sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Banco Mundial a serviço da especulação

Editorial do site Vermelho:

A quem serve o Banco Mundial? A força desta pergunta, que não é nova, cresceu desde a divulgação da entrevista ao The Wall Street Journal de seu do economista-chefe, Paul Romer, onde ele dá uma importante pista para esta resposta ao revelar as manipulações feitas em documentos oficiais do Banco Mundial contra o governo socialista da presidenta Michelle Bachelet, do Chile. Relatórios do banco foram usados para desqualificar seu governo e, ao mesmo tempo, exaltar seu sucessor, o direitista Sebastian Piñera.

Paul Romer reconheceu que, durante muitos anos, o Banco Mundial manipulou o importante relatório Doing Business, que mede a competitividade empresarial dos países. Com isso, prejudicou gravemente os governos de Michelle Bachelet (2006-2010 e 2014-2018). Favoreceu, claro, o direitista Sebastián Piñera (2010-2014) e o ajudou a vencer a eleição presidencial de 2017.

Os dados manipulados diziam que, no primeiro governo de Bachelet, o Chile caiu do lugar 34º para o 57º lugar naquele ranqueamento. E teria recuperado posições no governo de Piñera.

O próprio Paul Romer reconheceu que houve “motivações políticas da equipe do Banco Mundial” responsável pela divulgação do relatório manipulado, chefiada pelo chileno-boliviano Augusto López-Claros, conhecido como um radical neoliberal, e uma estrela do sistema financeiro em posto de destaque no Banco Mundial.

A manipulação de informações contra o Chile é reveladora da falsidade da ideia, dominante, que faz da economia uma ciência “exata”, e tem o Banco Mundial como um de seus oráculos mais admirados, juntamente com o FMI e as suspeitas agências de classificação de risco.

A revelação feita por Paul Romer reforça a suspeita sobre estas agências do imperialismo e da especulação financeira. E ajuda a desmontar o caráter “científico” e “tecnicamente neutro” atribuído a elas. São agências a serviço dos interesses financeiros, cujos funcionários podem manipular informações desde que isso ajude às disputas políticas da direita. Como ocorreu no Chile e no Brasil, onde figurões neoliberais da mesma estirpe comandam a economia e o governo desde o golpe que levou o ilegítimo Michel Temer ao Palácio do Planalto, em 2016.

O objetivo é colocar os países de joelhos ante o altar que consagra os interesses especulativos da alta finança, no Brasil e no exterior. Rejeitando toda a ética, interesse público, justiça social e a soberania das nações.

A autocrítica do economista-chefe do Banco Mundial levanta um pouco deste véu de interesses escusos que sustenta o domínio financeiro e especulativo no mundo. E confirma a subordinação do Banco Mundial ao sistema financeiro perverso, em defesa dos interesses dos que lucram no mercado financeiro global.

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