sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Democracia e o fim do oligopólio midiático

Do site do MST:

Historicamente a imprensa brasileira demonstra que não é guiada por valores democráticos, atuando de acordo com a descrição de Gramsci, como aparelhos privados de hegemonia das elites dominantes. Concentrada por menos de dez grupos familiares, ligados às oligarquias industriais, agrárias e às elites políticas regionais e locais, a mídia se tornou um oligopólio de redes de comunicação com grande poder de intervenção na sociedade, buscando impor a hegemonia do capital.

O navio negreiro retorna à Terra Brasilis

Por Cezar Britto, no site Congresso em Foco:

Um navegar mais atento pelas páginas da história revelará ao viajante os sussurros de tempos pousados em notas escritas com sangue, dor e intolerância. Desvendará tempos em que a barbárie, a dominação, a opressão e várias formas de exploração da pessoa humana eram compreendidas como consequência natural da hegemonia de um grupo “mais apto” sobre o outro tido como incapaz. Mostrará o tráfico de pessoas humanas, os navios negreiros e o direito de propriedade sobre homens, mulheres e crianças.

A sangria prolongada de Temer

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

"Vamos impedir que eles votem e enterrem a segunda denúncia no plenário. O que Temer vai enfrentar agora é uma sangria prolongada, pois o governo tem votos para rejeitar a denúncia mas não os 342 que autorizam o início da votação", anuncia o deputado Silvio Costa (Avante-PE), esperando que desta vez todas os partidos de oposição e os que votaram contra Temer na primeira denúncia mantenham a estratégia da obstrução.

Venezuela: Ditadura ou democracia?

Por Breno Altman, em seu blog:

O povo venezuelano acabou de eleger os governadores de seus 23 Estados. Duas grandes coligações disputaram a direção dessas regiões: o Grande Polo Patriótico, liderado pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), conquistou 18 Executivos estaduais, contra cinco da oposicionista Mesa de Unidade Democrática (MUD).

Mais de 61% dos eleitores inscritos participaram do pleito, contra 53% em 2012. A esquerda conquistou 54% dos votos totais, enquanto os partidos de direita receberam os restantes 46%.

O Brasil e o museu de grandes novidades

Por Cynara Menezes, na revista Caros Amigos:

Quando eu tinha 16 anos, quase 17, passei no vestibular de Comunicação na Universidade Federal da Bahia, em Salvador. Foi provavelmente o grande acontecimento da minha vida, o mais libertador. Até então, eu, menina nascida e criada no interior, estive sempre sob a rédea curta do meu pai, que tratava com zelo excessivo sua primeira filha mulher.

Até hoje confesso que não sei por que ele me prendia tanto. Sempre fui estudiosa e responsável. Mas a cabeça de meu pai ainda funcionava como as de antigamente, embora nem fosse tão velho assim (tinha 46 anos!) e estivéssemos em plenos anos 1980... Interior da Bahia é fogo, acho que ainda tem gente por lá que cria as filhas deste jeito.

A novidade perturbadora da política

Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:

Nos tempos em que vivemos, muita coisa é velha. São filmes que já vimos, com enredos conhecidos. Em alguns casos, até os atores são os mesmos. Mas há uma novidade perturbadora no ar.

A direita sempre foi forte no Brasil. Raros foram os momentos em que ela enfraqueceu e teve de partilhar o mando. Quando foi forçada a refluir, voltou furiosa, querendo reassumir integralmente as rédeas. Sem pesar as consequências de seus atos, aliando-se a quem estivesse disponível.
Em 1964, para obstruir as reformas de João Goulart, foi aos quartéis pedir aos militares que dessem um golpe. Anos depois, com medo do “perigo vermelho” representado pelos que resistiam ao arbítrio, aplaudiu o recrudescimento da repressão e da tortura.

O Supremo contra a Constituição

Por Roberto Amaral, em seu blog:

O Congresso Nacional, que tanto a tem ofendido, comemorou os 29 anos de atormentada vigência da Constituição de 1988, a da redemocratização, texto inaugural da Nova República, ciclo histórico-político cujo melancólico esgotamento estamos assistindo. Cercada por réus, presentes e futuros, a começar pelos dirigentes das duas casas legislativas, a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, saudou a efeméride, lembrando a frase bordão com a qual o presidente da Constituinte, o saudoso deputado Ulisses Guimarães, anunciou o novo texto, ditando os limites de seu império.

