quarta-feira, 30 de março de 2016

O “trensalão tucano” vai atropelar Serra?

Por Altamiro Borges

A Justiça de São Paulo, que não é das mais isentas e ágeis, finalmente aceitou denúncia criminal contra o cartel de trens em São Paulo – também batizado de “trensalão tucano” – e transformou em réus cinco executivos da multinacional francesa Alstom e dois da espanhola CAF. Segundo o Ministério Público, eles teriam participado de fraudes em licitação de R$ 1,8 bilhão em 2009 e 2010, durante a gestão do hoje senador José Serra (PSDB) à frente do governo paulista. A decisão foi tomada pela juíza Rosane Cistina de Aguiar Almeida nesta segunda-feira (28).

A Folha informa que “um dos indicadores da fraude na licitação, segundo o promotor Marcelo Mendroni, foi o preço apresentado pela CAF, que concorreu sozinha e venceu a disputa. O preço ofertado tinha uma diferença de 0,0099% em relação ao valor de referência, o montante fixado pela Companhia Paulista de Transporte Metropolitano (CPTM) como o preço máximo que seria aceito. Outros indícios de fraude foram encontrados em e-mails trocados entre os executivos. Um deles, do então diretor da Alstom, Cesar Ponce de Leon, diz o seguinte a outros executivos da multinacional francesa em setembro de 2009: ‘Necessitamos saber para amanhã quais são as mudanças que estão acontecendo nos acordos’”.

Em outro e-mail, Ponce de Leon avisa aos executivos da Alstom. "Quanto ao convite aos 'boinas' lhe expliquei que não há nada combinado, que buscávamos dividir o capital e eliminar ao mesmo tempo um competidor". "Boina" era a forma como a CAF era chamada na Alstom, segundo o Ministério Público. Já em outra mensagem, diretores da Alstom relatam que pretendem juntar todos os concorrentes (CAF, Bombardier, Siemens, MGE, Mitsui e Tejofran) num “único grupo". Para o promotor Marcelo Mendroni, “as mensagens contêm provas de fraude e de acerto para evitar concorrência”.

O jornalão da famiglia Frias, que mantém relações carnais com José Serra, evita fazer qualquer menção crítica ao ex-governador de São Paulo. Mas é evidente que o “trensalão tucano” envolve importantes integrantes do seu governo. Afinal, não há corruptor sem corrupto – e vice-versa. Se depender do Judiciário paulista, sempre tão complacente, e da mídia chapa-branca, sempre de rabo preso, talvez o grão-tucano nem seja citado nas próximas denúncias criminais. Mas um dia esta história – como a da privataria tucana e da grana nos paraísos fiscais dos familiares de José Serra, tão bem descritos no livro de Palmério Dória – ainda será desvendada!

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1 comentários:

andre disse...

Altamiro, aumente o tamanho da fonte aqui no blog!!!

Eu que enxergo bem fico incomodado com o tamanho tão pequeno.

Abraços