domingo, 4 de fevereiro de 2018

Tiririca da elite e outros bichos assanhados

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Quem dá mais? A oito meses da eleição, abriram-se os os portões do grande leilão do voto.

Em clima de festa do caqui, candidatos procuram partidos e partidos procuram candidatos.

Avacalhou de vez. Ninguém é de ninguém, a campanha eleitoral virou um vale-tudo.

Já dando como favas contadas que a República da Toga vai decretar o impedimento e a prisão de Lula, candidatos e partidos sem voto estão cada vez mais assanhados na disputa do butim.

Agora apareceu mais um no balaio de postulantes à Presidência da República, um candidato muito sincero chamado Flávio Rocha, dono da Riachuelo:

“Eu não rejeito a ideia de ser candidato. Só não sou por falta de voto”. Por enquanto, ainda está procurando um partido. Quem se oferece?

Flávio Rocha, que já tentou ser candidato em eleições passadas, é um campeão de ações trabalhistas contra suas empresas.

Poderia ser um bom nome para o Ministério do Trabalho, mas ele quer ser presidente, como comunicou na terça-feira ao ministro Moreira Franco.

Só em fevereiro Rocha pretende rodar por nove Estados para divulgar o Brasil 200, um movimento com ideias “liberais na economia e conservadoras no comportamento” (leia-se é contra LGBTs).

Flávio Rocha é uma espécie de Bolsonaro do empresariado, um pouco mais à direita.

Se for candidato, poderá encontrar pela frente o também empresário e apresentador Luciano Huck, que já é chamado de Tiririca da elite - um tipo finório, muito rico, amigo de bacanas, bastante popular na televisão, onde faz assistencialismo com merchandising bem sucedido. Lembra alguém?

Huck já disse ao Faustão, em seu primeiro programa eleitoral na TV Globo, que não quer ser salvador da Pátria, mas apenas ajudar os outros a melhorarem de vida (o programa deu até problema com o Ministério Público Eleitoral que quer ouvir os dois sobre propaganda eleitoral antecipada).

Embora insista em dizer que não é candidato porque a família não deixa, seu nome continua na crista da onda do mercado eleitoral.

Tem tanta gente insistindo para se candidatar, a exemplo do ex-presidente FHC, que ele ainda está balançando.

O tal do “mercado”, como se sabe, não está botando muita fé nos outros candidatos governistas de “centro-direita”.

Vindo de Paris, onde está passando férias, Huck desembarca no Brasil na próxima semana e encontrará à sua espera um PPS de braços abertos, assanhado com a última pesquisa Datafolha em que o artista aparece empatado com Geraldo Alckmin na faixa de 8%.

“A efervescência tende a crescer por conta do Huck”, diz um eufórico Roberto Freire, dono do PPS desde que deixou de se chamar Partido Comunista Brasileiro, o Partidão de Prestes velho de guerra.

Não sei se Luciano Huck já foi informado por seus assessores sobre a origem e a história do partido que pretende agasalhá-lo se resolver ser candidato. Achei estranha esta opção.

Uma joint-venture entre o PPS e o Agora!, movimento suprapartidário liderado por Huck, será selado em carta a ser divulgada nos próximos dias, informa a coluna do Estadão.

Sobre os seus propósitos sabe-se pouco, além da promessa de agir de forma conjunta para “enfrentar os desafios que buscamos superar na política”.

Quais são estes desafios e de que forma pretendem fazê-lo ainda não fomos informados, assim como ninguém até agora tem ideia do que Huck pensa sobre os principais problemas do país.

Além deles, temos os nanicos de sempre, mais uma bela ex-apresentadora do Fantástico, a Valéria Monteiro, e a volta triunfal de Fernando Collor de Mello, outro “outsider” que a elite um dia apoiou contra Lula e parece que não deu muito certo.

Sem o ex-presidente na parada, qualquer um deles acha que tem chances de ganhar. Por que não?

Bom final de semana a todos.

Vida que segue.

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