domingo, 28 de janeiro de 2018

Mensagem aos democratas brasileiros

Por Boaventura de Sousa Santos, no Blog da Boitempo:

Dirijo-me aos democratas brasileiros porque só eles podem estar interessados no teor desta mensagem. Vivemos um tempo de emoções fortes. Para alguém, como eu e tantos outros que nestes anos acompanhamos as lutas e iniciativas de todos os brasileiros no sentido de consolidar e aprofundar a democracia brasileira e contribuir para uma sociedade mais justa e menos racista e menos preconceituosa, este não é um momento de júbilo. Para alguém, como eu e tantos outros que nas últimas décadas se dedicaram a estudar o sistema judicial brasileiro e a promover uma cultura de independência democrática e de responsabilidade social entre os magistrados e os jovens estudantes de direito, este é um momento de grande frustração. Para alguém, como eu e tantos outros que estiveram atentos aos objetivos das forças reacionárias brasileiras e do imperialismo norte-americano no sentido de voltarem a controlar os destinos do país, como sempre fizeram mas pensaram que desta vez as forças populares e democratas tinham prevalecido sobre eles, este é um momento de algum desalento.

Farsa judicial decretou ditadura no Brasil

Por Jeferson Miola

O dia 24 de janeiro de 2018 tem o mesmo significado e o mesmo efeito que o 13 de dezembro de 1968. A farsa judicial do tribunal de exceção da Lava Jato feriu gravemente o Estado de Direito.

Quando o judiciário perde imparcialidade e isenção e se transforma num órgão político de perseguição a inimigos ideológicos, acaba a democracia e prevalece o desmando institucional e o obscurantismo.

O justiçamento do Lula evidencia que o regime de exceção evoluiu para uma verdadeira ditadura jurídico-midiático-policial. A truculência dos 3 justiceiros na condenação sem provas assombrou o mundo.

Caminhos para derrotar a narrativa golpista

Por Eliara Santana e Juarez Guimarães, no site Carta Maior:

O que chamamos de narrativa golpista é o processo de construção de notícias, simbolicamente estruturadas para veicularem valores e crenças sob o formato de informações. O padrão narrativo fruto desse processo foi central para legitimar o golpe parlamentar de 2016 e, de forma mais ampla, o processo da contrarrevolução neoliberal em curso. Essa narrativa foi imprescindível e poderosa porque formou as condições de um poder comunicativo – que envolve potência comunicativa, potência persuasiva e potência orgânica – vitorioso em 2016, como procuraram demonstrar os artigos anteriores desta série.

O "acerto prévio" no TRF-4 contra Lula

Por Miguel Martins, na revista CartaCapital:

Três desembargadores, uma dosimetria da pena. O julgamento de Lula em segunda instância não apenas confirmou a condenação de Lula pelo juiz Sergio Moro pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas ampliou a pena do petista para 12 anos e 1 mês em regime fechado. Embora fosse esperada a confirmação da sentença do juiz responsável pela Lava Jato em Curitiba, impressionou a unanimidade dos desembargadores na hora de aplicar uma punição mais dura ao ex-presidente.

FMI ofende soberania ao falar de eleição

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Minha experiência como correspondente em Washington da Gazeta Mercantil, entre 1999-2001, me ensinou uma verdade que a maioria dos brasileiros desconhece.

Toda vez que o Fundo Monetário Internacional, o FMI, divulga uma nota sobre um país-membro, com avaliações e perspectivas que terão consequências diretas sobre os governos de plantão, ocorre uma última avaliação antes que ela seja divulgada.

As autoridades do país examinado não apenas são informadas sobre seu conteúdo mas têm direito a dar palpites e até tentar negociar alterações em pontos que consideram delicados demais. Essa revelação me foi feita por um dos porta-vozes do próprio FMI, quando uma nota sobre o desempenho do Brasil, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, estava demorando muito para sair, estimulando um ambiente de crítica e mal-estar entre correspondentes e enviados especiais.

sábado, 27 de janeiro de 2018

Doria afunda no Ibope e é fritado no ninho

Por Altamiro Borges

As ambições políticas de João Doria, com suas viagens pelo Brasil e pelo planeta em campanha eleitoral antecipada, estão lhe custando caro. Nesta semana, a Rádio CBN – que troca notícias e nunca escondeu sua simpatia pelo velhaco tucano – divulgou o resultado da pesquisa encomendada pela Rede Nossa São Paulo ao Ibope. A aprovação do “prefake turista” despencou para apenas 15%. O paulistano, até o mais “midiotizado”, já percebe que foi enganado pela falsa campanha do “João Trabalhador”. Para atrapalhar ainda mais os planos do ricaço mimado, ele vem sendo fritado no ninho tucano. Geraldo Alckmin, o “picolé de chuchu”, parece que não engoliu a traição do filhote e articula para deixá-lo fora também da disputa ao governo de São Paulo.

