domingo, 10 de dezembro de 2017

Artistas rejeitam o fascista da Riachuelo

Por Altamiro Borges

O fascistoide Flávio Rocha, dono da rede varejista Riachuelo, deve estar deprimido. Na cavalgada golpista pelo impeachment de Dilma Rousseff, ele ganhou projeção nacional e chegou a acalentar o sonho de ser presidente da República. Cúmplice da quadrilha de Michel Temer, o escravocrata virou garoto-propaganda das contrarreformas trabalhista e previdenciária e tornou-se o herói dos aloprados do Movimento Brasil Livre (MBL). Vaidoso e arrogante, o picareta pensou que estava com a bola toda. Mas, aos poucos, a sua máscara vai caindo. Nesta semana, artistas e estilistas se recusaram a participar de uma exposição de moda bancada pela Riachuelo, segundo relato do jornalista Pedro Diniz, publicado na Folha nesta quinta-feira (8):

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Por posição de patrocinador, artistas e estilistas deixam projeto do Masp

A iniciativa de moda mais ousada da nova gestão do Museu de Arte de São Paulo está ameaçada por questões políticas. A coleção Masp Riachuelo teve baixas significativas.

A ligação do presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, com movimentos e personalidades da direita – a exemplo do MBL (Movimento Brasil Livre), em cujo congresso discursou em novembro último, e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) – foi o motivo dado pelos artistas para a debandada do projeto que une artistas visuais e estilistas e que reedita a coleção Masp Rhodia, realizada entre 1960 e 1970.

Os estilistas Lucas Magalhães e Giuliana Romanno, e suas respectivas duplas, os artistas Sandra Cinto e Iran do Espírito Santo, deixaram a escalação da iniciativa, cujo resultado será exposto em 2020.

O pintor Caetano de Almeida, que faz par com o estilista Alexandre Herchcovitch, também comunicou sua desistência à direção do museu.

Em nota enviada por sua assessoria de imprensa, a Riachuelo "esclarece que respeita a decisão dos artistas que optaram por deixar o projeto" e que "seguirá com os demais artistas e estilistas selecionados para a exposição, prevista para 2020".

A companhia também afirma que as "opiniões políticas de seus executivos e de todos os seus colaboradores não influenciam suas coleções e parcerias".

"Sabia desde o início que a Riachuelo patrocinava e fiquei em uma saia justa, sem saber como reagir. Aceitei fazer, mas, depois do que aconteceu com a 'Queermuseu', [mostra sobre sexualidade cancelada em setembro após pressão de movimentos da direita, inclusive o MBL], a situação ficou insustentável", explica Iran do Espírito Santo.

Espírito Santo diz ter devolvido o adiantamento, de valor não divulgado, pago pelo Masp para o desenvolvimento das peças.

"Como artista, como posso aceitar parceria de uma empresa que patrocina um grupo que ataca museus e artistas? Não dormiria tranquilo."

O artista ainda cita entre os motivos de sua desistência uma ação movida pelo Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Norte, em setembro, que questionava os contratos de terceirizados do Grupo Guararapes, dono da Riachuelo, no Estado nordestino.

Procurada, a estilista Giuliana Romanno não quis comentar o caso.

O pintor Caetano de Almeida disse, por telefone, que "não julga pessoas". "Ele [Flávio Rocha] pode apoiar quem quiser, desde que não invada a minha seara."

Almeida afirma ter enviado a Herchcovitch seus desenhos e disse ao diretor do museu, Adriano Pedrosa, que poderia colocá-lo nos arquivos do Masp, mas sem o uso do seu nome.

"Essa história é algo pessoal que causou muito sofrimento. Não cobrei cachê, acho a ideia muito importante, mas não quero participar dela."

Até a publicação deste texto, a artista plástica Sandra Cinto não foi localizada para comentar o caso. Seu parceiro no projeto, o designer mineiro Lucas Magalhães, confirmou a saída de ambos, mas não quis falar sobre o assunto.

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O corajoso protesto dos artistas e estilistas ocorre na mesma semana em que o golpista Flávio Rocha confessou a sua “tristeza” com as dificuldades encontradas pela quadrilha de Michel Temer para aprovar o fim das aposentadorias. Segundo notinha da revista Época Negócios, “o presidente da Riachuelo afirmou que ‘aqueles deputados que se declaram contra a reforma da Previdência, em vez de encontrarem um ambiente favorável nas urnas em 2018, serão taxados como defensores dos privilégios e dos marajás’. Ele fez a afirmação após tomar conhecimento do mais recente Placar da Previdência, elaborado pelo jornal ‘O Estado de S. Paulo’... ‘A sensação é de profundo pesar. Qualquer pessoa com o mínimo de racionalidade sabe que, se a reforma não for aprovada, a crise volta, e volta rápido’, afirmou Rocha”. O escravocrata é mesmo muito cínico!

Em tempo: Vale relembrar que em novembro passado o picareta se tornou réu na Justiça Federal do Rio Grande do Norte. Ele foi acusado pelo Ministério Público de coação, calúnia e injúria contra uma procuradora do Trabalho que questionou a contratação de terceirizados pela Guararapes, firma que controla a rede de lojas Riachuelo.

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1 comentários:

Eliane Bardanachvili disse...

Pequenas grandes batalhas diárias!