Por Altamiro Borges
Em sua coluna na Veja desta semana, Diogo Mainardi, o pitbul da direita nativa, deu uma notícia que alegrou muita gente. Anunciou que deixará o Brasil. Num texto empolado, ele não explica os motivos da decisão. A única pista surge na frase “tenho medo de ser preso” – será uma confissão de culpa? “Oito anos depois de desembarcar no Rio de Janeiro, de passagem, estou indo embora. Um vagabundo empurrado pela vagabundagem”. Concordo totalmente com a primeira descrição!
O enigmático anúncio levantou muitas suspeitas. Para o blogueiro Paulo Henrique Amorim, uma das vítimas das difamações e grosserias deste pseudojornalista, ele está fugindo para não pagar o que deve. “O Mainardi me deve dinheiro. Ele perdeu no Supremo Tribunal Federal, por decisão do Ministro Toffoli, recurso em uma causa que movo contra ele. Contra ele e o patrão, o Robert (o) Civita... Interessante é que o próprio Mainardi foi quem disse que só escrevia por dinheiro”.
“Fim de uma era de infâmia”
Luis Nassif também suspeita que Mainardi vá deixar o país para evitar a Justiça. A referência ao medo de ser preso “é real. Condenado a três meses de prisão por calúnias contra Paulo Henrique Amorim, perdeu a condição de réu primário. Há uma lista de ações contra ele. As cíveis, a Abril paga, como parte do trato. As criminais são intransferíveis. E há muitas pelo caminho. Há meses e meses meus advogados tentam citá-lo, em vão. Ele foge para todo lado”.
Para o blogueiro que já foi alvo das agressões do pitbul da Veja, o festejado anúncio representa “o fim de uma era de infâmia”. “O problema não é o Mainardi. Ele é apenas uma figura menor que, em uma ação orquestrada, ganhou visibilidade nacional para poder efetuar os ataques encomendados por Roberto Civita e José Serra. Quando passar o fragor da batalha, ainda será contado o que foram esses anos de infâmia no jornalismo brasileiro”.
“Sou um conspirador da elite”
André Cintra, editor de mídia do portal Vermelho, apresenta ainda outra hipótese. Ele constatou que Mainardi perdeu espaços na imprensa, inclusive na Veja. “Ele perdeu credibilidade e, talvez, renda”. Essa suspeita já fora apontada, algum tempo atrás, por Alberto Dines, do Observatório da Imprensa. “Há poucos meses, ele puxava o cordão dos que mais recebia mensagens; agora nem aparece no esfarrapado Oscar semanal. O leitor da Veja já não agüenta tanta fanfarronada”.
Levanto aqui outra suspeita. Filhinho de pai, Mainardi sempre fez turismo pelo mundo. Ele não tem qualquer vínculo com o país e seu povo. Até escreveu um livro sugestivamente intitulado de “Contra o Brasil”. Na fase recente, com a eleição de Lula, seu ódio ficou mais doentio. “Sou um conspirador da elite, quero derrubar Lula, só não quero ter muito trabalho” (Veja, 13/08/05). Ele chegou se gabar de “quase ter derrubado o presidente Lula” e ficou furioso com a sua reeleição.
Coitado do cão sarnento
Este “difamador travestido de jornalista”, como bem o definiu o ministro Franklin Martins, fez inimigos por todos os lados. Satanizou o sindicalismo, o MST, os intelectuais e as lideranças de esquerda no país e no mundo. Apoiou o genocídio dos EUA no Iraque e destilou veneno contra Fidel Castro, Evo Morales e Hugo Chávez. O seu egocêntrico “tribunal macartista mainardiano”, no qual fez acusações levianas contra vários jornalistas, gerou protestos das entidades do setor.
Odiado por todos e prevendo a derrota do seu candidato nas eleições de 2010, Mainardi anuncia agora: “Vou embora”. Talvez não sinta mais clima para ficar no país e perceba que suas bravatas fascistas não convencem muita gente. Teme até ser preso por suas difamações e calúnias. Não agüentaria a continuidade da experiência aberta pelo presidente Lula, com a eleição de Dilma Rousseff. No twitter, brinquei que sua fuga lembra o cachorro sarnento que abandona o próprio dono. Muitos reagiram: é sacanagem com o pobre animalzinho. Concordo e peço desculpas!
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terça-feira, 27 de julho de 2010
O significado do encontro dos blogueiros
Reproduzo entusiasmado artigo de Eduardo Guimarães, do blog Cidadania:
Devo comemorar um evento ocorrido na noite de ontem (21) que, a meu juízo, constituiu um marco na evolução desse fenômeno que convencionaram chamar de “blogosfera”.
