sexta-feira, 17 de junho de 2016

Golpe na Previdência já está no forno

Por Altamiro Borges

Seguindo as ordens da elite empresarial, que fomentou e bancou o "golpe dos corruptos", o governo ilegítimo do Judas Michel Temer parece estar disposto a fazer todos os males de uma vez. Além dos cortes bruscos nos programas sociais, como no "Bolsa Família" e no "Minha Casa Minha Vida", ele já acelera os passos para a famigerada reforma da Previdência. Nestas cinco semanas de interinidade, várias reuniões ocorreram em Brasília para orquestrar a regressão social. Nem os cupinchas do golpe, como o "sindicalista" Paulinho da Força, estão animados com as tais "negociações". Eles rogam para que o golpe da Previdência seja feito só depois das eleições municipais, evitando maiores desgastes.

Mas nem esta maquiagem os golpistas aceitam. Na terça-feira (14), numa nova rodada de conversas, o governo interino se comprometeu em prorrogar a discussão do tema somente até julho. Segundo o noticiário, a reunião com os sindicalistas que legitimaram o golpe foi tensa. A ideia inicial de Michel Temer era enviar até o final deste mês a proposta da reforma previdenciária ao Congresso Nacional. Como não houve consenso, o governo aceitou postergar a discussão em apenas mais um mês. Isto não significa que haverá apoio à regressão até dos líderes sindicais que apoiaram o golpe dos corruptos.

O único consenso dos oportunistas

Há vários pontos inegociáveis até para os oportunistas que traíram as suas bases sindicais. O governo golpista, totalmente comprometido com as teses neoliberais, insiste na imposição da idade mínima da aposentadoria aos 65 anos e na igualdade entre homens e mulheres. Também não há acordo sobre o tempo de transição para a vigência das novas regras. O banqueiro Henrique Meirelles, o todo-poderoso ministro da Fazenda, insiste em implantar as maldades de imediato, sem qualquer transitoriedade. Já os "sindicalistas" e até outros integrantes do governo pregam alguma regra de transição para evitar a revolta dos trabalhadores que estão na ativa - principalmente em um ano de eleições municipais.

Na reunião desta terça-feira parece que o único consenso encontrado entre os oportunistas foi sobre a urgência da legalização da jogatina para "cobrir o déficit previdenciário". Segundo relato da Folha, "o governo demonstrou disposição em apoiar projeto de lei no Congresso Nacional que legaliza os jogos de azar no país, o que arrecadaria R$ 15 bilhões por ano e, como explicou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, criaria uma 'fonte permanente de arrecadação' para a Previdência Social. O Palácio do Planalto deixou claro, contudo, que as medidas sugeridas pelas centrais não seriam suficientes para quitar toda a dívida da Previdência Social". Daí a insistência na ampliação da idade da aposentadoria e na recusa em aceitar qualquer regra de transição. 

Empresários aplaudem a regressão

Ainda segundo o texto da Folha, "o Palácio do Planalto considera indispensável que propostas como idade mínima e igualdade entre gêneros tenham impacto a trabalhadores já inseridos no mercado de trabalho. As centrais sindicais [sic] já admitem a fixação de uma idade mínima, mas apenas para os novos contribuintes. Em relação ao gênero, elas discordam da igualdade, mas reconhecem que podem apoiar a redução da diferença de cinco para três anos". Haja traição! Será que o deputado Paulinho da Força terá coragem para defender estas regressões nas portas das fábricas de São Paulo? Esta tarefa não será fácil nem mesmo com a cobertura favorável da mídia patronal e manipuladora. 

Até agora, o golpe da Previdência orquestrado pelos neoliberais que tomaram de assalto o Palácio do Planalto só conta com o apoio entusiástico dos empresários. Em meados de maio, Henrique Meirelles viajou a Nova York, nos EUA, para participar de um convescote de ricaços brasileiros. Na ocasião, ele defendeu de forma enfática a imposição imediata da aposentadoria aos 65 anos, inclusive para os que estão na ativa. Foi aplaudido e bajulado. "Não tem jeito. Ou o Brasil quebra", comemorou Fábio Hering, dono da Hering. A pergunta que perturba até os golpistas, porém, é como será a reação do trabalhador, mesmo do "midiota" manipulado pela imprensa, que está prestes a se aposentar?

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