quarta-feira, 4 de maio de 2016

Frente ao golpe, a mobilização popular!

Foto: Lizely Borges
Por João Pedro Stedile, no jornal Brasil de Fato:

Nos dias 10 ou 11 de maio, o Senado vai afastar a presidenta Dilma temporariamente do seu mandato. E, na sequência, em 48 horas ela deve se refugiar no Palácio da Alvorada ou na Granja do Torto.

Assim como na Câmara dos Deputados, ninguém conseguiu apresentar provas concretas de que a presidenta tenha cometido algum crime. A acusação de pedaladas fiscais - feitas no processo por uma advogada transloucada - é tão absurda que na Câmara a maioria de seus apoiadores respondem por processos de corrupção e podem ser cassados pelo Supremo Tribunal Federal. Ou seja, os votantes, sim, eram os criminosos.

Pedalada contra o povo pode

Por Marcelo Zero

Prossegue no Senado a farsa do impeachment sem crime de responsabilidade.

Agora, a tarefa dos golpistas na Câmara Alta é tentar desfazer a péssima impressão que a votação desavergonhada da Câmara Baixa provocou em todo o mundo. Tentarão convencer o planeta de que o golpe não é golpe, de que Cunha et caterva fazem parte das cortes celestiais e de que Temer é exemplo de lealdade e desinteressado republicanismo.

Para tanto, cumprirão rigorosamente o regimento e os ritos e tentarão se comportar como entes racionais. Não gritarão, não invocarão o nome de Deus em vão, não farão odes extemporâneas à família, aos cachorros e aos papagaios. Evitarão mencionar os exemplos edificantes de torturadores. Tentarão se distanciar daquilo que o escritor português Miguel Souza Tavares denominou apropriadamente de “assembleia geral de bandidos”.

Plano Temer é a volta da privataria

Por Tadeu Porto, no blog O Cafezinho:

Uma das grandes características de uma ruptura institucional é tentar impor uma agenda impopular, daqueles que não conseguem passar pelo crivo democrático (muito comumente exercido pelo voto), justamente por adotar uma política onerosa para a maior parcela do povo, beneficiando, na esmagadora maioria das vezes, uma pequena parcela da população.

Não é diferente com o golpe que estamos vivendo no Brasil, uma ação rasteira e baixa da plutocracia nacional que não aceitou perder, pela quarta vez seguida, as rédeas da política nacional e encontrou na manipulação de massa, aliada a insatisfação e alienação popular, uma saída para colocar de volta a política “bem sucedida” (pra elite) no liberalismo do PSDB, concentrando renda nas mãos de poucos e voltando a dar privilégios para a classe mais abastada do país.

Um golpe dos donos de escravos no Brasil?

Por Greg Grandin, no site Carta Maior:

Entre os opositores da combatida - e ameaçada de perder o cargo - presidente do Brasil, Dilma Rousseff, existe um grupo com interesses comuns que se pensava haver perdido seu poder político há cerca de um século: os donos de escravos. Há alguns dias um artigo no The New York Times, que documentou os muitos crimes dos políticos envolvidos no processo de impeachment, disse o seguinte acerca de Beto Mansur, um ardoroso deputado em sua oposição ao Partido dos Trabalhadores : “Ele é acusado de manter 46 trabalhadores em suas fazendas de soja no Estado de Goiás em condições tão deploráveis que os investigadores disseram serem eles tratados como escravos modernos.”

"Monopólio da mídia é golpe!"

Do site do FNDC:

Está mais do que evidente a participação dos meios de comunicação do Brasil na construção e defesa do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. Com um sistema de mídia concentrado em poucos grupos econômicos, a cobertura da crise política e dos casos de corrupção tem sido seletiva e desequilibrada. De um lado, o foco quase exclusivo na desmoralização do PT e do governo; de outro, os casos de corrupção envolvendo os adversários políticos do governo são praticamente ignorados ou, quando muito, tratados com superficialidade.

Estamos mergulhados no cinismo

Por Amanda Cotrim, na revista CartaCapital:

Vivemos um momento peculiarmente delicado, em que, apesar de não haver uma censura declarada como na ditadura civil militar brasileira, há um silêncio institucional para que algumas ideias não circulem.

Vemos isso quando a Justiça proíbe que universitários debatam o momento político, protestos são violentamente reprimidos pela polícia, ou quando a imprensa tenta nomear manifestações como sendo “a favor de Dilma”, silenciando o sentido delas serem pela democracia. Além do silêncio institucional, o momento também revela certo modo cínico da sociedade contemporânea.

Perrella é o primo paraguaio de Anastasia

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

Imediatamente após ser indicado pelo senador Fernando Collor para compor a comissão do impeachment, o senador Zezé Perrella foi à tribuna do Senado para cobrar rapidez na conclusão do processo. ”O país não aguenta mais”, disse.

Se a Justiça usasse contra Perrella o mesmo critério que ele cobra de seus colegas senadores - celeridade -, seria grande a chance de Perrella já estar com a ficha suja, tantos são inquéritos e processos a que ele responde.

