quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Gilmar, Barroso e o barraco no Supremo

Do blog Socialista Morena:

Foi um barraco hoje no Supremo Tribunal Federal. O ministro Luís Roberto Barroso fez críticas duríssimas a seu colega Gilmar Mendes diante das câmeras da TV Justiça. Chamou Gilmar de mentiroso, de julgar movido pelo ódio e pelo compadrio, e de ser leniente com os crimes de colarinho branco. “Nós prendemos, tem gente que solta”, alfinetou Barroso, em referência ao habeas corpus concedido por Gilmar Mendes ao empresário do ônibus do Rio de Janeiro Jacob Barata, de cuja filha foi padrinho de casamento.

Em resposta ao desafeto, Gilmar disse que Barroso “mandou soltar José Dirceu”, quando na verdade o ministro perdoou a pena com base no indulto natalino da presidência da República, mas o ex-ministro continuou preso, porque havia sido condenado pela Lava-Jato. “É mentira. Aliás, Vossa Excelência normalmente não trabalha com a verdade”, disse, em direção a Gilmar. Barata ficou preso menos de um mês, enquanto Dirceu cumpriu pena de três anos.

“Vossa Excelência tá queixoso porque perdeu o caso dos precatórios. Deveria ouvir a nova música do Chico Buarque: ‘a raiva é filha do medo e mãe da covardia’. Vossa Excelência fica destilando ódio o tempo inteiro, não julga, não fala coisas racionais, articuladas. Use um argumento”, disparou Barroso. “José Dirceu permaneceu preso sob minha jurisdição. Ele cumpriu a pena e foi solto por indulto, mas mesmo assim permaneceu preso. Não transfira para mim essa parceria que Vossa Excelência tem com a leniência em relação à criminalidade do colarinho branco”, disse.

Ao rebater as declarações de Barroso, Gilmar Mendes afirmou não ser “advogado de bandidos internacionais”, em referência ao trabalho do ministro como defensor do ex-ativista italiano Cesare Battisti, antes de ser nomeado ao STF. Na tréplica, Barroso disse a Gilmar: “Vossa Excelência vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu. Isso não é Estado de Direito, isso é Estado de compadrio. Juiz não pode ter correligionário”, concluiu.

O bate-boca só terminou quando Cármen Lúcia lembrou aos colegas que estavam “no plenário de um Supremo Tribunal” e que deveriam retomar o caso em julgamento, a decisão da Assembleia Legislativa do Ceará que extinguiu os tribunais de contas dos municípios do Estado. Os ministros mantiveram a decisão da Assembleia.

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