segunda-feira, 9 de junho de 2008

Jerónimo de Sousa e a direitização na Europa

Manifestação em Lisboa, dia 5 de junho de 2008



Numa prévia de suas palestras em São Paulo e no Rio de Janeiro, o secretário-geral do Partido Comunista Português, Jerónimo de Sousa, esteve reunido na manhã desta segunda-feira com a direção nacional do PCdoB, na nova sede do partido no centro da capital paulista. O encontro foi caloroso e propiciou rica troca de experiências. Cativamente, o ex-metalúrgico e atual deputado nacional falou sobre a guinada direitista na Europa, com a eleição de vários governantes afinados com as idéias fascistas – como Nicolas Sarkozy, na França, e Silvio Berlusconi, na Itália.

Apesar desta onda conservadora, o dirigente do PCP mostrou-se otimista com as lutas em curso e atento aos ventos progressistas na América Latina. Lembrou as recentes greves gerais na Europa e a revolta dos imigrantes na França. E insistiu na necessidade de partidos revolucionários fortes, com inserção junto aos trabalhadores. “Diante da evolução do quadro internacional, com graves ameaças, mas também cheia de potencialidades, os Partidos Comunistas são indispensáveis. Para os comunistas portugueses, dificuldade não significa impossibilidade”.

No que se refere a Portugal, Jerónimo relatou que também se presencia uma onda conservadora, mas liderada por um partido social-democrata. “O PS acelera as privatizações, ataca os direitos sociais e rasga a nossa Constituição, uma das mais avançadas da Europa. Ele faz o trabalho sujo da direita”. Na sua avaliação, porém, o desgaste dos “socialistas” é crescente. “Prova disto é que o nosso partido se fortalece, inclusive em regiões conservadoras. Sondagens de opinião mostram que o PCP é respeitado. Não faz apenas críticas, mas apresenta propostas para mudar Portugal”.

Para ele, a força do PCP reside na sua ligação com as massas populares. “Não somos um partido eleitoral. Realizamos enorme esforço de construção junto aos trabalhadores, nos seus locais de trabalho, e lideramos suas lutas em defesa dos direitos. Infelizmente, muitos partidos apostaram tudo na via institucional e eleitoral. Perderam a sua relação com o povo e também as eleições e hoje correm risco de desaparecer. O PCP nunca abandonou a sua ligação com as massas. Essa é a nossa maior prioridade. Somos hoje um partido mais forte, mais confiante e mais alegre”.
Na sua primeira visita ao Brasil, Jerónimo de Sousa está acompanhado do integrante da comissão de relações internacionais do PCP, Ângelo Alves. Sua agenda será das mais carregadas. Ele terá encontros com o vice-presidente José Alencar, o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o assessor internacional da presidência da República, Marco Aurélio Garcia. Também se reunirá com os presidentes da Câmara e do Senado, Arlindo Chinaglia e Garibaldi Alves, e com dirigentes do PT, PDT e PSB. E ainda fará uma visita ao arquiteto Oscar Niemeyer, no Rio de Janeiro.