domingo, 6 de março de 2016

Galvão engole protesto do Corinthians



Por Altamiro Borges

Desta vez, a TV Globo não teve como esconder o protesto da torcida Gaviões da Fiel. Durante o jogo Corinthians e Santa Fé, realizado na quarta-feira (2) pela Libertadores da América, uma faixa enorme foi erguida com os dizeres "Futebol é refém da Globo". Desconcertado, o narrador Galvão Bueno foi forçado a comentar a crítica dos torcedores. Na maior caradura, o eterno serviçal da famiglia Marinho afirmou que "a Globo é a única que transmite [a Libertadores] gratuitamente em TV aberta, como também fazemos com o futebol brasileiro há 40 anos. Mas protestar é sempre um direito".

Também é "um direito do cidadão" não ser manipulado pelos meios de comunicação, principalmente pelas emissoras de tevê que exploram uma concessão pública. Nestes 40 anos, graças às benesses da ditadura militar na sua origem, a TV Globo fez fortuna com a transmissão exclusiva dos principais campeonatos de futebol - nacionais e internacionais. Ela não "transmite gratuitamente", como disse cinicamente o narrador regiamente pago pela emissora. Ela ganha rios de dinheiro com os pacotes de publicidade dos jogos -  o que ajuda a explicar porque os filhos do Marinho estão entre os maiores ricaços do país e do mundo, segundo o ranking da insuspeita revista Forbes.

Se fosse tão generosa, ela poderia permitir que outras emissoras transmitissem as partidas. Mas ela não larga o osso. Ela impõe os horários das partidas, que começam sempre depois do "último beijo da novela da Globo" - como ironizou o jogador Alex -, penalizando os torcedores. Ela distribui a menor parte da verba de patrocínios ao seu bel-prazer, prejudicando inúmeros clubes de futebol. Ela decide arbitrariamente que jogo vai exibir, concentrando suas transmissões no Sul-Sudeste em detrimento do Norte-Nordeste. Ou seja, diferentemente da maior parte do mundo onde há regras para o setor, aqui impera a ditadura da Globo - o que explica a elitização do futebol e a própria crise desta paixão nacional.

Estas absurdas distorções, que o serviçal da famiglia Marinho tenta esconder, são conhecidas por vários profissionais mais sérios, Recentemente, o jornalista Sidney Rezende, um dos fundadores da GloboNews e criador do modelo de programação da rádio CBN, foi incisivo nas críticas aos seus ex-patrões. "A Globo não é dona do Brasil, não é dona do Carnaval, não é dona do futebol... A Globo está ultrapassando seus limites como meio de comunicação no momento em que interfere em horários de festividades, nas partidas de futebol, nos desfiles das escolas de samba, quando adequa as festividades populares a uma grade de programação de seu interesse". Daí o justo protesto dos torcedores do Corinthians - que até poderiam produzir outra faixa: "Cala a boca, Galvão".

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2 comentários:

Maria Libia disse...

O mais interessante foi a agressão que dois dos diretores da gaviões da fiel sofreram num estacionamento de supermercado. Um quebrou os dois braços, um deles com fratura exposta, outro os dentes. Atitude mafiosa.Quem tem interesse nesta violência?

Anônimo disse...

Boa ideia! Um "Cala a Boca, Galvão" viria em uma boa hora.

Elisa