sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Ameaças de morte e propinas. Cadê Janot?

Por Altamiro Borges

O portal G1, da insuspeita famiglia Marinho, publicou nesta quarta-feira (9) que o deputado Fausto Pinato (PRB-SP) foi ameaçado de morte e teve que andar com escolta policial enquanto preparava o relatório para o Conselho de Ética sobre o correntista suíço Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele foi destituído do cargo de relator pelo truculento presidente da Câmara Federal e resolveu dar detalhes das ameaças:

“Cheguei a pensar que poderia morrer, sim. Eu fui abordado em aeroporto. Meu motorista foi abordado por pessoas desconhecidas. O que eu passei eu não desejo a ninguém. Me abordaram pedindo para eu pensar na minha família, dizendo que tenho filho pequeno, que tenho família... Sofri ameaças, sofri pressão. Contratei segurança. Tenho policial militar dormindo na minha casa. Um amigo emprestou carro blindado. Registrei boletim de ocorrência e protocolei pedido para que o Ministério da Justiça apoiasse as investigações”.

Já nesta sexta-feira, em entrevista à Folha, da também insuspeita famiglia Frias, o parlamentar relata que recebeu oferta de propina para inocentar o lobista. “Destituído da relatoria do processo de cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) após manobra patrocinada pelo presidente da Câmara, o deputado federal Fausto Pinato (PRB-SP) afirmou, em entrevista à Folha, ter recebido, em três oportunidades, oferta de propina relacionada ao seu parecer. Desde que foi escolhido como relator, Pinato já indicava que iria dar um parecer favorável à continuidade do processo de Cunha. O parlamentar disse não conhecer as pessoas que fizeram a oferta”. O relato de Fausto Pinato é impressionante:

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Quando o sr. assumiu a relatoria, foi procurado por emissários do presidente da Câmara, Eduardo Cunha?

No começo foi assim: ‘olha, isso é uma bucha, cuidado’. Normal.

Depois começaram aconselhamentos: ‘Veja bem o que você vai fazer… O Cunha é um deputado influente, com vários deputados, domina praticamente todas as comissões da Casa’. Mas até aí tudo bem, faz parte né? Tomei a cautela de não omitir nenhum tipo de opinião de mérito.

Fui tirado da relatoria porque eu sou uma pessoa que estava fazendo um trabalho sério e independente.

O sr. encarou esses aconselhamentos como ameaça?

Então, por exemplo, eu fui abordado em aeroporto…

Por parlamentar?

Não, pessoas estranhas. Eu não sei nem quem era. ‘Você que é o Pinato? Olha, pensa bem, pode mudar sua vida [faz sinal de dinheiro com as mãos]’. E eu recebi também uns dois telefonemas. ‘Pensa bem na tua família’. Eu sou um cara de cidade pequena de 70 mil habitantes acostumado a falar só em rádio AM.

Ofereceram dar ajuda para sua próxima campanha?

Diretamente, não. Mas por telefone e pessoalmente no aeroporto, eu cheguei a ter propostas, sim: ‘Você não quer pensar na tua vida? Pensar em você?’. Mas eu não sei se era para arquivar ou para condenar. Eu já cortava e saía.


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Diante destas graves denúncias, muitas pessoas sérias – que ainda não foram contaminadas pela desinformação reinante na imprensa oposicionista e não se converteram em servis midiotas – indagam na internet: Por que o autoritário e achacador Eduardo Cunha ainda não foi afastado da presidência da Câmara Federal e mesmo cassado? Cadê os procuradores da Justiça, que são tão rápidos nas prisões arbitrárias e vazamentos seletivos de pessoas com que discordam politicamente? Afinal, cadê o midiático senhor Rodrigo Janot, procurador-geral da República? Em função da cumplicidade e morosidade da Justiça, Eduardo Cunha ainda poderá ser inocentado na Comissão de Ética e até virar presidente do Brasil? Que país é este que segue esperando Janot?

