2 mi para nora de Lula”. Até a ombudsman do jornal, jornalista Vera Guimarães Martins, considerou o título manipulado e sem refletir a verdade, mas novamente o boato havia se espalhado. Foi nesse contexto que a pesquisa foi feita.

Como se pode observar, a hipótese de um terceiro mandato do ex-presidente está assombrando a oposição. A direita raivosa não está faturando com os ataques. Em uma campanha eleitoral para valer, se o ex-presidente vier a ser candidato, terá espaço no horário eleitoral e em entrevistas para desmentir até boatos folclóricos como o de que seria "dono da Friboi". Os candidatos de oposição, por sua vez, terão expostos os escândalos que mantêm abafados com a cumplicidade da imprensa. O quadro de uma campanha eleitoral de fato torna-se mais favorável ao ex-presidente do que aos candidatos oposicionistas.

Esse é o drama da oposição. Há de se considerar ainda que, quando a denúncia é demais e nada se comprova, o povo desconfia do denunciante. Nas eleições de 2006, houve um denuncismo desenfreado contra o primeiro governo Lula, com muita coisa não se comprovando. Lula foi reeleito.

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