quinta-feira, 17 de março de 2016

Dilma manterá anúncios na TV Globo?

Por Altamiro Borges

A Rede Globo é hoje o principal centro irradiador do golpe contra a democracia no Brasil. Sem o seu aparato de comunicação, Sergio Moro seria apenas um juiz de primeira instância do Paraná; as siglas da direita, como o PSDB e o DEM, já teriam sumido do cenário político; e as marchas organizadas por sinistros grupos fascistas não mobilizariam milhares de "midiotas" no país. A bilionária famiglia Marinho transformou concessões públicas de rádio e televisão em aparatos golpistas.

Para isto, infelizmente, ela contou com a generosa ajuda do próprio governo petista, num típico caso de sadomasoquismo. Nos últimos 12 anos, somente a TV Globo abocanhou quase R$ 6 bilhões em publicidade oficial. Será que agora, com a exacerbação do golpismo, o governo Dilma vai suspender os anúncios desta emissora que atenta contra a democracia e o desenvolvimento nacional? Será que proporá um debate sério na sociedade sobre o papel das concessões públicas de rádio e tevê? Será?


Papel nefasto da mídia

Nas marchas golpistas deste domingo (13), a TV Globo teve papel central na mobilização de milhares de pessoas em vários Estados. Um estudo rigoroso, produzido pelas jornalistas Bia Barbosa e Helena Martins, do Coletivo Intervozes, confirma que a emissora preparou o clima para o gigantesco protesto e ajudou a criar a narrativa favorável ao golpe. "Ilude-se quem acredita que à imprensa coube apenas cobrir as manifestações espalhadas nos 26 estados da federação e no Distrito Federal. A mídia foi um componente central de sua própria concretização". O estudo foi publicado na revista CartaCapital:

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Às 9 horas de domingo, a GloboNews dá início à sua cobertura ininterrupta, que se prolongou por mais de 12 horas, das manifestações. Não foi preciso muito esforço – nem uma convocatória explícita – para levar os brasileiros às ruas. O cenário já estava montado. Ao longo do dia, repórteres e comentaristas se revezaram para enaltecer os protestos, repetir à exaustão, a cada cidade noticiada, os motivos que já estavam claros para os telespectadores, e jogar sobre os atos um peso decisivo sobre o processo de mudanças no comando do governo federal. A comentarista Cristiana Lobo sentenciou que 'o governo não reúne mais energia para resolver o problema da economia, nem para reaglutinar a base no Congresso, nem para responder às denuncias da Lava Jato. Está nocauteado'.

Na TV aberta, o tradicional filme das tardes de domingo também foi suspenso para dar espaço à cobertura ao vivo do que se passava na Avenida Paulista, em São Paulo. 'Agora há pouco a gente presenciou o momento mais emocionante das manifestações. A Fiesp jogou balões verdes e amarelos contra o número de impostos que os brasileiros pagam. Foi um movimento muito forte, as pessoas aplaudiram, foi uma emoção aqui', declarou um repórter. Outra jornalista não conteve o entusiasmos e afirmou: 'está linda a festa'. Ao longo das 12 horas de cobertura na GloboNews, diversos funcionários da emissora apresentaram sua leitura do mundo como se fosse a verdade absoluta. Aécio Neves e outras lideranças pró-impeachment tiveram espaço para declarações. A nota pública lançada pelo juiz Sérgio Moro foi lida. O contraditório, entretanto, não existiu.


A mesma seletividade se repetiu no programa nobre da noite, agora na TV aberta. Em trinta e cinco minutos de Fantástico, coube ao PT apenas 45 segundos de fala; à Secretaria de Comunicação da Presidência da República, 30 segundos; e, aos protestos pró-governo, que também aconteceram pelo país, menos de 2,5 minutos. A reportagem de abertura do programa, que teve 17 minutos de giro nacional e internacional sobre os atos, não teve qualquer contraponto. O bloco sobre as manifestações foi encerrado com mais de 6 minutos sobre novas táticas e descobertas da operação Lava Jato, selando um domingo nada plural – e triste – para o jornalismo brasileiro.


