domingo, 28 de agosto de 2016

Temer tenta rachar os sem-terra

Foto: Joka Madruga-Photojournalism
Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Desde a posse interina, Michel Temer prega a necessidade de “pacificar e unificar a nação”, mas suas pretensões têm tudo para conflagrar o País, em vez de acalmar. As reformas trabalhista e da Previdência, por exemplo, levaram centrais sindicais às ruas de São Paulo na terça-feira 16. No campo, não será diferente. Talvez seja até pior.

Afinados com os ruralistas, os planos de Temer prometem aumentar as tensões no campo, sobretudo na reforma agrária e na luta por terra. Ele quer liberar a venda de terra a estrangeiros, um convite à especulação fundiária, e distribuir de forma maciça títulos de propriedade a assentados, um estímulo à reconcentração agrária e mais lenha na especulação. Já cortou verba de programas como o de aquisição de alimentos da agricultura familiar e o de construção de casas no meio rural. E deixou no limbo uma agência nacional criada há apenas dois anos para dar suporte técnico aos camponeses.

Caçada a Lula tenta fechar ciclo histórico

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Um exame frio da mobilização permanente para processar e condenar Luiz Inácio Lula da Silva mostra um fato essencial. Mesmo que se venha a provar, acima de qualquer dúvida, que Lula é o verdadeiro proprietário do apartamento no Guarujá e do sítio em Atibaia, denúncias que se tornaram a matéria prima para uma perseguição que assume uma proporção escandalosa, resta uma questão básica e intransponível.

Nas datas em que, segundo a denúncia, as negociações com a empreiteira OAS teriam se realizado, Lula já não era mais presidente de Republica. Três anos antes, em 1 de janeiro de 2011, ele havia passado a faixa a Dilma e desde então não ocupava nenhum cargo público, o que elimina qualquer possibilidade de que possa vir a ser condenado por corrupção passiva, como pretende a Polícia Federal. Era um cidadão privado, com direito a ganhar a vida e reforçar o patrimônio da melhor maneira possível - respeitando obrigações que valem para o cidadão comum, e não para chefes de Estado.

Serra põe em risco programa Mais Médicos

Por Ronnie Aldrin Silva, no site Brasil Debate:

O Programa Mais Médicos, lançado em 2013 com o objetivo de suprir a carência de médicos nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades do Brasil, e que leva atualmente mais de 18.000 médicos para estas regiões, corre o risco de deixar de assistir 38 das 63 milhões de pessoas atualmente atendidas.

Isto decorre do abalo na relação do governo interino com o cubano no que toca à operacionalidade e continuidade da cooperação no Programa. Se do lado brasileiro não há simpatia e habilidade diplomática, além do interesse em reduzir a participação de profissionais cubanos no programa; do lado cubano há a preocupação de que alguns termos da parceria sejam revistos, como a remuneração dos profissionais.

Machismo marca debate no Senado

Por Cristiane Sampaio, no jornal Brasil de Fato:

O preconceito de gênero foi um dos componentes que marcaram os primeiros dias do julgamento final do impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) no Senado Federal. Na sexta-feira (26), segundo dia dos trabalhos, um dos momentos de tensão entre defesa e acusação ocorreu quando o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PR) pediu calma às senadoras Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Gleisi Hoffmann (PT-PR). “Se acalmem, meninas”, disse em plenário, tentando suavizar a fala em seguida, afirmando que teria sido “elegante”.

O acampamento nacional contra o golpe

Acampamento da Defesa da Democracia e dos Direitos, 28 de agosto, Brasília.
Foto: Mídia Ninja
Do site do MST:

Manifestantes de todas as regiões do país chegam a Brasília a partir deste domingo (28) para participar do Acampamento Nacional em Defesa Democracia e dos Direitos, montado no estacionamento do Ginásio Nilson Nelson em Brasília.

Organizado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, o acampamento será o ponto de referência da resistência popular e terá uma programação até o encerramento do processo do impeachment no Senado, previsto para terminar no dia 30.

O delegado tucano da PF que indiciou Lula

Ato contra o desmonte da Petrobras, 25 de agosto, em Niterói(RJ).
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Da revista Fórum:

O delegado da Polícia Federal, Márcio Anselmo, que indiciou nesta sexta-feira (26) o ex-presidente Lula e sua esposa Marisa Letícia no inquérito da Lava Jato que investiga o triplex no Guarujá, litoral de São Paulo, atuou fortemente como cabo eleitoral de Aécio Neves (PSDB) durante as eleições de 2014.

Segundo uma matéria feita pelo jornal O Estado de S.Paulo em novembro de 2014, Anselmo chamou o ex-presidente de “anta” e fazia diversos comentários contra Lula e o PT.

