segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Discurso de Dilma repercute no mundo

Por Altamiro Borges

Os golpistas fizeram de tudo para evitar a presença de Dilma Rousseff diante do tribunal de exceção do Senado na manhã desta segunda-feira (29). Espalharam boatos e estimularam a cizânia. Temiam a repercussão do seu pronunciamento - no Brasil e no mundo. A pressão dos covardes, porém, não deu resultado. "Coração valente", a presidenta foi ao plenário - acompanhada de artistas, intelectuais e de lideranças políticas e sociais - e fez um discurso altivo e contundente. Durante horas, Dilma também aguentou as provocações dos falsos moralistas, respondendo com firmeza aos algozes. O efeito foi imediato. Nas redes sociais, a hashtag #Pelademocracia foi a mais acessada no twitter mundial. Na imprensa internacional, o histórico discurso teve ampla repercussão.

Aécio: "o primeiro a ser comido" no Senado

Por Altamiro Borges

Em seu histórico discurso no Senado na manhã desta segunda-feira (29), a presidenta Dilma mandou um recado direto para o cambaleante Aécio Neves, presidente do PSDB. "Desde a proclamação dos resultados eleitorais, os partidos que apoiavam o candidato derrotado nas eleições fizeram de tudo para impedir a minha posse e a estabilidade do meu governo. Disseram que as eleições haviam sido fraudadas, pediram auditoria nas urnas, impugnaram minhas contas eleitorais, e após a minha posse, buscaram de forma desmedida quaisquer fatos que pudessem justificar retoricamente um processo de impeachment. Como é próprio das elites conservadoras e autoritárias, não viam na vontade do povo o elemento legitimador de um governo. Queriam o poder a qualquer preço".

A grande imprensa e o governo do golpe

Por Paulo Kliass, na revista Caros Amigos:

Um dos aspectos mais importantes que devem ser creditados ao sucesso da “operação golpeachment” refere-se ao papel exercido pelos grandes meios de comunicação ao longo de todo o processo. A participação da grande imprensa foi essencial para ajudar no estabelecimento de uma leitura hegemônica a respeito da inevitabilidade do afastamento da Presidenta.

Muito já foi pesquisado e escrito a respeito das relações incestuosas da tríade estabelecida entre “mídia, poder e dinheiro”. O caso brasileiro ocorrido entre 2014 e 2016 vai se transformar certamente em objeto de um sem-número de dissertações, teses, livros e filmes. A vitória de Dilma em sua campanha pela reeleição só foi possível graças à intensa mobilização popular que se verificou entre o primeiro e o segundo turnos durante o mês de outubro de 2014. A partir dali tem início uma ampla articulação conservadora visando impedir que Rousseff conseguisse chegar ao final de seu segundo mandato.

O contundente discurso de Dilma

Foto: Jonas Pereira/Agência Senado
Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

Diferentemente do senador Álvaro Dias (PV-PR), que, em entrevista, afirmou que o discurso de Dilma Rousseff no Senado foi “bom em retórica”, analistas ouvidos pela RBA consideraram o pronunciamento na manhã de hoje politicamente eficiente. “Eu temia que ela fosse para argumentos muito técnicos, mas ela deu um tom político claro à fala. Deu a base da estrutura do processo de impeachment e marcou uma posição importante. Não foi tímido, foi um discurso quente, que se posicionou, teve lado, e não tentou ir para uma linha tecnicista”, diz o cientista político Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC (UFABC).

Dilma usa as vestes da democracia

Por Hildegard Angel, em seu blog:

Enquanto se desenvolve a sessão da defesa da presidenta Dilma, vai se consolidando a convicção de que não é Dilma Rousseff que está no banco dos réus, é a nossa Democracia, é um projeto que ousou contemplar o Brasil como um todo, contemplar o povo brasileiro, a nossa soberania.

E isso cada vez mais, na medida em que vemos se apresentarem senadores com textos decorados, discursos trazidos de casa na pontinha da língua, como se estivessem blindados a qualquer argumentação, surdos e cegos às verdades que lhes são hoje ditas, arraigados aos objetivos fisiológicos que os levam, com sede ao pote, a pretender um golpe, que podará todos os direitos às minorias, às mulheres, aos trabalhadores, com a precarização das leis trabalhistas, a “flexibilização” da CLT e, com isso, de todos os direitos trabalhistas, o congelamento de despesas com saúde e educação por 20 anos, a desvinculação das pensões e aposentadorias ao salário mínimo, relegando nossos idosos e deficientes à absoluta miséria, privatizando todas as nossas riquezas, sem para isso tenha havido aprovação popular…

Dez sugestões aos cínicos golpistas

Por Gilson Caroni Filho, no Jornal GGN:

1. Votei em Dilma e voltaria a fazê-lo se os seus oponentes fossem os mesmos.

2. Não me agradou o fato de ela ter adotado a agenda neoliberal, mas isso não justifica impeachment. Afastar uma presidente, eleita legitimamente, sem provas concretas de sua culpabilidade, é golpe. Não sejam cínicos.