Na noite de quarta-feira, no Sujinho, bar histórico da boemia politizada paulistana, reuniu-se o grupo que organiza o 1º Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas.
Todos os mais conhecidos e lidos blogueiros do país, sem exceção, estavam presentes. Um grupo de onze pessoas passou a noite tomando uma boa cachaça Seleta e planejando como dar voz e vez a blogueiros de todo o país, sobretudo àqueles regionais, ainda sem projeção nacional.
Pactuamos que não seremos estrelas do evento, mas platéia para aqueles aos quais tentaremos dar projeção.
O que se quer é fortalecer até o mais novo, o menos lido, porém o mais promissor dos blogs.
Porque há um trabalho espetacular sendo feito por jovens e politizados blogueiros, por aqueles que ainda nem dominam direito as tecnologias e as técnicas de blogar, mas que têm enorme potencial para fazê-lo se receberem um mínimo de assessoria.
Alguma coisa mudou na comunicação no Brasil na noite da ultima quarta-feira. Todos aqueles que têm feito os blogs mais lidos da blogosfera progressista finalmente estiveram todos juntos, planejando como dar maior visibilidade a mais blogueiros e como organizar minimamente esse fenômeno surpreendente que nos reuniu.
Em 21 e 22 de agosto, em São Paulo, um dos fenômenos mais surpreendentes da comunicação brasileira no século XXI irá se materializar. Uma comunidade virtual diversificada, humanista, progressista, questionadora, representante do que há de mais inovador em termos de organização social, irá se reunir para discutir o aprimoramento dos espaços livres para todo e qualquer novo debate.
Poderei contar aos meus netos que participei dessa reação da sociedade a um status quo decadente e que já tem os seus dias contados.
Viva a blogosfera progressista!
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Devo comemorar um evento ocorrido na noite de ontem (21) que, a meu juízo, constituiu um marco na evolução desse fenômeno que convencionaram chamar de “blogosfera”.
Na noite de quarta-feira, no Sujinho, bar histórico da boemia politizada paulistana, reuniu-se o grupo que organiza o 1º Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas.
Todos os mais conhecidos e lidos blogueiros do país, sem exceção, estavam presentes. Um grupo de onze pessoas passou a noite tomando uma boa cachaça Seleta e planejando como dar voz e vez a blogueiros de todo o país, sobretudo àqueles regionais, ainda sem projeção nacional.
Pactuamos que não seremos estrelas do evento, mas platéia para aqueles aos quais tentaremos dar projeção.
O que se quer é fortalecer até o mais novo, o menos lido, porém o mais promissor dos blogs.
Porque há um trabalho espetacular sendo feito por jovens e politizados blogueiros, por aqueles que ainda nem dominam direito as tecnologias e as técnicas de blogar, mas que têm enorme potencial para fazê-lo se receberem um mínimo de assessoria.
Alguma coisa mudou na comunicação no Brasil na noite da ultima quarta-feira. Todos aqueles que têm feito os blogs mais lidos da blogosfera progressista finalmente estiveram todos juntos, planejando como dar maior visibilidade a mais blogueiros e como organizar minimamente esse fenômeno surpreendente que nos reuniu.
Em 21 e 22 de agosto, em São Paulo, um dos fenômenos mais surpreendentes da comunicação brasileira no século XXI irá se materializar. Uma comunidade virtual diversificada, humanista, progressista, questionadora, representante do que há de mais inovador em termos de organização social, irá se reunir para discutir o aprimoramento dos espaços livres para todo e qualquer novo debate.
Poderei contar aos meus netos que participei dessa reação da sociedade a um status quo decadente e que já tem os seus dias contados.
Viva a blogosfera progressista!
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A mídia nativa e a síndrome do púlpito
Reproduzo artigo de Mino Carta, publicado na revista CartaCapital:
Lembrei-me de uma anedota. Jovem padre recém-ordenado recebe do pároco a tarefa imponente do sermão de domingo. Trata-se de sua estreia no púlpito e a missa é a do meio-dia. Recomenda o pároco: a ocasião pede por um pronunciamento direto e forte, nada de meias-palavras e panos quentes. O jovem, empolgado, cumpre sua tarefa na certeza do dever cumprido. Depois da missa, procura o chefe para saber se passou na prova. “Bem – diz o pároco – direto e forte você foi, mas não precisava ofender a mãe do Demônio.”