Como aponta o jornalista Paulo Moreira Leite, em texto postado no site Brasil-247 nesta sexta-feira (11), o destino de Eduardo Cunha é de responsabilidade direta de chefão da PGR. “Pelos dados disponíveis ao fim de uma semana de tumultos e confrontos acirrados no Conselho de Ética – sete adiamentos, três relatores diferentes, uma ameaça de conflito físico – a maioria dos parlamentares ouvidos em Brasília está convencida de que o país encontra-se diante de um fato tão assombroso que a maioria das pessoas tem dificuldade de admitir o que se passa em função da crueza e horror. Mesmo liderando com folga a condição de mais incriminado acusado da Lava Jato, em qualquer categoria, o deputado Eduardo Cunha tem grandes chances de livrar-se de um processo na Câmara que poderia levar à perda do mandato, a destituição da presidência da Casa e à prisão por corrupção”.

Para ele, a preservação do lobista tem uma razão simples. “Até agora o procurador-geral Rodrigo Janot ainda não disse ao STF o que considera necessário fazer com as acusações. Sem este movimento de Janot, a Justiça não pode se mover e o ministro Teori Zavaski não tem meios para ir em frente. Pelo nosso tramite jurídico, cabe-lhe julgar, de forma favorável ou não, a uma solicitação do PGR. A mecânica é esta. Até o momento, Janot tem-se mantido em silêncio, o que contrasta com o papel desempenhado pelo Ministério Público na descoberta de provas importantes do caso e também na apuração de outros episódios. Foi graças à intervenção do PGR que a situação do senador Delcídio do Amaral, apanhado numa fita gravada em circunstâncias que ainda não foram inteiramente esclarecidas, teve um primeiro desfecho em apenas um mês - entre a primeira conversa registrada clandestinamente e seu ingresso na carceragem em Brasília”.

“O caso de Eduardo Cunha, uma lenda de duas décadas nos subterrâneos políticos brasileiros, é muito mais antigo. As primeiras provas contundentes que o ligaram ao esquema investigado na Operação Lava jato surgiram em julho, com a delação premiada de um lobista que acusou Cunha de embolsar uma propina de R$ 5 milhões. Em setembro – isto é, há três meses – o Ministério Público da Suíça enviou documentos sobre contas secretas. Simultaneamente, as delações premiadas de um operador do PMDB confirmaram o percurso do dinheiro... A verdade é que a permanência de Cunha na presidência da Câmara serve a uma necessidade política fundamental da oposição. Colocando friamente: o risco de ficar sem Cunha é o risco de ficar sem impeachment – o único plano de sobrevivência que os adversários de Lula-Dilma foram capazes de elaborar depois da derrota, a quarta consecutiva, em 2014”.

“Já reconhecido internacionalmente pelo trabalho realizado, Janot enfrenta, diante de Eduardo Cunha, o teste real de sua atuação como PGR. Desde a AP-470 o país aprendeu que nenhuma autoridade corre riscos exagerados quando se dispõe a perseguir, prender e condenar acusados de corrupção vinculados ao PT e aos governos Lula-Dilma. Há aplausos garantidos mesmo quando se cometem erros, injustiças e exageros. Cunha oferece a Janot a oportunidade de mostrar que todos são iguais perante a Lei. Como ele mesmo resumiu de forma coloquial quando assumiu o cargo pela primeira vez, o ‘pau que bate em Chico bate também em Francisco’. É um princípio fundamental das democracias. Espera-se que o PGR demonstre coerência entre o que disse e o que faz”. Enquanto isto não ocorre – se é que vai ocorrer –, a democracia brasileira segue Esperando Janot!

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2 comentários:

MEDICO57 disse...

Este Janot foi escolhido pela Dilma, escolha ruim acarreta isto.

Aliás ser republicano demais , não é bom !

Mude a cabeça com o MOODLE... disse...

Estão esperando o que para acabar com essa SAFADEZA e colocar a economia do país nos trilhos para crescer novamente?