Na semana passada, num sinal de maior unidade e maturidade, várias centrais sindicais do país divulgaram manifesto pela imediata reintegração do bancário Dirceu Travesso, arbitrariamente demitido pelo banco Nossa Caixa – sob o comando do truculento governador tucano José Serra. Didi, como é carinhosamente conhecido nos meios sindicais, é militante histórico do PSTU e um dos principais organizadores da Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas). Sempre pautou a sua militância pela firmeza e paixão na defesa de suas concepções, mas ganhou admiração pelo trato amplo e respeitoso com as demais correntes, avesso ao sectarismo tão comum neste meio.
A sua arbitrária demissão, ocorrida em maio último, não atinge apenas a Conlutas e suas práticas. É um golpe na organização sindical dos trabalhadores, visando silenciá-la e domesticá-la. Ocorre no exato momento em que o presidente Lula sanciona o projeto de legalização das centrais, o que pressupõe a garantia de estabilidade no emprego para os seus dirigentes – inclusive da Conlutas –, conforme determina a Constituição brasileira. Além disso, a demissão se deu no bojo da luta dos bancários contra o criminoso projeto do PSDB de privatização do banco Nossa Caixa, um patrimônio construído pelos tributos dos paulistas. É um ataque descabido à justa mobilização.
Como alerta o manifesto assinado pela CTB, CUT, UGT, NCST e Intersindical, “o companheiro Dirceu Travesso é dirigente nacional da Conlutas, uma das centrais constituída legalmente em nosso país. Portanto, a sua demissão configura um desrespeito ao direito de organização e de representação sindical dos trabalhadores. Ela agride todas as centrais sindicais, pois se trata de precedente inaceitável e afronta a própria lei que o presidente da República acaba de sancionar”.
O manifesto já foi entregue ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e encaminhado à direção do banco. Vários atos têm ocorrido pela reintegração do líder sindical. Até a Assembléia Legislativa de São Paulo, sob domínio tucano, aprovou pedido de revisão da demissão. Apesar dos protestos, o governador José Serra se finge de surdo, revelando todo seu caráter autoritário e anti-sindical na tentativa de se cacifar como candidato da direita conservadora à Presidência da República. Só recuará com o aumento da pressão da sociedade pela imediata reintegração do combativo Didi.