domingo, 30 de abril de 2017

Doria, a greve geral e os “vagabundos”

Por Altamiro Borges

Animadinho com a decadência dos tucanos tradicionais – como Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra, que despencam a cada pesquisa de opinião –, o midiático prefeito João Doria não vacila mais em se comportar como o presidencial do PSDB para 2018. A cada dia que passa, ele abandona mais a cidade de São Paulo e sobe no palanque com seu discurso raivoso, fascistoide. Sua estratégia consiste em seduzir o eleitorado de direita e centro-direita, que ganhou projeção com a recente onda conservadora no país – que resultou no impeachment de Dilma Rousseff e na sua vitória para a prefeitura paulistana. Nos últimos dias, no clima da greve geral contra as “reformas” de Michel Temer, o aliado “João Dólar” exibiu plenamente seus dotes. Chamou os grevistas de “vagabundos” e “preguiçosos” e ameaçou bater e arrebentar, lembrando a postura truculenta dos generais durante a ditadura.

A origem e o significado do 1º de Maio

Por Altamiro Borges

“Se acreditais que enforcando-nos podeis conter o movimento operário, esse movimento constante em que se agitam milhões de homens que vivem na miséria, os escravos do salário; se esperais salvar-vos e acreditais que o conseguireis, enforcai-nos! Então vos encontrarei sobre um vulcão, e daqui e de lá, e de baixo e ao lado, de todas as partes surgirá a revolução. É um fogo subterrâneo que mina tudo”. Augusto Spies, 31 anos, diretor do jornal Diário dos Trabalhadores.

"Se tenho que ser enforcado por professar minhas idéias, por meu amor à liberdade, à igualdade e à fraternidade, então nada tenho a objetar. Se a morte é a pena correspondente à nossa ardente paixão pela redenção da espécie humana, então digo bem alto: minha vida está à disposição. Se acreditais que com esse bárbaro veredicto aniquilais nossas idéias, estais muito enganados, pois elas são imortais''. Adolf Fischer, 30 anos, jornalista.


O caso das APAEs e a esposa de Sérgio Moro

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Circula na Internet um vídeo editado de palestra que proferi no mês passado em um evento em São Paulo. O vídeo é fiel ao que eu disse. Mas o título e o texto podem induzir a conclusões taxativas que não fiz ou passar a ideia de que o vídeo faz parte dessas guerrilhas que ocorrem periodicamente em redes sociais. As informações foram divulgadas em 2014 e 2015. Estão sendo agitadas agora.

O trecho em questão faz parte de um seminário no mês passado, do qual participei com a colega Helena Chagas.

Limitei-me a apontar indícios, indícios fortes, sem dúvida, que merecem ser investigados, mas não acusações frontais.

O bom jornalismo aderiu à greve

Por Marcelo Auler, em seu blog:

Em uma postagem na sexta-feira, dia 28/04, anunciei “Temer perdeu! Com ele a Câmara e a mídia“. Mostrei que, independentemente do sucesso que a greve teve, só os preparativos davam outra dimensão à luta política que estamos vivenciando. Apontei ainda, junto com Temer, a Câmara dos Deputados, em especial os parlamentares que aprovaram a Reforma Trabalhista, assim como a chamada mídia tradicional, também perderam. Os primeiros por aprovarem um Projeto de Lei que vai contra os interesses dos brasileiros, o que certamente refletirá nas próximas eleições. Já jornais e televisão, por terem tentado esconder uma movimentação que deu certo e que, ao dar certo, desmoralizou ainda mais o papel deles na sociedade atual

Globo fez pior agora do que nas Diretas-Já

Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

Em 1983 eu era repórter da TV Bauru, afiliada da Globo no interior paulista. Porém, vivia “cedido” à emissora em São Paulo, cobrindo férias de colegas. Morava no Hotel Eldorado da rua Marquês de Itu, no Higienópolis, na capital paulista, como repórter do chão de fábrica.

Fui, como pessoa física, à primeira manifestação pelas Diretas Já em São Paulo, diante do estádio do Pacaembu, à qual compareceram cerca de 15 mil pessoas. Foi em 27 de novembro de 1983, poucos dias depois de meu aniversário.

Outros protestos já tinham acontecido antes, pedindo que a ditadura estabelecida em 1964 tivesse fim com eleições presidenciais diretas. Outras aconteceriam depois, com destaque para Curitiba, onde se reuniram cerca de 40 mil pessoas.