Não sei que gênero de clímax pretende atingir a campanha de José Serra. Aliás, não entendi até hoje quais são suas diretrizes porque, às vezes, parece-me ter perdido a bússola. O que surpreende em um pároco, perdão, candidato tão preparado, navegante de várias eleições. Nada de surpresas, no entanto, com o sermão de padre Índio, excitado na estreia do púlpito. Depois de ouvi-lo, ou melhor, de lê-lo, perguntei aos meus boquiabertos botões qual seria o sentido da ligação do PT com as Farc. Se, por exemplo, de um lado vem a coca e do outro vão bazucas. Responderam os botões com uma pergunta: será do conhecimento do candidato a vice que o diabo não tem mãe?
A tarefa do pároco para sair da situação desagradável é mais simples do que a do candidato à Presidência. O pároco chama brandamente às falas o jovem desastrado e desconversa com os fiéis perplexos. O candidato à Presidência enfrenta outro gênero de dificuldade diante do companheiro de chapa recém-convocado. Donde a tentativa de executar um remendo in extremis ao dizer que o PT certamente não participa do narcotráfico, embora mantenha relações com as famigeradas Farc.
Serra não contava, ouso esperar, com a pontual e clangorosa reação dos jornalões paulistas. Inebriados pela oportunidade, tanto o Estadão quanto a Folha de S.Paulo estampam a frase do seu candidato em manchete da primeira página. Ao mesmo tempo, em um canto, Índio da Costa murmura que o chefe está certo, sem deixar de lembrar que o narcotráfico financia os bandidos rebeldes da Colômbia.
Pois aí está o problema: no seu ímpeto libertador, a mídia prejudica em vez de ajudar. Abunda em boa-fé e em incompetência. Tropeça no seu próprio irrefreável impulso voltado à demolição da candidatura sustentada por Lula, impulso genuíno, que vem dos precórdios, mas sempre precipitado, raivoso e frequentemente ridículo. Um pouco mais de sutileza, de compostura, de honestidade, não fariam mal algum à mídia nativa neste momento.
O candidato Serra, que cultiva excelentes relações com os donos das empresas jornalísticas e com vários dos seus profissionais, quem sabe devesse transmitir a eles a mesma recomendação de Talleyrand aos seus comandados, quando ministro do Exterior de Napoleão: “Sobretudo, nunca zelo demais”. Zelo em excesso atrapalha.
Neste espaço, já disse do peso exorbitante da herança tucana e fernandista, a sobrar implacavelmente para o ex-governador de São Paulo de volta à liça do pleito presidencial. Recordo a origem esquerdista do presidente da UNE quando do golpe de 1964, e como Serra se manteve fiel às ideias e crenças da juventude por muito tempo. Décadas a fio. Anoto também que ele nunca propôs “esqueçam o que disse”. Mesmo assim ele é hoje, por força das circunstâncias, o candidato da direita.
É apenas uma constatação, registro inescapável. E não se trata de qualquer direita, e sim do rançoso udenismo na sua versão atualizada. O mesmo udenismo que tramou contra Getúlio presidente eleito, contra Juscelino, contra João Goulart, e que enfim realizou seu projeto com o golpe. E de passagem queimou a sede da UNE.
P.S. O senhor Alberto Dines gostaria que eu fosse alto, louro e de olhos azuis. Infelizmente, não posso atendê-lo. Registro, apenas, que há mais de 30 anos ele se obstina a escrever a minha biografia a partir da sua vocação de ficcionista, de sorte a dispensar sumariamente a verdade factual. Na quarta-feira, em seu Observatório da Imprensa, o senhor Alberto Dines acrescentou um capítulo à sua obra e, como de hábito, investiu contra o acima assinado com o enésimo punhado de calúnias. Cansei. Como dizem os advogados dos filmes e seriados americanos: vamos nos encontrar em juízo.
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Lembrei-me de uma anedota. Jovem padre recém-ordenado recebe do pároco a tarefa imponente do sermão de domingo. Trata-se de sua estreia no púlpito e a missa é a do meio-dia. Recomenda o pároco: a ocasião pede por um pronunciamento direto e forte, nada de meias-palavras e panos quentes. O jovem, empolgado, cumpre sua tarefa na certeza do dever cumprido. Depois da missa, procura o chefe para saber se passou na prova. “Bem – diz o pároco – direto e forte você foi, mas não precisava ofender a mãe do Demônio.”
Não sei que gênero de clímax pretende atingir a campanha de José Serra. Aliás, não entendi até hoje quais são suas diretrizes porque, às vezes, parece-me ter perdido a bússola. O que surpreende em um pároco, perdão, candidato tão preparado, navegante de várias eleições. Nada de surpresas, no entanto, com o sermão de padre Índio, excitado na estreia do púlpito. Depois de ouvi-lo, ou melhor, de lê-lo, perguntei aos meus boquiabertos botões qual seria o sentido da ligação do PT com as Farc. Se, por exemplo, de um lado vem a coca e do outro vão bazucas. Responderam os botões com uma pergunta: será do conhecimento do candidato a vice que o diabo não tem mãe?