Marieta Severo e os fascistas nas redes

Por Altamiro Borges

“De tanto se repetir uma mentira, ela acaba se transformando em verdade”, ensinou Joseph Goebbels (1897-1945), o ministro da Propaganda do carniceiro Adolf Hitler, às hordas nazistas. Os fascistas brasileiros, nestes tempos de ódio e de explosão da internet, parece que aprenderam a lição. Nesta semana, logo após à condenação de Lula no tribunal de exceção de Porto Alegre, eles viralizaram nas redes sociais uma carta atribuída à atriz Marieta Severo com críticas aos “erros” do ex-presidente. Em um dos trechos mais escrotos, o texto afirma: “Você errou Luís… E já passou da hora de pagar as contas por seus erros... Quem sabe, em sua arrogância insana, você até se sinta feliz... Afinal você vai em cana! E cana é tudo o que você sempre quis!”.

Noblat, o juizeco e o passaporte de Lula

Por Altamiro Borges

Muita gente ainda ignora a existência do consórcio entre a mídia privada e o “Partido da Lava-Jato” contra a frágil democracia brasileira. Mas o “calunista” Ricardo Noblat, o falso moralista da Globo e da Veja, nem esconde as aparências. Na quinta-feira (25), um dia após os carrascos do TRF-4 terem combinado a condenação do ex-presidente Lula na maior farsa jurídica da história recente, ele postou no Twitter: “Se a prisão de Lula poderá ocorrer dentro de um ou dois meses, é recomendável que se confisque o passaporte dele. Lula está para viajar à Etiópia. Não é o melhor lugar do mundo, pelo contrário. Mas de lá se voa para muitos países”. Nem na simples postagem, ele escondeu seu ódio ao líder petista e o seu preconceito contra um país africano.

Partido Midiático da Justiça e a democracia

Por Renato Rovai, em seu blog:

A democracia brasileira foi tomada de assalto aos poucos por uma combinação terrível de integrantes do Ministério Público, Judiciário e grupos de mídia, com destaque especial para as Organizações Globo.

Isso não aconteceu de uma única golada, como se costuma dizer nos botequins. Foi aos poucos, de golinho. E, tendo a considerar que começou a ficar sério na aprovação da Lei da Ficha Limpa, em maio de 2010. O conteúdo dessa lei que nunca me empolgou é muito mais moral do que qualquer outra coisa. E desequilibrou os poderes permitindo que o judiciário e o MP assumissem um protagonismo acima do Executivo e do Legislativo.

O desemprego e a propaganda enganosa

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Vocês devem se lembrar da propaganda chapa branca e dos discursos de oba-oba, agora vai, da dupla Temer & Meirelles no final do ano, festejando a retomada da economia e a geração de novos empregos graças à reforma trabalhista.

Era propaganda enganosa. Os números oficiais divulgados pelo próprio governo nesta sexta-feira mostram que no ano passado perdemos mais empregos do que ganhamos, pelo terceiro ano consecutivo.

TRF 4 consolida a sentença da mídia

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Como o debate tipicamente político e ideológico está sendo feito à exaustão pelas posições em conflito e como já escrevi várias vezes com posições claras sobre o tema, vou tentar – neste pequeno artigo – uma análise da decisão condenatória do TRF 4, o mais próxima possível da Teoria Pura do Direito. Colocando a decisão referida, portanto, dentro de um sistema de normas positivas – uma dependente da outra e todas escoradas na Constituição formal – que é o método mais aceito nos meios jurídicos do país, compatível com os fundamentos do Estado de Direito, que dá suporte a um Estado Social atualmente em processo de dissolução. A inviolabilidade dos direitos e a igualdade formal perante a lei são os fundamentos deste Estado.

O churrascão no "triplex do Lula"

Do site Vermelho:

“Se o triplex é do Lula, então o triplex é do povo!”. Essa é a convocação para o churrasco que está sendo organizado por movimentos estudantis e da juventude, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) para o sábado (3) no edifício Solaris, no Guarujá, litoral paulista. Clique aqui para acessar o evento.

“Traga sua cervejinha gelada, uma cachacinha e venha protestar com os compas no churras de inauguração do apartamento novo do Lula! Afinal, os novos vizinhos do presidente precisam conhecer os amigos dele!”, diz o evento no Facebook, que já tem mais de oito mil confirmações e 22 mil interessados.

Datafolha "julga" Lula e ressuscita Huck

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O Datafolha registrou ontem no TSE uma pesquisa que – diz a empresa – será realizada segunda e terça-feira da próxima semana para traçar os cenários de intenção de voto para as eleições de outubro.

Lula permanece presente em grande parte deles e em três das seis opções de voto em segundo turno: contra Alckmin, Marina e Bolsonaro, que se defrontam nas outras três, com a inclusão, também, de Ciro Gomes como contendor de Alckmin.