3. A situação econômica do país não é justificativa para remoção de uma mulher que pode ter mil defeitos, mas é honesta. Lembrem-se que foi o esgotamento da política neoliberal de FHC que levou Lula a assumir a presidência da República, em eleições limpas, no já distante ano de 2002. Se estavam descontentes com o governo atual que esperassem 2018. Não sejam cínicos.

Aécio Neves, "o candidato derrotado"

http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/
Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Uma das melhores cenas da sessão da manhã do Senado foi quando Dilma citou o “candidato derrotado”. Dilma sublinhou o adjetivo “derrotado”.

Sem que nada houvesse sido obviamente combinado, a câmara da TV Senado se fixou em Aécio. E os memes se multiplicaram pelas redes sociais.

É assim que Aécio, o Abominável Aécio das Neves, vai passar para a história. Como o candidato conservador que ao ser batido nas urnas iniciou o processo de golpe que tragicamente vai chegando ao fim.

Um discurso para a História

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Por Breno Altman, em seu blog:

A presidente Dilma Rousseff não falou apenas como uma governante ameaçada por um golpe de Estado, mas como combatente pela democracia e pela justiça.

Seu discurso foi limpido e emocionante. Acusou seus acusadores. Desmascarou seus interesses. Expôs suas manobras e falsidades. Apontou o caráter de classe do golpismo.

Declarou sua inocência com altivez e dignidade. Portou-se, perante as ratazanas do Senado, com a mesma firmeza de mirada com a qual, há mais de quarenta anos, enfrentou seus algozes em um tribunal militar.

Na farsa do Senado, só falta o Cunha

Por Jeferson Miola

A imprensa internacional exprime com absoluta precisão a verdade que a Globo e a imprensa golpista do Brasil escondem.

No mundo inteiro o impeachment é divulgado pelo que é: um golpe de Estado, um atentado à democracia e à Constituição; uma farsa montada por políticos corruptos para derrubar uma Presidente inocente.

O francês Le Monde avalia em editorial que “se esse não é um golpe de Estado, é no mínimo uma farsa”. Para o inglês The Guardian, “o impeachment de Dilma é tragédia e escândalo”. O argentino Página12, por exemplo, lançou o livro “Golpe no Brasil – genealogia de uma farsa”. O New York Times alerta que estão “tentando tirar a líder do Brasil, mas enfrentam acusações contra si mesmos”.

Duvivier e o poema do "Fora Temer"



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Poemas inéditos de Temer revelam novas facetas do interino

Gregorio Duvivier - Folha de S.Paulo, 29 de agosto

POÉTICA

Chamar-me-ão de vampiro
De golpista ou morto-vivo
Chamar-me-ão de mordomo
Ou de vice decorativo
Alguns me chamam de Drácula
Outros usam Nosferatu
Alçaram-me à presidência
Pra acabar com a Lava Jato
Confessar-vos-ei meu nome
Antes que eu me vá embora
Meu segundo nome é Temer
Meu primeiro nome é Fora

O discurso histórico de Dilma no Senado

Foto: Jornalistas Livres
Por Altamiro Borges

Sem se intimidar diante dos seus algozes - com a mesma altivez que enfrentou os generais no tribunal de exceção da ditadura militar -, a presidenta Dilma Rousseff apresentou a sua defesa na sessão do Senado desta segunda-feira (29). "Coração valente", ela encarou os senadores: "Diante das acusações que contra mim são dirigidas, não posso deixar de sentir novamente o gosto amargo da injustiça e do arbítrio. Mas como no passado, resisto. Não esperem de mim o obsequioso silêncio dos covardes". Ao falar sobre o êxito das Olimpíadas no Brasil, ela chorou. Dilma também criticou o papel nefasto da mídia no golpe. Vale conferir a íntegra do seu discurso, que entrará para a história:

Chico Buarque e o manifesto dos artistas

Guilherme Boulos, do MTST, Chico Buarque, Lula e João Paulo, do MST
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Por Altamiro Borges

Antes de se dirigir ao "tribunal de exceção" do Senado na manhã desta fatídica segunda-feira (29), a presidenta Dilma se encontrou com Chico Buarque no Palácio da Alvorada. Segundo postagem da sua assessoria nas redes sociais, "o cantor e compositor veio prestar seu apoio à presidenta Dilma. Ele acompanhará o depoimento dela ao Senado. Conversaram, no Alvorada, sobre a canção 'Apesar de você', que marcou a juventude da presidenta, durante a ditadura". Vários outros artistas, intelectuais, parlamentares, ministros e lideranças dos movimentos sociais foram convidados para ouvir o discurso de defesa da governante contra o "golpe dos corruptos" no plenário do Senado.