A tarefa do pároco para sair da situação desagradável é mais simples do que a do candidato à Presidência. O pároco chama brandamente às falas o jovem desastrado e desconversa com os fiéis perplexos. O candidato à Presidência enfrenta outro gênero de dificuldade diante do companheiro de chapa recém-convocado. Donde a tentativa de executar um remendo in extremis ao dizer que o PT certamente não participa do narcotráfico, embora mantenha relações com as famigeradas Farc.
Serra não contava, ouso esperar, com a pontual e clangorosa reação dos jornalões paulistas. Inebriados pela oportunidade, tanto o Estadão quanto a Folha de S.Paulo estampam a frase do seu candidato em manchete da primeira página. Ao mesmo tempo, em um canto, Índio da Costa murmura que o chefe está certo, sem deixar de lembrar que o narcotráfico financia os bandidos rebeldes da Colômbia.
Pois aí está o problema: no seu ímpeto libertador, a mídia prejudica em vez de ajudar. Abunda em boa-fé e em incompetência. Tropeça no seu próprio irrefreável impulso voltado à demolição da candidatura sustentada por Lula, impulso genuíno, que vem dos precórdios, mas sempre precipitado, raivoso e frequentemente ridículo. Um pouco mais de sutileza, de compostura, de honestidade, não fariam mal algum à mídia nativa neste momento.
O candidato Serra, que cultiva excelentes relações com os donos das empresas jornalísticas e com vários dos seus profissionais, quem sabe devesse transmitir a eles a mesma recomendação de Talleyrand aos seus comandados, quando ministro do Exterior de Napoleão: “Sobretudo, nunca zelo demais”. Zelo em excesso atrapalha.
Neste espaço, já disse do peso exorbitante da herança tucana e fernandista, a sobrar implacavelmente para o ex-governador de São Paulo de volta à liça do pleito presidencial. Recordo a origem esquerdista do presidente da UNE quando do golpe de 1964, e como Serra se manteve fiel às ideias e crenças da juventude por muito tempo. Décadas a fio. Anoto também que ele nunca propôs “esqueçam o que disse”. Mesmo assim ele é hoje, por força das circunstâncias, o candidato da direita.
É apenas uma constatação, registro inescapável. E não se trata de qualquer direita, e sim do rançoso udenismo na sua versão atualizada. O mesmo udenismo que tramou contra Getúlio presidente eleito, contra Juscelino, contra João Goulart, e que enfim realizou seu projeto com o golpe. E de passagem queimou a sede da UNE.
P.S. O senhor Alberto Dines gostaria que eu fosse alto, louro e de olhos azuis. Infelizmente, não posso atendê-lo. Registro, apenas, que há mais de 30 anos ele se obstina a escrever a minha biografia a partir da sua vocação de ficcionista, de sorte a dispensar sumariamente a verdade factual. Na quarta-feira, em seu Observatório da Imprensa, o senhor Alberto Dines acrescentou um capítulo à sua obra e, como de hábito, investiu contra o acima assinado com o enésimo punhado de calúnias. Cansei. Como dizem os advogados dos filmes e seriados americanos: vamos nos encontrar em juízo.
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Mídia oculta caos na saúde em São Paulo
Reproduzo artigo de Gilson Caroni Filho e João Paulo Cechinel Souza, publicado no sítio Carta Maior:
Nos últimos dias, temos visto uma infindável torrente de notícias trazendo o presidenciável José Serra como o baluarte derradeiro na defesa por uma saúde pública decente. Cabe-nos, entretanto, salientar alguns pontos propositalmente obscurecidos pela grande mídia sobre o tema em questão.
Desde 1998, com a eleição de Covas e a edição/promulgação de um projeto de lei pelo então presidente FHC, as Organizações Sociais (OSs) passaram a gerir uma série de instituições hospitalares Brasil afora, mas encontraram no Estado de São Paulo seu porto pacífico.
A partir de então, os hospitais e serviços de saúde, que vinham sendo administrados diretamente pelas autarquias municipais e estaduais tiveram seu gerenciamento progressivamente terceirizado, privatizado – sempre pelas mesmas (e poucas) empresas (OSs), e sempre sem licitação.