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A cruzada golpista da famiglia Marinho, porém, não se limitou ao domingo. Com o anúncio do nome do ex-presidente Lula no ministério de Dilma, ela se intensificou e atingiu as raias do absurdo. A TV Globo passou a convocar explicitamente os protestos que cercaram o Palácio do Planalto e tomaram a frente da Fiesp em São Paulo. Com a manipulação do foco das câmeras de tevê, reduzidos grupos de fanáticos foram transformados em multidões. Willian Bonner, âncora do Jornal Nacional, destituiu a presidenta Dilma ao vivo e em cores. A cobertura partidarizada gerou revolta em vários jornalistas que não se prostituíram, conforme apontou Paulo Nogueira no blog "Diário do Centro do Mundo":

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Por dentro dos bastidores da Globo; o que dizem os jornalistas "dissidentes"

Tem acontecido uma coisa interessante: chegam a mim mensagens de jornalistas da Globo revoltados com o que estão vendo na empresa. Os indignados estão lotados sobretudo em Brasília e no Rio.

Todos, naturalmente, pedem anonimato.

Me disse um deles, que tratarei como X: “Desculpa o número de mensagens, mas estou revoltado. Não sou petista. Meu primeiro voto no PT foi na Dilma….. mas estou dentro dos acontecimentos e é muito clara a estratégia.”

A estratégia é destruir Lula, Dilma, o PT e, se possível, qualquer resquício de pensamento de esquerda que exista no Brasil.

X chama a atenção para postagens no Facebook do coordenador de jornalismo da Globo em Brasília, Esdras Paiva.

“Seguem dentro da linha do Erick Bretas, não? Peço mais uma vez que não mencione meu nome, para que eu não corra riscos profissionais.”

Eis as postagens de Esdras destacadas por X.
“Seis milhões de brasileiros nas ruas num protesto sem bandeiras de partidos. E os petistas repetem o mantra do golpe criado pelo João Santana. Alguém tem que avisar para eles que esse papo de golpe não colou. E que o Santana tá vendo o sol nascer quadrado.”
Maior manifestação da história do Brasil. Somos um país de coxinhas. Coxinhas golpistas.”

Pergunto a X quem é Esdras. Não o conheço. X me situa.

“No episódio da bolinha de papel do Serra o Esdras Paiva era editor-chefe do Jornal Nacional em Brasília. O caso foi um fiasco dentro da redação. Muita gente envergonhada e constrangida comentava a cobertura em flagrante desaprovação”, ele conta.

E continua: “Esdras ficou furioso com as críticas, defendeu que a matéria do dia seguinte seria uma aula de jornalismo. E o dia seguinte veio para desespero de todos … era o perito que afirmou que o que parecia uma bolinha de papel era, na verdade, um rolo de fita adesiva letal e descontrolado. “Poderia ter matado.” A matéria não convenceu de novo e Esdras fez questão de entregar à direção de Brasília os nomes dos rebeldes. A diretora naquela época era Sílvia Faria.”

Não a conheço também. Quem é Sílvia Faria?

X me esclarece:

“Ex-diretora da Globo brasilia. Atual diretora de jornalismo e braço direito do Kamel. Amiga que promove amigos apenas. Segura dezenas de informantes nas redações, como Esdras Paiva e Cleber Praxedes em Brasília. Foi a responsável por aquela orientação que vazou no ano passado e que determinava que qualquer menção a FHC em denúncias deveria ser omitida dos noticiários. Vazou em um domingo.”

X prossegue:

“Ela é violenta e odeia Erick Bretas, não por questões ideológicas (são farinhas do mesmo saco). O ódio deve-se a questões de ego. Há quem aposte que o envio de Erick do jornalismo para “mídias” deveu-se à subida dela na hierarquia.”

Bretas, sabemos, é que aquele diretor da Globo que se fantasia de Moro no Facebook, mediante um avatar, para pregar o golpe e a prisão de Lula. O DCM vai processá-lo pela calúnia de dizer que somos financiados pelo PT.

