domingo, 28 de maio de 2017

Quem tem medo da eleição direta?

Rio de Janeiro, 28/5/17. Foto: Mídia Ninja
Por Ergon Cugler, no site da UJS:

Temer se demonstra cada vez mais insustentável. Ao lado de suas reformas que atacam direitos do povo brasileiro, em especial dos trabalhadores e trabalhadoras, carrega a maior impopularidade das últimas décadas e se segura por um fio fino, tecido por acordões, propinas e pela tragédia de um projeto neoliberal que busca se enraizar no Brasil.

O curioso é que a Rede Globo já se encampou de mudar sua tática perante Temer. Antes isentava sua figura da tragédia do governo, apontando minúsculas movimentações no cenário econômico como algo positivo e fazendo do presidente ilegítimo um “presidente certo na hora certa”, mas quando nasce a possibilidade de eleições indiretas ao lado de sua impopularidade caótica, não sobra um grande empresário que consiga defender Temer.

A realidade é que todo este setor que apoiou o processo de impeachment de Dilma Rousseff por interesses financeiros, hoje não pode mais utilizar de Temer como garoto propaganda da “ponte para o futuro”. Há necessidade no mercado de alguém novo, que fuja do debate político e se agarre em um debate oportunista de anti-corrupção. Aécio Neves poderia ser este garoto propaganda, tendo em vista seu peso dentro do PSDB e nas últimas eleições, no entanto a Rede Globo também tem a expertise de identificar em Aécio a marca da corrupção de forma explícita e intensifica, portanto, seu isolamento para, além de fazer uma média, garantir espaço para o tal novo personagem.

Eleições indiretas são o caminho mais fácil para este setor das gigantes empresariais consagrarem o projeto que hoje está nas mãos de Temer, até porque para isto seria necessário apenas pagar propina sob os votos dos parlamentares e sabemos muito bem que dinheiro é o que não falta para estes que lucram com a queda da nação.

Precisamos ter no radar que, mesmo via eleições diretas, este setor disputará com personagens como João Dória, Roberto Justus ou, até mesmo, Luciano Huck – aqueles que adoram dizer que não são políticos, mas “gestores” e que, sendo ricos, não teriam motivos para roubar dos cofres públicos – mas ao menos assim teremos a oportunidade de desmascarar a tragédia e os interesses por trás deste projeto lesa-pátria.

Para o setor que visa entregar o Brasil ao capital estrangeiro com novos garotos propaganda não existem limites. Sua investida será com Temer, com eleições indiretas ou mesmo com eleições diretas, mas o que sabemos é que a única forma de derrotar este projeto é dando ao povo o poder de decidir, pois o desespero de forçar eleições indiretas é por saber que o projeto de entrega do país e redução de direitos básicos jamais passariam pelas urnas.

Precisamos tensionar, mais do que nunca, e garantir a construção de três passos pela saída da crise política e econômica que o Brasil enfrenta: 1. Fora Temer, com sua queda através das mobilizações populares; 2. Diretas Já, dando ao povo o poder de decidir o futuro do país e, finalmente, legitimidade a algum governo; 3. Soberania Nacional, ao garantir o fortalecimento de um projeto huno, que combata o entreguismo e garanta direitos ao povo brasileiro.

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