O esquema, de contratos milionários, envolve aquilo que FHC e Serra fizeram enquanto foram gestores federais: sucateamento e pauperização crescentes das estruturas públicas, principalmente as hospitalares e educacionais, e desvalorização de seus funcionários, para que o argumento privatizador pudesse encontrar respaldo junto à população em geral, com o devido apoio das corporações midiáticas.. E assim foi. E assim continua sendo São Paulo.
Serra deixou à míngua o renomado Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho (IAVC), forçando os profissionais a pedirem demissão pela falta de condições dignas de trabalho no local, relegando a segundo plano o tratamento dos pacientes que lá procuram auxílio. Preferiu deixar de lado um centro de excelência para inaugurar o resplandecente e novo Instituto do Câncer de São Paulo Octávio Frias de Oliveira (ICESP), só para homenagear seu padrinho midiático, aquele cuja família lhe oferece a logística de um jornal diário e a metodologia favorável do Datafolha.
Infelizmente, até hoje o ICESP não funciona plenamente, os profissionais de saúde têm dificuldades imensas para encaminhar para lá os doentes que dele precisam e os pacientes do IAVC continuam com sérios problemas para conseguirem ter sua saúde recuperada.
Por conta dessa mesma terceirização da saúde pública paulista e paulistana, o vírus da dengue encontrou em São Paulo um grande apoio governamental. Minimizando a atuação das Unidades Básicas de Saúde (UBS) na prevenção de diversos problemas de saúde, subestimando o fator pluviométrico e seu poder disseminador de doenças, a Prefeitura Municipal de São Paulo demitiu centenas de agentes de combate às zoonoses, essenciais para o controle da doença.
A responsabilidade pelo aumento de quase 4.000% no número de casos de dengue na cidade é debitada na conta da população que não está à altura da arquitetura inovadora do tucanato. Sem contar os assombrosos índices de contaminação nas cidades de São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, todas administradas por políticos com ideias semelhantes às dos prefeitos paulistanos Serra-Kassab – e por eles apoiados.
Não bastasse tamanho descalabro, delegou às OSs a administração de diversas UBS, prejudicando, sobremaneira, a inserção das equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) no Estado, onde podemos encontrar um enorme vácuo no mapa brasileiro no que diz respeito à sua efetiva implementação. A saber, as equipes de ESF são inseridas tendo em vista, basicamente, o contingente populacional a ser atendido. Com base nisso, São Paulo deveria ser o Estado com maior número de equipes – justamente o contrário ao que se constata na realidade.
No que diz respeito às estratégias de atendimento primário à saúde, Serra fragmentou todo o atendimento prestado pelas UBS, esperando, assim, reinventar a roda – e, com ela, quem o legitimasse publicamente. Essa foi a lógica que o levou a criar o “Dose Certa”, o “Mãe Paulistana” e as unidades de Atendimento Médico Ambulatorial (AMAs), que, reunidos, constituem, justamente, o que se chama no resto do Brasil de ESF.
Mas a farsa de José Serra não tem começo tão recente. Antes de redescobrir a pólvora no atendimento primário, já estava chamando para si os louros do programa dos Genéricos, verdadeiramente criado pelo médico e então Ministro da Saúde Jamil Haddad (PSB/RJ) em 1993, que, atendendo a orientações da Organização Mundial de Saúde, editou e promulgou o Decreto-Lei 793. Este sim, revogado integralmente por FHC e Serra em 1999, foi posteriormente reeditado por eles mesmos (lei 9.787/99 e decreto 3.181/99), acrescentando, vejam que pequeno detalhe, inúmeras concessões às grandes indústrias farmacêuticas.
Presidente de honra do PSB, Jamil Haddad faleceu em 2009, divulgando a todos quantos quiseram ouvi-lo que sua ideia fora usurpada por Serra e seu respectivo partido. Faltou, obviamente, o prestimoso apoio da mídia corporativa para divulgar suas denúncias.
Da mesma forma, Serra se “esquece” de mencionar outros atores importantes e nada coadjuvantes quando se refere ao Programa Nacional de Combate à AIDS. Relata sempre que foi o mais importante, senão o único, agente responsável pela implantação do Programa, tentando obscurecer os trabalhos fundamentais desenvolvidos desde meados da década de 80 pelos médicos Pedro Chequer, Euclides Castilho, Luís Loures e Celso Ferreira Ramos Filho, além da coordenação realizada dentro do Ministério da Saúde, no início da década seguinte, pelo ex-ministro Adib Jatene e pela bióloga Dra. Lair Guerra de Macedo Rodrigues.
