sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Errar é humano, insistir é Temer!

Da revista Fórum:

O presidente Michel Temer insistiu no erro de ontem (05), quando chamou o massacre de Manaus de acidente. O presidente postou em seu Twitter sinônimos da palavra “acidente”, como tragédia, perda, desgraça, fatalidade. De acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 5ª edição, de 2010, acidente significa “acontecimento casual, fortuito, imprevisto, acontecimento infeliz, casual ou não, e de que resulta ferimento, dano, estrago, prejuízo, avaria, ruína, etc., desastre”.

Já para o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, acidente significa “qualquer acontecimento, desagradável ou infeliz, que envolva dano, perda, lesão, sofrimento, ou morte”.

Opinião de especialistas

Formado em letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestre pela PUC-Rio, o professor da língua portuguesa Sérgio Nogueira avaliou ao G1 que o uso do termo “acidente” não é “adequado” para o episódio envolvendo a rebelião no presídio em Manaus.

“[O termo] ‘acidente’ não é adequado. Isso [a rebelião] não é acidente. Mas daí é subjetivo. A palavra ‘acidente’ é aquilo que acontece ao acaso, e não é bem o caso [de Manaus]. É uma tentativa de suavizar”, avaliou.

Também formado em letras pela UFRGS, mestre e doutor em língua portuguesa, Cláudio Moreno disse ao G1 que, na avaliação dele, o presidente usou o termo adotando um conceito de que a palavra “acidente” está relacionada a um acontecimento desagradável, com perda e morte.

“O que se pode criticar é a escolha da palavra ‘acidente’. Acidente sugere que foi uma coisa fortuita, [que] não era previsível. Ele [Temer] quer dizer que é uma coisa pontual, não é normal. Agora, para outros, não é acidente porque já estava anunciado. Então, usar a palavra ‘acidente’ seria uma maneira de querer ‘tirar o corpo fora’. Por isso, a escolha de palavras é a retórica política”, disse.

“Poderia ser ‘tragédia’, poderia ser ‘catástrofe’. Ele [Temer] usou ‘acidente’ porque as pessoas escolhem as palavras de acordo com a sua ideologia. A discussão vai se dar no nível ideológico e não no nível das palavras, porque em ambos os casos está certo. Toda escolha de palavras implica um posicionamento de ideias. […] As palavras têm que ser muito bem pesadas para o que as pessoas querem dizer, qualquer assessor de imprensa tem que saber isso”, completou.

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