quinta-feira, 6 de julho de 2017

Nem o “mensalão” do Temer salva a Veja

Por Altamiro Borges

Em sua página na internet, o jornalista Fernando Rodrigues informa que “a Veja mais do que dobrou sua receita com propaganda estatal em um ano. Passou de R$ 5,1 milhões em 2015 (sob Dilma) para R$ 11,2 milhões em 2016 (Dilma até maio e Temer de maio a dezembro). Com a exceção das revistas Veja e Época, todos os grandes veículos de imprensa (TVs, jornais, revistas e portais de internet) tiveram redução no valor recebido em propaganda da União em 2016. O ano de 2016 foi o 3º consecutivo de redução nas verbas de publicidade da União para a TV Globo. A emissora recebeu R$ 323,8 milhões, o que significou uma queda de 26% sobre 2015. Foi o menor valor desde que os dados começaram a ser computados, em 2000”.

O jornalista “investigativo”, que adora desqualificar a mídia alternativa – rotulando-a de petista e de outros adjetivos –, evita fazer críticas ao privilégio concedido à publicação da famiglia Civita – que poderia ser chamada de “golpista”, “tucana”, “sensacionalista” ou até de “lixo tóxico”. Ele também não explica porque uma revista em crise, editada por um grupo empresarial que pode ser forçado a mudar de endereço por atraso no pagamento do aluguel, mereceu este tratamento superespecial do usurpador Michel Temer. Será que este “mensalão” foi pelos serviços sujos prestados na orquestração do golpe dos corruptos? Ou foi pelo apoio militante às contrarreformas trabalhista e previdenciária?

Sobre a decadência da Editora Abril, reproduzo artigo postado nesta quarta-feira (5) no imperdível blog Diário do Centro do Mundo:

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A mudança forçada de endereço da Editora Abril, que publica a Veja, é só a face mais visível de uma crise sem saída à vista

Por Miguel Enriquez

Aventada há dois anos, a mudança do QG do Grupo Abril, dono da maior editora do País, voltou à ordem do dia.

Desta vez, a iniciativa seria da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco de Brasil, proprietária do Birmann 21, o vistoso prédio de 25 andares, 61 780 metros quadrados de área e 149 metros de altura.

Segundo fontes familiarizadas com a empresa da família Civita, o motivo seria a inadimplência – em bom português, o não pagamento – dos alugueis devidos pelos dez andares atualmente ocupados, há pelo menos um ano.

A saída da Abril, que entre 1997 e 2015 foi a única inquilina do edifício, teria sido uma iniciativa da Previ, de olho na valorização dos imóveis corporativos na região, às margens do Rio Pinheiros, em São Paulo.

Visto com reservas desde sempre por muitos antigos executivos do grupo — mesmo nos períodos de abundância — por seu alto custo, o suntuoso prédio tornou-se um fardo para a Abril, às voltas com a mais severa crise de sua história, que a obrigou a promover um profundo processo de reestruturação, com o fechamento ou venda de publicações e a liquidação de ativos.

No entanto, o downsizing se mostrou insuficiente para recolocar o grupo nos trilhos.

Segundo o balanço de 2016 auditado pela PricewaterhouseCoopers (PwC), a Abril acumulou nos dois últimos anos um prejuízo de R$ 368 milhões, registrando um patrimônio líquido negativo de R$ 368,2 milhões.

Já o excesso de passivos sobre os ativos circulantes chegou a R$ 578,8 milhões.

Nem mesmo o aporte de R$ 450 milhões feito no final de 2015 pelos herdeiros de Roberto Civita, o dono do grupo, falecido em 2013, foi capaz de amenizar as vicissitudes da Abril, cujo principal negócio, a edição de revistas, sofreu uma queda de 15% nas receitas publicitárias em 2016.

De acordo com o balanço, o endividamento por conta de empréstimos e financiamentos a longo prazo é da ordem de R$ 534 milhões, pagáveis até 2019.

Esse quadro sombrio levou a PwC a registrar na nota introdutória de sua avaliação dos resultados do ano passado sua preocupação com o futuro da companhia.

“Essa situação, entre outras descritas na nota 1.2, indica a incerteza relevante que pode levantar dúvida significativa sobre sua continuidade operacional”, afirmaram os responsáveis pelo trabalho no melhor auditoriês.

Daí a decisão de acatar a proposta de saída da Previ e procurar uma nova sede.

O endereço mais provável é o bairro do Morumbi, na outra margem do Rio Pinheiros, num prédio mais modesto e mais em conta, possivelmente da própria Previ.

Ao desconforto pela mudança das instalações, prevista, em princípio, para o mês de agosto, soma-se um temor entre os funcionários: a possibilidade de que nem todos venham a trabalhar nas novas instalações.

Não está descartada, segundo a fonte, uma nova leva de demissões. Que, diga-se, poderá atingir até os holerites mais fornidos.

Procurada pelo DCM, a Abril não quis se manifestar.


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