Tanto esforço não valeu muito no município de São Paulo, que parece não ter feito a lição de casa no que diz respeito à redução da mortalidade associada à AIDS nos últimos anos – entre o final da gestão Serra e o começo da gestão Kassab (2008-2009). Segundo dados da própria Secretaria Municipal de Saúde, houve um aumento do número de óbitos pela doença no município, contrariamente ao que aconteceu no resto do país.
Muito embora essa mistura de hipocrisia e obscurantismo seja maquiada pela grande imprensa ao divulgar os feitos tucanos na área da saúde, contra ela existem fatos concretos e objetivos. E sobre isso Serra não pode fazer nada. Sobra-lhe a opção de negar sua existência ou pedir à Folha de São Paulo que reescreva a história da forma que lhe parece mais conveniente. Talvez não seja interessante para sua candidatura que se descubra o real sentido do que promete. Quando fala em acabar com as filas para a saúde estamos diante de uma proposta de modernização gerencial ou uma ameaça de extermínio? É uma dúvida relevante.
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Nos últimos dias, temos visto uma infindável torrente de notícias trazendo o presidenciável José Serra como o baluarte derradeiro na defesa por uma saúde pública decente. Cabe-nos, entretanto, salientar alguns pontos propositalmente obscurecidos pela grande mídia sobre o tema em questão.
Desde 1998, com a eleição de Covas e a edição/promulgação de um projeto de lei pelo então presidente FHC, as Organizações Sociais (OSs) passaram a gerir uma série de instituições hospitalares Brasil afora, mas encontraram no Estado de São Paulo seu porto pacífico.
A partir de então, os hospitais e serviços de saúde, que vinham sendo administrados diretamente pelas autarquias municipais e estaduais tiveram seu gerenciamento progressivamente terceirizado, privatizado – sempre pelas mesmas (e poucas) empresas (OSs), e sempre sem licitação.
O esquema, de contratos milionários, envolve aquilo que FHC e Serra fizeram enquanto foram gestores federais: sucateamento e pauperização crescentes das estruturas públicas, principalmente as hospitalares e educacionais, e desvalorização de seus funcionários, para que o argumento privatizador pudesse encontrar respaldo junto à população em geral, com o devido apoio das corporações midiáticas.. E assim foi. E assim continua sendo São Paulo.
Serra deixou à míngua o renomado Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho (IAVC), forçando os profissionais a pedirem demissão pela falta de condições dignas de trabalho no local, relegando a segundo plano o tratamento dos pacientes que lá procuram auxílio. Preferiu deixar de lado um centro de excelência para inaugurar o resplandecente e novo Instituto do Câncer de São Paulo Octávio Frias de Oliveira (ICESP), só para homenagear seu padrinho midiático, aquele cuja família lhe oferece a logística de um jornal diário e a metodologia favorável do Datafolha.
Infelizmente, até hoje o ICESP não funciona plenamente, os profissionais de saúde têm dificuldades imensas para encaminhar para lá os doentes que dele precisam e os pacientes do IAVC continuam com sérios problemas para conseguirem ter sua saúde recuperada.
Por conta dessa mesma terceirização da saúde pública paulista e paulistana, o vírus da dengue encontrou em São Paulo um grande apoio governamental. Minimizando a atuação das Unidades Básicas de Saúde (UBS) na prevenção de diversos problemas de saúde, subestimando o fator pluviométrico e seu poder disseminador de doenças, a Prefeitura Municipal de São Paulo demitiu centenas de agentes de combate às zoonoses, essenciais para o controle da doença.
A responsabilidade pelo aumento de quase 4.000% no número de casos de dengue na cidade é debitada na conta da população que não está à altura da arquitetura inovadora do tucanato. Sem contar os assombrosos índices de contaminação nas cidades de São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, todas administradas por políticos com ideias semelhantes às dos prefeitos paulistanos Serra-Kassab – e por eles apoiados.
Não bastasse tamanho descalabro, delegou às OSs a administração de diversas UBS, prejudicando, sobremaneira, a inserção das equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) no Estado, onde podemos encontrar um enorme vácuo no mapa brasileiro no que diz respeito à sua efetiva implementação. A saber, as equipes de ESF são inseridas tendo em vista, basicamente, o contingente populacional a ser atendido. Com base nisso, São Paulo deveria ser o Estado com maior número de equipes – justamente o contrário ao que se constata na realidade.
No que diz respeito às estratégias de atendimento primário à saúde, Serra fragmentou todo o atendimento prestado pelas UBS, esperando, assim, reinventar a roda – e, com ela, quem o legitimasse publicamente. Essa foi a lógica que o levou a criar o “Dose Certa”, o “Mãe Paulistana” e as unidades de Atendimento Médico Ambulatorial (AMAs), que, reunidos, constituem, justamente, o que se chama no resto do Brasil de ESF.
