quinta-feira, 27 de abril de 2017

A amplitude do "Projeto Brasil Nação"

Por Altamiro Borges

Diante da acelerada devastação do país promovida pela quadrilha que assaltou o Palácio do Planalto, um grupo de intelectuais, liderado pelo economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, produziu o manifesto “Projeto Brasil Nação”, que será lançado nesta quinta-feira (27), na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. O texto é resultado de sete reuniões e de várias conversas bilaterais que aprofundaram o diagnóstico sobre a grave crise nacional e que visaram produzir uma plataforma para a superação das atuais dificuldades. O manifesto é uma importante contribuição para a criação urgente de uma ampla frente, que reúna os setores democráticos e patrióticos, em defesa da nação brasileira – hoje ameaçada pela regressão patrocinada pelo Judas Michel Temer.

Reproduzo abaixo o artigo da jornalista Eleonora de Lucena, que foi editora-executiva da Folha de S.Paulo de 2000 a 2010. O texto ajuda a entender o enorme significado do lançamento do manifesto, que deverá dar a largada para a formação de um amplo movimento nacional em defesa de um Brasil justo, soberano e democrático. A ideia inicial é que o documento seja lançado em outros Estados e que várias rodadas de conversas com os movimentos sociais e lideranças políticas ajudem a aperfeiçoar as propostas concretas para a superação da atual barbárie no país.

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Projeto Brasil Nação

Por Eleonora de Lucena

Folha de S.Paulo – 27/04/2017

O que há em comum entre o massacre de Colniza (MT), o fim da CLT, o esquartejamento da Petrobras e a reforma da Previdência? Existe ligação entre o desemprego alarmante, o sufocamento da indústria e a estratosférica taxa de juros?

E qual a conexão entre as centenas de jovens negros e pobres mortos pela PM paulista, o fim de programas científicos e culturais e o aniquilamento da Constituição de 1988?

Os dados fragmentados do noticiário remetem para o contexto maior de uma realidade aflitiva: a destruição do país e a violência contra os mais fracos e pobres. É a sanha para desmantelar o Estado, atacar direitos, beneficiar rentistas e enxovalhar a soberania que está no pano de fundo da torrente de retrocessos civilizatórios, assaltos a direitos e sequestros da democracia e da autonomia nacional.

Passado um ano do início do processo de impeachment, o país está bem pior. Sob o governo golpista, retrocedeu anos. A meta dos mandantes parece ser voltar à República Velha, destroçando conquistas sociais e submetendo abertamente o país a interesses externos. É possível que, no futuro, crimes de lesa-pátria possam ser julgados, jogando no lixo os atos da súcia.

Aturdida, a população assistiu à avalanche de prepotência, arrogância e desrespeito. Agora, começa a reagir com mais força. Sindicatos e movimentos sociais atuam de forma mais ativa e suas mobilizações repercutem na sociedade.

A greve geral, marcada para esta sexta (28/4), promete ser um repúdio vigoroso ao amontoado de sandices em maquinação pelo governo antinacional e antipopular. Há mais.

A igreja católica saiu do silêncio e passou a se manifestar contra os ataques a direitos. Padres fazem convocações para as mobilizações de protesto. Ecoam, finalmente, os repetidos alertas do papa Francisco.

O empresariado está desapontado com as ações do governo ilegítimo. De um lado, há desilusão com as promessas róseas de recuperação. De outro, há frustração pelos sucessivos golpes para as empresas nacionais, que só vislumbram encolhimento de mercados, aqui e no exterior. Simplesmente o golpe não surtiu o efeito esperado por certa elite.

No Congresso, as manobras são cada vez mais custosas, e a chamada base aliada se esfarela. Do exterior, vozes expressam crítica ao golpe que feriu a democracia brasileira e ameaça o processo eleitoral do ano que vem. O capitalismo financeiro, entrando no seu décimo ano de crise profunda, desgosta da vontade popular e esfrangalha as sociedades.

Nesse quadro, intelectuais, artistas, empresários, profissionais liberais, cientistas, sindicalistas e lideranças de movimentos sociais decidiram falar. Lançam nesta quinta (27) o manifesto do Projeto Brasil Nação.

O texto, criação coletiva de dezenas de pessoas de diferentes matizes, afirma que o atual desmonte do país "só levará à dependência colonial e ao empobrecimento dos cidadãos, minando qualquer projeto de desenvolvimento".

O grupo, apartidário, aponta que o ataque em curso foi desfechado num momento em que o Brasil se projetava como nação, se unindo a países fora da órbita exclusiva de Washington. Com isso, contrariou interesses poderosos do Norte.

O documento recupera os objetivos gerais que cimentam a sociedade brasileira: democracia, soberania, diminuição da desigualdade, desenvolvimento, proteção ao ambiente. Esboça propostas econômicas e conclama ao debate para a formulação de um projeto de nação com autonomia e inclusão.

É hora de reflexão e ação. Hoje, às 18h, no largo do São Francisco, o Projeto Brasil Nação está sendo colocado na rua. Saiba mais pelo site www.bresserpereira.org.br

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1 comentários:

Anônimo disse...

Tu sabe quem começou a 'devastação' do Brasil, não é?