Uma saudável rebeldia ronda o Euro

Por Marcelo Manzano, no site Brasil Debate:

À medida que aumentam as expectativas de uma provável reversão da política de lassidão monetária que tem sido praticada pelo Banco Central Europeu (BCE) nos últimos anos, borbulham na Zona do Euro os temores a respeito de uma nova crise de liquidez que afetaria especialmente os países da periferia. Diante de tal cenário, já se percebe o recrudescimento do inadiável debate em torno de alternativas para escapar da armadilha monetária em que se meteram os membros do continente azul.

Aécio Neves não foi o primeiro a ser comido

Por Hermínio Porto, no site Jornalistas Livres:

Após ter sido gravado em declarações nada republicanas, o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) teve seu pedido de prisão preventiva negado pelo STF, que entendeu pelo afastamento do senador, implicado em graves acusações de corrupção, tendo contra si substanciosas provas. O Senado Federal, por sua vez, restabeleceu o mandato de Aécio por 44 votos favoráveis a si.

O Senador Romero Jucá (PMDB), líder do Governo no Senado, que foi flagrado em escuta falando que “o primeiro a ser comido” seria o Aécio, foi um dos 44 senadores que votaram a favor do senador tucano. O líder do Governo, comandante da tropa de choque do retrocesso, disse com precisão que o governo Temer é um grande “pacto nacional” que conta “com o Supremo [Tribunal Federal], com tudo”. É sintomático o alinhamento de interesses: Aécio e Temer tiveram suas máculas expostas no mesmo dia, a partir do acordo de delação dos irmãos Batista, da JBS.

Empresa que elegeu Trump chega ao Brasil

Por Guilherme Coutinho, no blog Socialista Morena:

Uma empresa de inteligência artificial, que garante ser capaz de ler a cabeça de milhões de pessoas em tempo real, está protagonizando uma verdadeira revolução conservadora no mundo. Este poderia ser o roteiro de um capítulo da série de ficção científica Black Mirror ou parte de um futuro distópico imaginado por George Orwell, mas é exatamente o que tem ocorrido com a empresa de big data Cambridge Analytica. A empresa, que trabalhou nas campanhas vencedoras do Brexit e de Donald Trump, instalou uma operação no Brasil visando as eleições de 2018. E já parece ter o candidato ideal por aqui.

Prefake lança "Ração Doria Premium"

Gilmar Mendes não é um escravo

Por Andrew Fishman, no site The Intercept-Brasil:

Ministros do Supremo Tribunal Federal são escolhidos por serem – teoricamente – os mais eruditos e sapientes magistrados do país. Um dos escolhidos para debater e avaliar os casos mais complexos à luz da Constituição, o Excelentíssimo Ministro Gilmar Mendes fez, nesta quinta (19), o julgamento mais difícil de sua carreira quando avaliou em entrevista coletiva que ele mesmo não faz um trabalho escravo.

“Nós mesmo já tivemos, no Supremo Tribunal Federal, debates a propósito disso, em que se diz que alguém se submete a trabalho estressante, exaustivo. Nós aqui… eu, por exemplo, acho que eu me submeto a um trabalho exaustivo. Mas com prazer. Eu não acho que eu faço um trabalho escravo.”

Só falta revogar a Lei Áurea

Por Dilma Rousseff, em seu site:

Manifesto meu total apoio ao movimento dos profissionais da área de fiscalização do Ministério do Trabalho que estão entrando em greve em todo o o país para protestar contra a portaria do governo Temer que tornou o Brasil tolerante e leniente com a exploração do trabalho análogo à escravidão.

A portaria assinada pelo governo Temer é indigna, desumana e envergonha o Brasil perante o mundo civilizado.

Para obter votos no Congresso que salvem sua pele das acusações de corrupção, o presidente golpista se rende ao que há de pior e mais retrógrado, subordinando-se a empresários atrasados, egoistas e responsáveis por práticas de trabalho escravagistas.