Mas a farsa de José Serra não tem começo tão recente. Antes de redescobrir a pólvora no atendimento primário, já estava chamando para si os louros do programa dos Genéricos, verdadeiramente criado pelo médico e então Ministro da Saúde Jamil Haddad (PSB/RJ) em 1993, que, atendendo a orientações da Organização Mundial de Saúde, editou e promulgou o Decreto-Lei 793. Este sim, revogado integralmente por FHC e Serra em 1999, foi posteriormente reeditado por eles mesmos (lei 9.787/99 e decreto 3.181/99), acrescentando, vejam que pequeno detalhe, inúmeras concessões às grandes indústrias farmacêuticas.
Presidente de honra do PSB, Jamil Haddad faleceu em 2009, divulgando a todos quantos quiseram ouvi-lo que sua ideia fora usurpada por Serra e seu respectivo partido. Faltou, obviamente, o prestimoso apoio da mídia corporativa para divulgar suas denúncias.
Da mesma forma, Serra se “esquece” de mencionar outros atores importantes e nada coadjuvantes quando se refere ao Programa Nacional de Combate à AIDS. Relata sempre que foi o mais importante, senão o único, agente responsável pela implantação do Programa, tentando obscurecer os trabalhos fundamentais desenvolvidos desde meados da década de 80 pelos médicos Pedro Chequer, Euclides Castilho, Luís Loures e Celso Ferreira Ramos Filho, além da coordenação realizada dentro do Ministério da Saúde, no início da década seguinte, pelo ex-ministro Adib Jatene e pela bióloga Dra. Lair Guerra de Macedo Rodrigues.
Tanto esforço não valeu muito no município de São Paulo, que parece não ter feito a lição de casa no que diz respeito à redução da mortalidade associada à AIDS nos últimos anos – entre o final da gestão Serra e o começo da gestão Kassab (2008-2009). Segundo dados da própria Secretaria Municipal de Saúde, houve um aumento do número de óbitos pela doença no município, contrariamente ao que aconteceu no resto do país.
Muito embora essa mistura de hipocrisia e obscurantismo seja maquiada pela grande imprensa ao divulgar os feitos tucanos na área da saúde, contra ela existem fatos concretos e objetivos. E sobre isso Serra não pode fazer nada. Sobra-lhe a opção de negar sua existência ou pedir à Folha de São Paulo que reescreva a história da forma que lhe parece mais conveniente. Talvez não seja interessante para sua candidatura que se descubra o real sentido do que promete. Quando fala em acabar com as filas para a saúde estamos diante de uma proposta de modernização gerencial ou uma ameaça de extermínio? É uma dúvida relevante.
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Índio playboy e liberdade de expressão
Reproduzo artigo do professor Dennis de Oliveira, publicado no sítio da Revista Fórum:
Na baixaria proferida pelo candidato a vice-presidente da chapa demotucana, Índio da Costa, chamou-me a atenção o argumento usado pelo presidenciável José Serra para defender seu companheiro: “Agora, de toda maneira, aí nós estamos discutindo opiniões. Alguns podem gostar, outros não gostar, mas são opiniões”.
É o tal direito libertino de “expressar opiniões” de que tanto alguns colunistas alegam para poder proferir toda a sorte de acusações. Uma corrupção maldosa do direito a liberdade de expressão, bandeira das revoluções iluministas do século XVIII.
O professor Venício Artur de Lima, da Universidade de Brasília, escreveu um brilhante livro intitulado “Liberdade de expressão versus liberdade de imprensa” (Publisher Brasil, 2010; 160 pp). O autor discute as diferenças conceituais entre “liberdade de expressão”, “liberdade de imprimir” e “liberdade de imprensa”, propositalmente confundida pela direita brasileira na mídia e no aparelho demotucano. Liberdade de expressão é um direito de o cidadão poder exprimir suas ideias no debate na esfera pública, conceito básico do liberalismo, inclusive poder reproduzi-las por meio da sua impressão (a “liberdade de imprimir”).
Os sujeitos destes direitos são os cidadãos e o objetivo é o debate na esfera pública. Jürgen Habermas, quando conceitua esfera pública, lembra que ela estava assentada sobre uma percepção racional sobre os problemas – a tal razão emancipadora do indivíduo.