Indiciamento de Lula é tempero político

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Mais uma vez, a Lava Jato nos dá uma amostra da precisão de seu relógio político. Depois de meses investigando o ex-presidente Lula, a Polícia Federal resolveu indiciá-lo exatamente hoje, no segundo dia do julgamento da presidente Dilma pelo Senado. Desde 2014, quando vazou partes da delação do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa na largada do segundo turno, o relógio da Lava Jato, e o do procurador-geral Rodrigo Janot também, andam sintonizados com o da crise política. A sintonia verificou-se muitas outras vezes, e particularmente na semana que antecedeu a votação da admissibilidade do impeachment pela Câmara, em abril.

Abusos da Lava-Jato e o estado de exceção

Por Marco Weissheimer, no site Sul-21:

A Operação Lava Jato, conduzida pelo juiz Sérgio Moro, vem cometendo abusos que são incompatíveis com o estado democrático de direito e só são compatíveis com a tirania e com o governo de um estado de exceção. A advertência é do advogado Marcelo Lavenère, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, que esteve em Porto Alegre na última quinta-feira (18) para participar de um ato em defesa da Constituição e do estado democrático de direito. Em entrevista ao Sul21, Lavenère denuncia a prática de abusos como julgamentos sumários, grampos e escutas colocados em celas da Polícia Federal, em escritórios de advogados, o uso da prisão preventiva como uma forma de coerção, conduções coercitivas feitas de forma absolutamente irregular.

sábado, 27 de agosto de 2016

Moro achou a mulher do Cunha. Milagre!

Por Altamiro Borges

Na quinta-feira passada, 25, finalmente o "justiceiro" Sérgio Moro encontrou Cláudia Cruz, a mulher do correntista suíço Eduardo Cunha. Segundo matéria do Jornal do Brasil, "o juiz aceitou pedido da defesa da mulher do ex-presidente da Câmara para que fosse devolvido o passaporte dela que estava com a Justiça" por decisão do Ministério Público Federal que temia a sua fuga para o exterior. Mas, sempre tão rigoroso, "Moro determinou que possíveis viagens realizadas por ela sejam previamente informadas oficialmente". Só mesmo os "midiotas" para acreditarem na imparcialidade do novo ícone da TV Globo e de seus artistas amestrados - como Susana Vieira e outras celebridades golpistas.

O golpe desmoraliza o Brasil

Por Marcelo Zero

A corajosa e competente senadora Gleisi Hoffmann causou comoção e polêmica ao dizer, no plenário do Senado, que metade daquela Casa não tinha moral para julgar a presidenta honesta. Houve até embate com o presidente Renan Calheiros, que, numa tentativa pouco racional de defender a instituição, chamou o Senado de “hospício”.

Evidentemente, a Senadora Gleisi não fez uma crítica pessoal a ninguém. Ela fez uma crítica, inteiramente pertinente, ao processo do impeachment sem crime. Afinal, não há fraude com moral. Não há golpe ético.

Quando o jornalismo vai à guerra

Por John Pilger, no site Outras Palavras:

Um homem acusado do pior dos crimes – um suposto genocídio de repercussão global – foi julgado inocente, mas o fato não virou manchete. Nem a BBC, nem a CNN cobriram. The Guardian permitiu um breve comentário. O fato foi enterrado ou suprimido, compreensivelmente. Ele deixaria muito claro como os senhores do mundo governam.

O Tribunal Criminal Internacional para a Ex-Iugoslávia (ICTY, na sigla em inglês) absolveu o falecido presidente sérvio, Slobodan Milosevic, dos crimes de guerra cometidos durante a guerra com a Bósnia (1992-95), incluindo o massacre de Srebrenica.

Festival de Cinema de Gramado: 'Fora Temer'

Da Rede Brasil Atual:

Por volta das 21h desta sexta-feira (26), enquanto em Brasília, o plenário do Senado estava às moscas na sessão de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a cerca de 2 mil quilômetros de distância, uma plateia com centenas de pessoas inconformadas com a conjuntura política brasileira mandou um claro recado na abertura do 44ª Festival de Cinema de Gramado: 'Fora, Temer golpista'.

Aguardando a exibição do filme Aquarius, do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, eles protestavam contra as medidas do presidente interino, que, em poucos mais de 100 dias, já concretizou um ataque brutal à cultura e aos direitos individuais. Porém, foi a proibição do filme para menores, nesta semana, que revoltou a classe artística, levando a diversos desdobramentos que culminaram no protesto desta sexta-feira na presença do ministro interino da Cultura, Marcelo Calero, e o secretário do Audiovisual, Alfredo Bertini.

O futuro da Globo depois do golpe

Por Bajonas Teixeira de Brito Junior, no blog Cafezinho:

Pois é. A Globo se tornou grande demais. Já era a segunda maior rede comercial do mundo e o segundo maior complexo televisivo da América Latina, agora passa a ser também a maior força política do país. A emissora, como ninguém ignora, tem sido apontada como agente decisivo dentro do consórcio do golpe.