Greve geral e a centralidade do trabalho

Por Gilberto Maringoni, em seu blog:

1. A greve geral desta sexta (28) se constitui, em seu conjunto, em uma das mais expressivas manifestações populares da História do Brasil. A lembrança mais recorrente tem sido compará-la aos movimentos paredistas de 1983 e 1986.

2. É preciso ajustar a régua. Há uma grande diferença qualitativa. Em 1985, a economia brasileira vivia o ápice da participação da indústria na composição do PIB: 27,5%, porcentagem de país altamente industrializado. Hoje esse número está em torno de 10%.

3. Isso ensejou, ao longo dessas três décadas, o advento de inúmeras teorias dando conta da perda da centralidade do trabalho na sociedade e, logo, na organização social, em favor de outras pautas relevantes.

A greve e a senilidade de Temer e Serraglio

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Na última sexta-feira, o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, criticou as manifestações realizadas pelas centrais sindicais contra as reformas trabalhistas e da previdência. Serraglio afirmou que as paralisações da greve geral “foram pífias” e que “não teve (sic) a expressão que se imaginava ter”.

E concluiu: “O povo brasileiro demonstrou que está conosco”.

Instado a se manifestar sobre a mobilização, o presidente Michel Temer fez uma declaração pública na qual reduziu a greve geral a “pequenos grupos que bloquearam rodovias e avenidas”.

Greve geral: Nada será como antes

São Paulo, Largo da Batata, 28/4/17; Foto: Ricardo Stuckert

Editorial do site Jornalistas Livres:

Cerca de 40 milhões de trabalhadores de braços cruzados; atos e manifestações em todos os estados do país e no Distrito Federal; transporte público, bancos e fábricas paradas; lojas fechadas; apoio das igrejas católica, evangélicas e de diversas entidades da sociedade civil. O Brasil viveu ontem a maior greve geral de sua história.

Num fato inédito, viram-se as principais centrais sindicais se unirem no chamamento à paralisação –unidade que foi uma das chaves a explicar o sucesso do movimento. Tão importante quanto isso foi a mobilização espontânea de coletivos formados em áreas onde o sindicalismo não alcança. Inúmeros relatos dão conta de atos e manifestações organizadas diretamente a partir da base, com destaque para regiões no Norte e Nordeste do país.

IBGE sob suspeita de favorecer PIB de Temer

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

O IBGE, calculador oficial do PIB brasileiro, anunciou recentemente mudanças em algumas de suas pesquisas. Essas alterações são capazes de salvar o governo Michel Temer de uma recessão este ano, graças a um efeito estatístico. Uma história a alimentar suspeitas indesejáveis para um órgão que depende da credibilidade para sobreviver.

Na quinta-feira, 27, o Conselho Federal de Economia mandou uma carta ao presidente do IBGE, Paulo Rabello de Castro, a cobrar explicações públicas sobre as mudanças metodológicas e a data da decisão a respeito delas. Até agora, só houve explicações a portas fechadas em um seminário de duas horas realizado no dia 18, na sede do instituto no Rio, com consultorias e bancos.

Datafolha: Lula não só sobrevive; cresce

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Devastadora.

Não há nenhuma outra qualificação adequada, do ponto de vista da direita, para a pesquisa Datafolha publicada hoje sobre as intenções de voto presidencial em 2018.

Tanto que seu mais sincero e grosseiro porta-voz, o site de Diogo Mainardi, diz com todas as letras: “É preciso impedir a candidatura de Lula em 2018.”

Porque, mesmo depois de todo o carnaval de delações, o que surge, cristalino, é o aumento das preferências pelo voto no ex-presidente.

Imprensa mundial humilha a mídia nativa

Montagem: Jornalistas Livres
Por Altamiro Borges

A exemplo do que ocorreu no processo do impeachment de Dilma Rousseff, deflagrado em abril do ano passado por uma “assembleia de bandidos chefiada por um bandido” [Eduardo Cunha] – segundo a síntese de um jornal português –, a imprensa mundial voltou a dar um baile na mídia brasileira na cobertura da greve geral desta sexta-feira (28). Enquanto o noticiário local insistia em afirmar que a paralisação “foi um fracasso” e exibia apenas cenas de violência, visando criminalizar o movimento, os veículos estrangeiros não vacilaram em reconhecer que a greve geral foi um sucesso e poderá atrapalhar os planos regressivos do Judas Michel Temer. Como nos tempos da ditadura militar, para entender o que ocorre no Brasil hoje é melhor acompanhar a imprensa internacional.