De X passemos a Y. Y narra outro bastidor do Planeta Globo.

“Todo mundo sabe que O Globo tem lado (errado), mas vocês sabiam que o editor de política do jornal em Brasília, Paulo Celso Pereira, é primo em primeiro grau do Aécio Neves? Aécio foi seu padrinho de casamento e eles se falam diariamente. Ou seja, desde a campanha eleitoral, tudo o que os repórteres apuram junto ao PT é repassado diretamente, sem escalas, para o Aécio.”

Y pede que não a identifiquemos. “Peço que não publiquem o meu email para não sofrer retaliações. Vocês sabem como eles jogam pesado.”

Sim, sabemos.

Ouçamos agora Z, do Rio de Janeiro. Z é da GloboNews.
“A gente odeia isso aqui”, escreve ele. “Apesar do perfil sempre conservador, havia espaço para ideias divergentes. Mas a equipe que fundou o canal foi toda afastada, nos últimos quatro anos? Coincidência? Duvido muito.”

Z prossegue.

“Os responsáveis: Kamel, Latgê e Eugênia Moreira. Mulheres foram afastadas após voltarem de licenças-maternidade. Profissionais sérios como Guto Abranches, Sidney Rezende ou André Trigueiro foram demitidos ou postos na geladeira.”

Algo mais?
Sim. “Filha do Merval editora-chefe do Jornal das Dez.”

Z conta que ela não usa o sobrenome paterno. Assina Joana Studart como jornalista. Aqui entra em cena W. “Todo mundo a odeia exatamente por ser filha do Merval”, conta W. “Uma vez, em Brasília, ela demitiu um cara aos gritos. O Ali Kamel estava lá, e teve que chamar a Joana num canto e pedir para ela se controlar porque as coisas não eram assim. Todo mundo que estava ali se lembra disso.”

Algo mais?

Sim. Z me manda um link. “Para você ter uma ideia de como a coisa anda por lá.” Abro o link. Ali está a informação de que a GloboNews contratou uma “faxineira espiritual” para espantar a “uruca” da redação.

“É real. Aconteceu”, diz Y. Ele conta ainda que um professor da UFRJ, Francisco Carlos Teixeira, habitual comentarista da GloboNews, desistiu do canal por causa de sua radicalização. “Ele largou o estúdio no intervalo de um programa e nunca mais voltou.”

Em X, Y e Z você pode ter uma ideia de como está a vida, na Globo, para quem deseja ser mais que reprodutor dos interesses da família Marinho.

E finalmente: você só está lendo isso no DCM graças à internet, que arrebentou com o monopólio de informações da Globo e demais companhias jornalísticas.

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Diante destes fatos deploráveis, que atentam contra a democracia, o jornalismo e os jornalistas, volto à pergunta do início: o governo Dilma seguirá alimentando cobra e bancando os anúncios publicitários bilionários para a famiglia Marinho? Será que não chegou a hora de dar uma basta nesta sacanagem? Ou ainda tem gente no Palácio do Planalto, os tais "republicanos", que acredita na imparcialidade da Rede Globo?

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3 comentários:

Anônimo disse...

Devido a crise, deveria reduzir-se a publicidade em tv em 95%.
O 5% rstante seria dividido em:
1%, Rede Globo.
1%, Rede Record.
1%, SBT.
1%, Rede !
1%, Rede Brasil.
Ao passar a crise, poderiam rever-se os valores.

Anônimo disse...

É fundamental"secar" financeiramente esses vagabundos da globo

Anônimo disse...

O GOVERNO PODE E DEVE NÃO MAIS FAZER PUBLICIDADE NESSA REDE GOLPISTA... ELA ESTÁ AGINDO DA MESMA FORMA QUE EM 1964: FOI UM DOS ARETÍFICES DAQUELE GOLPE E HOJE ELA ESTÁ À FRENTE DO GOLPE CONTRA A NOSSA DEMOCRACIA MAIS UMA VEZ...A REDE GLOBO É HISTORICAMENTE GOLPISTA... O GOLPE ESTÁ NO SEU DNA....