segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Censura pró Temer repercute no mundo

Foto: El Comercio
Por Cíntia Alves, no Jornal GGN:

Ao que tudo indica, se a intenção do interino Michel Temer é fingir que não existem protestos no Brasil contra sua permanência no poder em função do impeachment de Dilma Rousseff, a operação "abafa vaia" terá de ser reformulada para alcançar resultados melhores, além de ser estendida ao resto do mundo. Isso porque além dos atos "Fora Temer" Brasil afora, a censura aplicada pela Rio 2016 nos estádios também viraram alvos de reportagens da imprensa internacional.

Na última sexta, o GGN mostrou que o comitê organizador da Olimpíada decidiu lançar de regras que impedem manifestações de qualquer ordem - incluindo políticas - dentro dos espaços oficiais dos Jogos. Para dar guarida à medida que fere claramente a Constituição brasileira, o Ministério da Justiça de Temer disse que as normas da Rio 2016 estavam em conformidade com a lei assinada por Dilma no dia 10 de maio, que versa, entre outras coisas, sobre os direitos e deveres de torcedores dentro dos estádios.

A reportagem "Censurando protestos contra Temer, Rio 2016 viola a lei máxima" apontou que a lei desvirtuada pelo governo Temer para censurar protestos políticos na Olimpíada foi a 13.284/2016. Agentes policiais foram flagrados em vídeos abordando torcedores e ameaçando dar voz de prisão. O motivo? A mensagem "Fora Temer" em cartazes, camisetas, faixas ou até mesmo no grito dos insatisfeitos, de repente, virou uma "mensagem ofensiva".




Neste final de semana, o Washington Post reportou ao mundo que "por duas vezes, os espectadores foram removidos de seus assentos ou expulsos de estádios porque pediu a destituição do presidente interino, Michel Temer. (...) Estas últimas incidências de agitação política em eventos Olímpicos são seguidas de protestos durante as procissões da tocha olímpica ao redor do estado do Rio e de duas manifestações de rua antes de cerimônias de abertura de sexta-feira."


"Organizadores e porta-vozes do governo disseram que o regulamento da Rio 2016, bem como a lei brasileira aprovada em maio, significava que nenhum tipo de manifestação política é permitida nos Jogos. Críticos disseram que os espectadores estavam sendo censurados - uma palavra que tem conotações amargas em um país que vivia sob uma ditadura militar 1964-1985."

Na lei assinada por Dilma, há um inciso no artigo 28 afirmando que "é ressalvado o direito constitucional ao livre exercício de manifestação e à plena liberdade de expressão em defesa da dignidade da pessoa humana." Os organizadores dos Jogos endureceram os trechos que vetam o uso de objetos, como faixas ou bandeiras, mas quando as mensagens são discurso de ódio ou ofensa a minorias.

Ainda de acordo com o WP, a censura praticada na Olimpíada está no contexto de impopularidade de Temer. "Ele tem enfrentado crescente dissidência desde que assumiu o poder em 12 de maio, depois que o presidente Dilma foi suspensa por um processo de impeachment controverso. Ele tinha apenas 14 por cento de aprovação em uma pesquisa de julho - um ponto a mais do que Rousseff teve em abril - e foi ruidosamente vaiado durante a cerimônia de abertura de sexta-feira."

O New York Times escreveu que a expulsão de torcedores para blindar Temer "está alimentando um debate sobre os limites da liberdade de expressão em um país que permanece no limite, em meio a um período de extraordinária agitação política."


"Temer suportou um coro de vaias quando declarou brevemente o início dos Jogos Olímpicos durante a cerimônia de abertura na sexta-feira. (...) Muitos brasileiros não estão dispostos a aceitar que lhe digam onde eles podem protestar."

Na cerimônia de abertura, Temer contou com a colaboração da mídia eletrônica nacional, que ao transmitir o ato tentou relativizar as vaias. O apresentador Galvão Bueno chegou a dizer que ouviu vaias, mas também alguns aplausos a Temer.

Inconstitucional

Ainda sobre a censura, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, disse que "levar uma placa ou cartaz dizendo fora quem quer que seja, pacificamente, é uma legítima manifestação da liberdade de expressão e, logo, não cabe este tipo de cerceamento" por parte da Rio 2016.

Ao GGN, o criminalista William Cesar Pinto de Oliveira disse que a proibição afronta a nossa Constituição e que todo torcedor que passar pelo contrangimento de ter seu direito à livre manifestação podado deve registrar um boletim de ocorrência e procurar a Justiça.


Alguns torcedores decidiram usar do jocoso jogo de cintura brasileiro para lidar com a situação de censura prévia.

Nas redes, nesta segunda (8), circulam imagens do uso de cartazes com a mensagem "Fora vocês sabem quem". Há a alusão ao filme Harry Potter, no qual existe um personagem chamado Lord Voldemort, "aquele que não pode ser nomeado" - como Temer.

Reações de brasileiros aos jogos

A censura nos estádios não foi o único assunto que repercutiu na mídia internacional. A reação de brasileiros à Olimpíada também foi citada pelo NY Times.

Segundo o jornal, o brasileiro reagiu de três maneiras à chegada dos Jogos: primeiro, houve "raiva", com alguns grupos se organizando para apagar a tocha, enquanto outros usaram em seus carros adesivos com os anéis olímpicos reorganizados para "formar uma palavra de quatro letras" - possível o "Fora" do "Fora Temer".

O segundo sentimento foi a ansiedade. "Com humor negro em meio a uma onda de crimes e temores de terrorismo, um jogo de bingo está circulando para as pessoas apostarem em qual dia durante os Jogos irá ocorrer um ataque."

A terceira reação foi a "indiferença", com a "gigante Globo" não se importando em transmitir os jogos olímpicos no domingo à tarde, preferindo, no lugar disso, dar espaço a campeonatos nacionais de futebol.



1 comentários:

Anônimo disse...

Ou, a gente arruma 28 senadores, com vergonha na cara, ou, nunca mais teremos eleições diretas no BraZil !!!
ADEUS 2018 !!!
O BraZil já é uma Ditadura "Provisória" de Extrema Direita, subordinada aos U$A !!!