sábado, 9 de janeiro de 2016

Direita incita o ódio na Venezuela

Por Max Altman, no site Opera Mundi:

Quem incita ódio e intolerância? Quem viola a Constituição e o “mais absoluto respeito à democracia e ao Estado de Direito” de que falava a mensagem do Itamaraty a propósito da situação na Venezuela?

O presidente da nova Assembleia Nacional da Venezuela, Henry Ramos Allup, ordenou na quarta-feira, no seu primeiro dia de gestão, a expulsão de todas as imagens de Chávez e de Bolívar das dependências do Parlamento. E o fez com rasgos de ódio, intolerância e menosprezo. A ação foi registrada em vídeo divulgado amplamente nas redes sociais e percorreu o mundo. Nele se vê Ramos Allup ordenando retirar as imagens e placas de Bolívar e Chávez com gestos e palavras infames e depreciativas: “Levem tudo. Mandem para Miraflores [palácio presidencial] ou para Sabaneta [lugar onde nasceu Hugo Chávez e onde ainda vive sua família]. Se não quiserem pode jogar tudo no lixo”.. No dia seguinte, Allup reiterou que seriam retiradas todas as imagens restantes de Chávez e todas as imagens conhecidas da reconstrução científica do rosto do Libertador.

Além da manifestação de ódio e intolerância, o ato e sua reiteração deixam claro tratar-se de pura provocação de quem quer o confronto, e não o diálogo, parte do plano golpista, por ele mesmo confessado, de derrocar Nicolás Maduro em seis meses

A agressão perpetrada contra a imagem do histórico Libertador Simón Bolívar e contra o comandante Hugo Chávez, eleito e reeleito em quatro eleições pelo voto popular presidente da Venezuela, tem por finalidade alimentar o ódio, aprofundar a polarização, promover a confrontação e abrir as portas para uma intervenção externa da direita internacional encabeçada por Washington.

A reação não se fez esperar. Durante um ato de desagravo ao Libertador e ao líder da Revolução Bolivariana, Hugo Chávez, no Quartel da Montanha, onde se ergue um mausoléu em sua memória, Nicolás Maduro considerou que o presidente da Assembleia, cuja reputação foi severamente questionada pelo embaixador norte-americano em Caracas, em 2012, segundo mensagens desclassificadas do Departamento de Estado, deixou claro que a afronta faz parte de um plano golpista. “Isto que sucedeu, à parte as violações constitucionais que vem praticando, é o mais grave ultraje que jamais se cometeu em 200 anos. Eles são perigosos e buscam uma situação de confrontação e por detrás estão movendo os pauzinhos”, afirmou.

O ministro da Defesa, Padrino López, presente ao ato, reiterou seu apoio ao governo nacional e rechaçou a atitude prepotente da direção da Assembleia Nacional. “Repudio qualquer ato que manche a memória de tão insignes patriotas. Foi uma atitude desrespeitosa, carregada de arrogância e menosprezo”, repudiou o ministro em transmissão conjunta de rádio e televisão. “A história de Bolívar é a história da Venezuela, e a história da Venezuela é a história da América toda”, exclamou Padrino, ao mesmo tempo em que recordou que o Libertador “conquistou a independência de cinco nações numa epopeia heroica reconhecida no mundo inteiro”.

Conclamou, igualmente, a defender a Constituição e as leis, que são produto de um projeto voltado a alcançar a justiça social, alicerçado nas premissas anti-imperialistas e unitárias da Pátria Grande, ideadas por Bolívar e retomadas pelo presidente Chávez no começo deste século.”

Para que dedicar maior espaço ao outro tema, tal a flagrante violação à Constituição e ao Estado de Direito”. O Supremo Tribunal acatou liminarmente a impugnação da eleição de 4 deputados do estado de Amazonas – 3 da oposição e um da situação -, determinando à Assembleia Nacional que não fossem empossados até a decisão final: indeferimento do pedido ou realização de novas eleições naquele estado. Ramos Allup e a mesa diretora resolveram desacatar a decisão judicial e deram posse aos 3 deputados da oposição. Gritante violação da independência dos poderes e uma vez mais apostando na confrontação com o fim de criar conflito entre poderes para depois pescar em águas turvas.

Os parlamentares do PSUV foram ao Supremo solicitando que fosse declarada nula qualquer decisão que a nova Assembleia tomasse enquanto os 3 deputados, suspensos cautelarmente, continuarem em exercício, pedindo, outrossim, que o Tribunal ordenasse ao Executivo a proibição de publicar no Diário Oficial qualquer ato aprovado pela Assembleia Nacional, até que fosse finalmente decidida a questão da impugnação.

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