segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Mais de 500 escolas ocupadas. Cadê a mídia?

Foto: Maxwell Vilela/Mídia NINJA
Por Altamiro Borges

O jornalista Matheus Moreira, da revista Fórum, informa nesta segunda-feira (17) que 510 escolas em vários Estados estão ocupadas por jovens em luta contra os retrocessos na educação anunciados pelo covil golpista. A matéria se baseia em dados divulgados pelo site da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). "As primeiras ocupações começaram no dia 22 de setembro após o anúncio da reformulação do ensino médio por medida provisória, feito pelo presidente empossado Michel Temer. As ocupações se expandiram e ganharam novas pautas, como a PEC-241, que limita gastos públicos, e a conhecida Lei da Mordaça (Escola sem Partido)". A força da mobilização, porém, não é destaque na mídia chapa-branca. É como se as escolas vivessem na maior calmaria e normalidade.

Na avaliação da diretoria da UBES, a PEC-241 - também batizada de PEC da Morte - "representa um dos maiores ataques aos direitos sociais no Brasil". Aprovada em primeiro turno na Câmara Federal, ela terá efeitos destrutivos na educação, reduzindo os investimentos no setor pelos próximos 20 anos. "Já a Lei da Mordaça prevê que as escolas e seus funcionários não se posicionem sobre questões políticas, o que, na prática, pode significar a exclusão do debate de gênero, raça, sexualidade e religião, sob o falso pretexto de não defesa de um partido em detrimento do outro". E o projeto de reestruturação do ensino médio, que elimina a obrigatoriedade de várias disciplinas, rebaixará a qualidade do ensino, transformando a educação em adestramento para o mundo do trabalho.

Ainda segundo a reportagem da Fórum, o principal foco de resistência a estas regressões se encontra no Paraná, governado pelo tucano Beto Richa, famoso repressor de professores e estudantes. O estado registra até agora 461 das escolas ocupadas em 63 cidades, além de seis universidades que aderiram aos protestos. A própria Secretaria Estadual de Educação reconhece a força do movimento, avaliando que 300 unidades estão paralisadas e que cerca de 300 mil alunos estão sem aulas. A mobilização deve ganhar ainda mais ímpeto nesta semana, segundo o Movimento Ocupa Paraná, que reúne várias entidades da sociedade civil. Em assembleia realizada no feriado de 12 de outubro, os professores da rede estadual aprovaram a deflagração de uma greve geral a partir desta segunda-feira (17).

Será que a mídia chapa-branca, que teve suas verbas de publicidade multiplicadas pelo covil golpista, finalmente dará a devida cobertura jornalística a esta onda crescente de ocupações nas escolas? Historicamente, a imprensa patronal adota dois padrões de manipulação no trato das lutas populares. Num primeiro momento, ela tenta invisibilizar as mobilizações. "O que não sai no Jornal Nacional da TV Globo não existe" - afirmam os especialistas no tema. Na fase seguinte, com o crescimento das adesões, ela investe pesado para criminalizar os manifestantes, ajudando a criar o clima para a violenta repressão. A conferir como ela irá se comportar nesta semana!

4 comentários:

Anônimo disse...

"A imprensa separa o joio do trigo. E publica o joio".
Adlai Stevenson

Anônimo disse...

Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma
Joseph Pulitzer

Anônimo disse...

O jornal exerce todas as funções do defunto Satanás, de quem herdou a ubiquidade; e é não só o pai da mentira, mas o pai da discórdia.
Eça de Queirós

Anônimo disse...

"A Globo informa o que quer e como quer, desde que isso não vá contra o pensamento oficial. Se existe um poder soberano neste país, ele é a Rede Globo de Televisão. E o mais importante é que ela exerce esse poder graças ao Governo Federal, e sem ter sido eleita por pessoa alguma. Só em uma ditadura poderia existir semelhante poder sem controle social"

Betinho