Num dos cenários de primeiro turno, o Datafolha volta a incluir Luciano Huck, que ontem Fernando Henrique voltou a tirar do “freezer”, dizendo que ele ainda não desistiu da candidatura.

A ação dos EUA contra o lulismo

O juiz está nu

Por Liana Cirne, no site Mídia Ninja:

Li hoje uma frase que bem reflete a imagem da crise instalada na credibilidade do judiciário: enquanto juízes precisam ser escoltados pela polícia, o réu é carregado nos braços do povo.

Como lembrou a amiga Katie Arguello, Foucault nos ensinou que o que pôs fim à pena de suplício foi o fato da população ter começado a ficar ao lado dos supliciados e contra seus carrascos.

O resultado do julgamento de ontem, no TRF4, embora de todo previsível, foi a condenação do próprio judiciário pela sua falência como instituição que teria por missão julgar com imparcialidade os fatos a ele submetidos.

Datafolha tentará acelerar prisão de Lula

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Eis uma notícia que prova que, atualmente, a Justiça atua ao sabor da mídia.

Notícia na coluna Radar, da edição online da revista Veja, diz que o Instituto Datafolha divulgará na próxima quarta (31) uma nova rodada de pesquisas eleitorais para a presidência medindo a repercussão do julgamento de Lula.

Lula foi mantido em cinco dos nove cenários da pesquisa estimulada. O único substituto do petista, por sinal, é o ex-governador da Bahia Jaques Wagner.

Como enfrentar o arbítrio do judiciário

Por Eugênio Aragão, no blog Cafezinho:

A velha democracia, isto é, a democracia burguesa, e o parlamentarismo foram organizados de modo a afastar, mais que ninguém, precisamente as massas dos trabalhadores do aparelho de administração. (V. I. Lenin, in “Teses e Relatório sobre a Democracia Burguesa e a Ditadura do Proletariado”, 1919).

Nove horas de revirar o estômago. Assim pode ser descrito o julgamento da apelação de Lula contra a sentença condenatória de um juiz vaidoso e exibicionista do grau de piso. A cena era digna de ópera bufa, se não fosse mais um momento dramático do conturbado cenário político nacional. Três julgadores aparentemente sem estatura para a responsabilidade que lhes foi confiada a se manifestarem raivosos, truculentos contra o apelante e se perdendo completamente do contexto fático posto na acusação. Arrogantes, primários e infantis.

Uma elite de capitães do mato

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

Na época da escravidão a figura do capitão do mato sintetizava o que existia de pior em termos humanos. Era o responsável por exercer o poder desumanizador de forma sempre violenta. O mais sujo de todo o trabalho era um misto de subserviência, admiração e medo. O capitão do mato se submetia ao patrão como um rato, queria ser como ele em seus sonhos de emancipação de sua vida ordinária e temia ocupar o lugar da pessoa que martirizava. Por outro lado, tinha a capacidade de reunir em si tudo que era mais desprezível num ser vivo, alimentando o desprezo dos senhores, o repúdio dos cidadãos e o ódio dos escravos.

Lula, enfim, se libertou!

Por Jeter Gomes, no Jornal GGN:

O dia 24 de janeiro de 2018 ficará marcado na história como o dia em que Lula se libertou. Acabou a apreensão, o nervosismo da expectativa de um possível julgamento justo. O que se viu em Porto Alegre, durante horas e horas de sessão, foi a confirmação de que o Judiciário brasileiro não tem o menor pudor em assumir diante das câmeras que tem um lado: o das elites brancas, escravocratas e raivosas. Longuíssimas leituras e discursos políticos dos magistrados e nem uma migalha de provas da culpabilidade do ex-presidente da República. Como os inquisidores nada conseguiram provar, mostraram para seus patrões da mídia e do Kapital que são ainda mais cruéis que o TorqueMoro e aumentaram a pena. Tramando a confirmação do crime, vilipendiaram as leis, a Constituição, o Estado Democrático de Direito. Com punhos de renda, prestaram contas ao rentismo. Com inteligência média, ganharam as manchetes da mídia. E voltaram pra suas casas com as mãos sujas dos carrascos.

Dienekes, democracia e batalha da esperança

Por Cezar Britto, no site Congresso em Foco:

Esta semana reencontrei um querido amigo que comigo militava no movimento estudantil, no distante iniciar dos anos oitenta. Ele acabara de participar de um ato político em defesa do direito do ex-presidente Lula apresentar sua candidatura ao crivo popular. Lembramo-nos, naquele memorável instante ressuscitador do tempo, da nossa luta pela redemocratização do Brasil, da reconstrução do Centro Acadêmico Sílvio Romero, das disputas pela representação estudantil e dos espaços libertários e de solidariedade que frequentávamos.