segunda-feira, 31 de julho de 2017

Wladimir Costa é a cara dos paneleiros

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Há uma certa dose de ingenuidade e wishful thinking na cobrança de certa esquerda brasileira em cima dos paneleiros.

A sinfonia das panelas não será mais ouvida porque o objetivo nunca foi “o fim da corrupção” e sim o dos governos do PT.

Michel Temer é bandido de estimação da classe média, assim como Aécio et caterva. Eles são autorizados a roubar porque são como os paneleiros.

Nas palavras do sociólogo Jessé Souza, essa parte da sociedade brasileira é “feita de imbecil pela elite que a explora”.

Considere a pesquisa da Folha com seus leitores. Para 43% dos entrevistados, é melhor que Michel Temer chegue até o final de seu governo.

“Em comparação com a opinião da população brasileira, há entre os assinantes um percentual maior entre os que preferem a manutenção do mandato”, diz o jornal.

Você pode argumentar que os tais imbecis são manipulados pela mídia - mas porque querem ser manipulados. Não são vítimas, mas cúmplices.

O deputado Wladimir Costa, do Pará, que tatuou o nome de Temer no ombro, não é diferente deles. Costa tem apenas a ousadia do canalha, mas ele representa milhares de coxas.

É inútil cobrar de sua tia ou sua sogra reacionária que vá para a janela do apartamento com a Tramontina. A resposta óbvia, que eventualmente fica oculta, é: porque eu não quero.

Porque eu gosto.

A discussão não passa pela racionalidade. Não se trata de ética ou moral. Não adianta esfregar na cara do sujeito a corja que ele pôs no poder. Ele está feliz, no limite, com o caos e o passo para trás que damos diariamente.

A missão dos paneleiros está parcialmente cumprida. Falta tirar Lula das eleições de 2018. Em nome disso, vale tudo.

E, em nome disso, quem tem que ir às ruas, com ou seu panela, é você.

1 comentários:

Anônimo disse...

E a mesma lógica estende-se a outras figuras por exemplo a de Bolsonaro, quando este figura fala as aberrações criminosas das quais orgulha-se, todos seus admiradores lhe beijam os pés, independente da asneira repulsiva que seja. Os seus crimes deixam de ser crimes, e passam a ser "manifestações bravas", seu radicalismo vira "coragem" e sua incoerência vira nada, porque é mais fácil ignorar e taxa-las como fruto da memória tendenciosa da esquerda.

Não há racionalidade no discurso, há seletividade conveniente e cumplicidade ideológica.

E quanto a Trump? Se não foram os mesmos "cristãos republicanos tradicionalistas" que lhe bateram palma enquanto gabava-se com Billy Bush naquele ônibus de "agarrar as mulheres pela vagina porque era uma estrela, e estrelas podem fazer o que querem"... não foram os mesmos evangélicos americanos os demagogos que lhe garantiram votos?