Cunha cuida de Dilma, STF de Lula!

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O Globo publica hoje, candidamente, que o Supremo vai esperar a queda de Dilma para não ter de julgar o ato de nomeação de Lula, há quase dois meses, para a chefia da Casa Civil.

“A tendência é o Tribunal adiar o julgamento até Dilma deixar o cargo, com o processo de impeachment. Dessa forma, a nomeação não seria mais uma questão a ser analisada pelo Judiciário, porque a presidente não estaria mais no comando. O caso chegou a ser pautado no último dia 20, mas os ministros do STF avaliaram que o melhor era mesmo adiar a decisão até a definição sobre o processo de afastamento da presidente.”

Como Temer trama o retrocesso

Por Carlos Frederico Rocha, no site Outras Palavras:

Ao se colocar como alternativa à presidência, o vice-presidente Michel Temer preparou um documento sobre quais seriam as linhas gerais seguidas em um suposto governo de substituição à presidente Dilma Roussef. O documento se chamou “Uma ponte para o futuro” [i1]. Este texto procura apresentar criticamente suas principais propostas e desenhar um possível cenário, caso a hipótese de impedimento da presidente venha a se verificar.

Marcha na Paulista contra mídia golpista

Do site da UJS:

Na próxima quinta (05), o FNDC, a Frente Brasil Popular e diversos movimentos sociais ligados a pauta da democratização da comunicação realizarão uma aula pública seguida de uma caminhada até a antena da Rede Globo, na Avenida Paulista, para marcar a luta contra o golpismo levado a cabo pela grande mídia, e principalmente pela própria emissora carioca.

A concentração acontece às 18 horas, no vão livre do Masp, na capital paulista. A antena da Rede Globo fica na própria avenida.

Censura ressurge em "época de trevas"

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

É cada vez mais frequente, no âmbito das instituições brasileiras, intervenções que apontam para o ressurgimento da censura. Na sexta-feira (29), uma liminar da 9ª Vara Cível de Belo Horizonte proibiu que ocorresse uma assembleia estudantil que iria debater o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Um dia antes, o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel foi alvo de protestos no Senado, onde denunciou o golpe de Estado. Por exigência da oposição, a palavra “golpe” foi retirada dos registros de sua fala. Na segunda-feira (2), o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) dirigiu-se ao advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, dizendo que ele estava “impedido" de usar a mesma palavra.

Ataque a Lula visa enfraquecer resistência

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A notícia de que o PGR Rodrigo Janot decidiu denunciar Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato era previsível demais para causar qualquer surpresa.

Do ponto de vista da oposição articulada para derrubar Dilma, ao colocar uma espada sobre o destino de Lula o PGR realiza um movimento tático importante. Qualquer que possa ser seu fundamento técnico, qualquer que seja o desdobramento jurídico, a denuncia envolve a liderança popular que, pela força de seu papel na história do país, tornou-se a primeira voz no esforço para tentar impedir a consumação de um pedido impeachment que, sem a demonstração de crime de responsabilidade, assume o perfil escancarado de golpe de Estado.

Impeachment: expectativa e realidade

Por Murilo Cleto, na revista Fórum:

O governo Temer, ao menos o provisório, já é questão de dias. Chega ao fim um longo ciclo que teve início no dia seguinte à reeleição de Dilma e que contou com forte engajamento partidário, social e empresarial na luta, segundo a alegação, por um país livre da corrupção e do desemprego.

E há, evidentemente, quem tenha embarcado na caravana do impeachment com expectativas genuínas como estas. Mas o desenrolar dos fatos tem demonstrado que a realidade tem tudo para sair bem diferente da expectativa. E uma reflexão sobre cada uma destas expectativas é necessária, à medida que se anuncia um novo Brasil.


Afugentar as assombrações golpistas

Por Haroldo Lima, no blog de Renato Rabelo:

Chegamos a uma grande inversão de valores. O “avesso do avesso do avesso do avesso” aconteceu aos nossos olhos, há poucos dias: corruptos bradando contra a corrupção, numa Câmara presidida por um corrupto, para retirar do poder uma mulher que não é corrupta. A história, algum dia, contará todo esse transe.

Mostrará, constrangida, como uma camada da população não aceitou que pobres tivessem acesso à universidade e pudessem viajar de avião; como políticos, derrotados nas urnas, em 2014, insurgiram-se contra a vontade do eleitorado; como pautas-bomba foram explodidas no Parlamento para desestabilizar o governo e o país.

O xadrez do impeachment de Temer

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

O fato novo, que surgiu no fim da noite de ontem, foi a provável inabilitação de Michel Temer para as próximas eleições, como efeito de sua condenação em segunda instância pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo. É mais uma peça nesse nosso xadrez absolutamente imprevisível. Não afeta seu mandato atual, mas o impedirá de se candidatar em 2018.

Acompanhe os próximos lances.