sexta-feira, 20 de julho de 2018

Grande aliança golpista fecha com Alckmin

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Só o MDB, quem diria, ficou de fora - por enquanto, claro.

Todo o resto, tirante os partidos de esquerda, fechou com o tucano Geraldo Alckmin como candidato único do “centro”, o novo nome da direita brasileira.

Numa verdadeira “blitzkrieg” na quinta-feira, a grande aliança golpista do impeachment encontrou finalmente seu candidato, que vinha capengando nas pesquisas, e agora vai ter 40% de todo o tempo de TV na propaganda eleitoral.

O mercado comemora, a Bolsa deve subir e o dólar cair, após a guinada do poderoso “Centrão”, formado por Eduardo Cunha para derrubar Dilma Rousseff em 2016, e colocar Michel Temer em seu lugar, “com Supremo e tudo”.

A fina flor dos partidos fisiológicos de direita deu uma solene banana para Ciro Gomes, que os cortejava e, comandados por Valdemar Costa Neto, o Boy, dono do PR e condenado no mensalão, seus caciques foram todos unidos para o ninho tucano.

Valdemar foi o fiel da balança e indicou o vice de Alckmin, o empresário Josué Gomes, filho de José Alencar, vice de Lula nos dois mandatos do petista, e que também era cobiçado por Ciro.

De uma hora para outra, na semana em que começam as convenções partidárias para oficializar as candidaturas, o quadro clareou.

Se tudo der certo na estratégia do establishment, Alckmin será o ungido nas urnas para deixar tudo como está e depois ver como fica.

Para isso, o ex-governador paulista terá que entregar os dedos e os anéis ao “Centrão”, que comandará o Congresso, e manter as reformas da “Ponte para o Futuro” e todo o “legado” de Temer.

Diante da resiliência do explosivo Jair Bolsonaro, o candidato militar da extrema direita apoiado por parte da elite empresarial, Geraldo Alckmin se tornou o mal menor para a oligarquia, uma forma de manter o poder sem correr maiores riscos de mudanças bruscas.

Agora isolado e sem alianças, a Ciro Gomes, cuja candidatura será oficialmente lançada na convenção do PDT nesta sexta-feira, só restará procurar abrigo na esquerda, onde tudo continua indefinido e congestionado à espera de uma decisão de Lula.

Sem o risco Bolsonaro, que também não fechou alianças e só tem 8 segundos na TV, o mais provável neste momento é a ida de Alckmin para o segundo turno representando o “status quo”.

Ciro terá que disputar a outra vaga com o candidato indicado por Lula e não é improvável que se repita a disputa entre PSDB e PT, como tem acontecido nos últimos 25 anos.

Roda, roda, roda, e voltamos ao ponto de partida, sem grandes novidades no ano que seria o da grande renovação da política pós- Lava Jato.

Os candidatos inventados correram da raia e restaram os mesmos de sempre. De novo mesmo, só a patética figura de Henrique Meirelles, o candidato de Temer, que não passa de 1% nas pesquisas, mas insiste em continuar na disputa.

É bom não esquecer que tempo de TV ajuda, mas nem sempre decide: em 1989, quem tinha um latifúndio no programa eleitoral era Ulysses Guimarães, do velho PMDB, presidente da Constituinte e comandante das Diretas Já, que foi abandonado no meio do caminho e ficou com votação de nanico.

No fim, quem venceu foi Fernando Collor, o “caçador de marajás”, um “outsider” como é Jair Bolsonaro agora, mas acho que esse risco já não corremos mais.

A direita se uniu e a esquerda continua dividida. É o que temos para o momento.

Assim termina a semana, a menos de três meses das eleições.

E vida que segue.

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Josué Gomes divulga nota

O Balaio recebeu a seguinte nota do empresário Josué Gomes sobre a sua indicação para ser vice na chapa de Geraldo Alckmin:

“Em viagem de trabalho, tomei conhecimento da decisão do Partido da República, a que sou filiado, de - juntamente com o DEM, PP, PRB e Solidariedade - apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República, sugerindo o meu nome como possível vice da chapa.

Relembro o meu saudoso pai, que dizia que o importante na chapa é quem encabeça. E acrescentava: “vice não manda nada e deve evitar atrapalhar.”. De minha parte, creio firmemente que uma coligação deve estar baseada em programas e ideias que projetem os rumos a serem seguidos pelo Brasil. Recebi com responsabilidade essa possível indicação. Agradeço a confiança que as lideranças depositam em meu nome. No meu retorno, procurarei me inteirar dos encaminhamentos feitos pelos partidos para que possa tomar uma decisão”.

Josué Christiano Gomes da Silva

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