sexta-feira, 22 de abril de 2016

Câmara censura por ordem de Cunha

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Eu já tinha denunciado aqui o PIG de Eduardo Cunha: a mão-de-ferro com que o presidente da Câmara passou a gerir os órgãos de comunicação da Casa, sobretudo a TV Câmara, sem nenhum republicanismo, favorecendo a si mesmo. Esta semana, após o impeachment da presidenta Dilma passar no plenário, uma matéria de 2014 da agência Câmara começou a circular nas redes sociais, mostrando que apenas 36 dos 513 deputados se elegeram de fato com votos próprios, uma demonstração de que precisamos urgente fazer uma reforma política.

Para surpresa de quem compartilhou o texto, dois dias depois, porém, o conteúdo tinha sido INTEIRAMENTE MODIFICADO. Um quadro com os deputados realmente eleitos pelo povo e os que foram beneficiados pelo quociente eleitoral também foi suprimido (ele está reproduzido no alto deste post). A justificativa, dada ao pé da matéria da agência Câmara:

(*) Esta matéria foi atualizada em 19/4/2016 para garantir uma explicação correta do funcionamento do sistema de eleição proporcional no Brasil. Ao contrário do que dizia o texto anterior, não foi apenas um determinado número de deputados que se elegeu com os seus próprios votos. Todos os deputados são eleitos com os seus próprios votos dentro das regras do sistema proporcional. Portanto, todos os deputados têm a mesma legitimidade nos seus mandatos.

Fontes na agência Câmara informaram ao blog que a ordem para “atualizar” a matéria partiu da presidência da Casa. Confira a seguir o texto original da matéria da agência Câmara e compare com o que está escrito agora neste link.

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Apenas 36 deputados se elegeram com seus próprios votos
Os outros 477 eleitos foram “puxados” por votos dados à legenda ou a outros candidatos de seu partido ou coligação.

Apenas 36 dos 513 deputados federais que vão compor a Câmara na próxima legislatura (2015-2018) alcançaram o quociente eleitoral com seus próprios votos. Desses, 11 são parentes de políticos tradicionais em seus estados. Os outros 477 eleitos foram “puxados” por votos dados à legenda ou a outros candidatos de seu partido ou coligação. O número é o mesmo de 2010, quando também houve apenas 36 deputados eleitos com votação própria.

Os números foram calculados pela Secretaria Geral da Mesa da Câmara. O quociente eleitoral é calculado dividindo-se o número de votos válidos no estado pelo número de vagas na Câmara a que tem direito cada estado. Por exemplo, o Distrito Federal tem direito a oito deputados. Dividindo-se os 1,45 milhões de votos válidos por oito, chega-se ao quociente eleitoral de 181,7 mil. Este é o número de votos necessários para um candidato se eleger por conta própria no DF. Porém, nenhum deputado atingiu esse quociente na última eleição.

Além do Distrito Federal, nenhum deputado dos seguintes estados alcançou o quociente eleitoral na última eleição: Acre, Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Rio Grande do Sul e Tocantins.

Entre os 36 deputados que conseguiram atingir o quociente eleitoral, cinco são de São Paulo, cinco de Minas Gerais e cinco do Rio de Janeiro. Em Pernambuco, quatro deputados foram eleitos com seus próprios votos; e, na Paraíba e no Ceará, três. Em Goiás e Santa Catarina, dois atingiram o quociente eleitoral. No Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Sergipe e Roraima, apenas um atingiu o quociente eleitoral.

A forma de eleição baseada no quociente eleitoral é chamada de sistema proporcional. Segundo o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, esse sistema, somado ao quadro de pulverização partidária e formação de alianças no País, tem levado a algumas distorções: “Na Câmara, muita gente se elege com votação muito pequena. Tivemos, na Região Norte, pessoas eleitas com menos de 10 mil votos.”

Em contraposição, dezenas de candidatos foram muito bem votados e ainda assim não foram eleitos. É o caso, por exemplo, do deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB): ele recebeu 106,6 mil votos em São Paulo, mas não foi reeleito. Entretanto, o candidato Fausto Pinato (PRB) foi eleito com 22 mil votos, graças à votação expressiva de Celso Russomanno, do mesmo partido.

Com 1,52 milhão de votos, Russomanno foi o deputado mais votado de São Paulo e “puxou” quatro candidatos para a Câmara: além de Fausto Pinato, ele ajudou a aleger o cantor sertanejo Sergio Reis (45,3 mil votos); Beto Mansur (31,3 mil) e Marcelo Squasoni (30,3 mil). Todos são do PRB, já que o partido não fez coligação.

O segundo colocado em São Paulo, deputado Tiririca (PR), teve pouco mais de 1 milhão de votos e elegeu sozinho dois deputados, além de si próprio: Capitão Augusto (46,9 mil votos) e Miguel Lombardi (32 mil), ambos do PR, que também não se coligou.

2 comentários:

guizzo disse...

PSB É A ESQUERDA GOLPISTA.
Não existe a mínima justificativa plausível para um partido de “ESQUERDA” como o PSB votar contra um governo legitimamente eleito e de esquerda como o de Dilma. Como pode o partido do saudoso MIGUEL ARRAES, que esteve ao lado do PT em 10 dos 13 anos de governo popular, votar “A Favor” de Temer, de Cunha, da FIESP, da Globo e do projeto “Uma Ponte para o Futuro” coordenado por ninguém menos que o “GATO ANGORÁ” Moreira Franco, cópia piorada do modo tucano de governar . Responsabilizo o PSB-40 por tudo de ruim que venha sofrer os trabalhadores e o povo pobre nesse governo de extrema direita que se constroem através dessa ruptura institucional, desse GOLPE. A diferença entre o GOLPE e a vitória da DEMOCRACIA esteve nos votos da bancada Golpista do PSB. Esse partido Golpista e traidor da Esquerda não deve se desculpar, mas sim ser exterminado da vida politica brasileira para sempre, e conto com a ajuda de todos aqui para enterrar esse partido de canalhas.

Anônimo disse...

Quem irá participar, não sendo corrupto, entreguista ou canalha, de um governo Temer?