O problema é que um princípio que rege a história brasileira, e do qual exemplos não faltam, reza que “quanto maior o homem, maior o tombo”. São tantos os casos, e não só de homens mas também de empresas, de instituições e partidos, que vale analisar o assunto com atenção.

Os sujos e os mal-lavados

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Festa acabada, músicos a pé, diz conhecido provérbio português. Vencida a quinzena olímpica e amortecido por horas o complexo de vira-lata, o país, mal refeito da ressaca cívica, se reencontra com seu drama cotidiano: a degradação da política, magnificando todos os nossos problemas, expondo nossas misérias sob lente de aumento.

E não sem razão – mais uma ironia da história? – seu epicentro se encontra em Brasília e se instala no Senado Federal onde ínclitos pais-da-pátria como Cristovam Buarque e Romero Jucá (antigos colegas de Luiz Estevão, Demóstenes Torres e Delcídio do Amaral) se aprestam a consagrar o defenestramento da presidente Dilma Rousseff, que, dentre muitas incompatibilidades com o trato parlamentar, tem a de ser, ou haver sido, pouco indulgente com as vaidades e os pleitos grandes e pequenos e quase sempre pouco republicanos de nossos Brutus.

Barbosa desmonta senadores golpistas

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Por Laís Gouveia, no site Vermelho:

Com pelo menos 16 senadores inscritos, após um intervalo de cerca de uma hora para o almoço, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que conduz os trabalhos no julgamento do processo do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, retomou, por volta das 14h20, a oitiva do ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa, arrolado como testemunha de defesa.

Durante o decorrer do julgamento, Barbosa foi questionado inúmeras vezes pelos senadores que apoiam o golpe de Estado. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) tentou desconstruir os dados apresentados pelo ex-ministro da fazenda, Nelson Barbosa. “Não dá para justificar o injustificável”, disse Nunes, a respeito dos dados apresentados por Barbosa na Casa.

O golpe e a cobertura repulsiva da Globonews

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

É repulsiva a cobertura da Globonews sobre o julgamento final do Senado sobre o golpe.

Não sou masoquista. Não vejo a Globonews porque não aprendo nada sobre jornalismo e desaprendo sobre caráter.

Mas fiquei algum tempo ali por razões excepcionais: o julgamento.

Ouviu alguma coisa estranha? Sou eu vomitando.

Indiciamento de Lula e o pós-impeachment

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O delegado Marcio Anselmo – que ficou conhecido nacionalmente depois que a repórter Júlia Dualilibi mostrou no Estadão, já em 2014, fazia propaganda pró-Aécio – indiciou o ex-presidente Lula e sua mulher, Marisa, de forma absolutamente original.

Lula é indiciado por ter recebido da OAS obras num apartamento que não é seu nem de qualquer pessoa que, em seu nome, o tenha recebido e ocultando patrimônio para ele.

O Brasil entre o Napoleão e a Urna

Por Saul Leblon, no site Carta Maior:

O golpe parlamentar desautorizou 54 milhões e quinhentos mil votos e privou a democracia de seu fundamental argumento: a vontade soberana do povo - 62% desejam novas eleições.

Esse desacerto reduz a nação a um trem que busca seus trilhos no ar.

A corrosão das referências institucionais contaminou o sistema judiciário, que digladia internamente como uma extensão togada da luta política aberta na sociedade.

Pode haver simbologia melhor, mas o nome disso é insegurança institucional.

Mobilização total neste 29 de agosto

Por Joanne Mota, no site da CTB:

“O #ForaTemer é mais que uma palavra de ordem, é uma questão de sobrevivência”, afirmou o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, ao confirmar mobilização total para o ato, em Brasília, nesta segunda-feira (29), quando a presidenta Dilma Rousseff fará pessoalmente sua defesa no Senado Federal contra o processo ilegítimo de impeachment.

Está previsto grande caminhada até o Senado que contará com a participação dos movimentos sociais, da CTB e CUT, além da Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo.

O impeachment e o futuro em xeque

Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:

É difícil imaginar o futuro da democracia no Brasil. Após o que aconteceu nos últimos anos, uma coisa é certa: a reconstrução de um sistema político aberto e pluralista será um processo longo, sujeito a complicações e retrocessos.

O maior desafio será convencer os desfavorecidos de que o caminho eleitoral é efetivamente capaz de atender às suas necessidades e preferências. A derrubada do governo Dilma Rousseff e a consequente retomada do poder pelas oligarquias pode sugerir a muitos que a solução pelo voto é ilusória. O fim da “mágica brasileira”, que fez com que tantos acreditassem que era possível solucionar sem traumas e rapidamente nossos problemas de desigualdade e injustiça, cobrará um preço elevado.