Ao confundir os conceitos, a direita transfigura o direito de liberdade de expressão para a liberdade das corporações midiáticas poderem expressar o que querem. Acima dos cidadãos. Até mesmo acima dos profissionais da imprensa. Alguém, por um acaso, viu alguma nota da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) ou da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) contra as perseguições que sofre o jornalista Lúcio Flávio, do Jornal Pessoal, em Belém; ou que tenha se manifestado contra as perseguições na TV Cultura ou ainda contra as pressões que a “democrática” Folha de S. Paulo fez sobre Marilene Filinto, José Arbex, Alberto Dines, Cláudio Abramo, entre vários outros por divergências ideológicas?
Porém, esta corrupção do direito a liberdade de expressão vai mais além. Vai para um direito acima da responsabilidade do que se fala em público. A fala expressa pelo vice demotucano não tem nada de “racionalidade” que contribua para o debate. É baixaria pura. Não é opinião, como argumentou o senhor Serra, falar que o outro pratica um ato criminoso como fazer parte do narcotráfico. É uma acusação grave que, se não for provada, passa a ser crime de calúnia. Isto está na lei brasileira. É parte do contrato social democrático brasileiro.
O tal de Alejandro Aguirre, presidente da SIP (Sociedade Interamericana de Prensa), veio a público falar que Lula não é democrata porque apóia governos antidemocráticos, como o de Cuba. Talvez a democracia que a SIP defenda é esta da liberdade de alguns poderosos poderem acusar os outros sem provas, como acontece em ditaduras militares – vinha as polícias secretas, prendiam, acusavam sem qualquer prova e condenavam – à tortura e à morte. Muitas destas ditaduras tiveram apoio de vários órgãos de imprensa que hoje compõem a SIP, como no Brasil, no Chile e na Argentina. Os demos, ex-PFL, ex-Arena, conhecem bem este tipo de regime. Fizeram parte dele. É esta a democracia que demos, SIP, alguns jornais, índios playboys da zona sul carioca e, infelizmente, tucanos mal-resolvidos defendem agora.
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Na baixaria proferida pelo candidato a vice-presidente da chapa demotucana, Índio da Costa, chamou-me a atenção o argumento usado pelo presidenciável José Serra para defender seu companheiro: “Agora, de toda maneira, aí nós estamos discutindo opiniões. Alguns podem gostar, outros não gostar, mas são opiniões”.
É o tal direito libertino de “expressar opiniões” de que tanto alguns colunistas alegam para poder proferir toda a sorte de acusações. Uma corrupção maldosa do direito a liberdade de expressão, bandeira das revoluções iluministas do século XVIII.
O professor Venício Artur de Lima, da Universidade de Brasília, escreveu um brilhante livro intitulado “Liberdade de expressão versus liberdade de imprensa” (Publisher Brasil, 2010; 160 pp). O autor discute as diferenças conceituais entre “liberdade de expressão”, “liberdade de imprimir” e “liberdade de imprensa”, propositalmente confundida pela direita brasileira na mídia e no aparelho demotucano. Liberdade de expressão é um direito de o cidadão poder exprimir suas ideias no debate na esfera pública, conceito básico do liberalismo, inclusive poder reproduzi-las por meio da sua impressão (a “liberdade de imprimir”).
Os sujeitos destes direitos são os cidadãos e o objetivo é o debate na esfera pública. Jürgen Habermas, quando conceitua esfera pública, lembra que ela estava assentada sobre uma percepção racional sobre os problemas – a tal razão emancipadora do indivíduo.
Ao confundir os conceitos, a direita transfigura o direito de liberdade de expressão para a liberdade das corporações midiáticas poderem expressar o que querem. Acima dos cidadãos. Até mesmo acima dos profissionais da imprensa. Alguém, por um acaso, viu alguma nota da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) ou da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) contra as perseguições que sofre o jornalista Lúcio Flávio, do Jornal Pessoal, em Belém; ou que tenha se manifestado contra as perseguições na TV Cultura ou ainda contra as pressões que a “democrática” Folha de S. Paulo fez sobre Marilene Filinto, José Arbex, Alberto Dines, Cláudio Abramo, entre vários outros por divergências ideológicas?
Porém, esta corrupção do direito a liberdade de expressão vai mais além. Vai para um direito acima da responsabilidade do que se fala em público. A fala expressa pelo vice demotucano não tem nada de “racionalidade” que contribua para o debate. É baixaria pura. Não é opinião, como argumentou o senhor Serra, falar que o outro pratica um ato criminoso como fazer parte do narcotráfico. É uma acusação grave que, se não for provada, passa a ser crime de calúnia. Isto está na lei brasileira. É parte do contrato social democrático brasileiro.
O tal de Alejandro Aguirre, presidente da SIP (Sociedade Interamericana de Prensa), veio a público falar que Lula não é democrata porque apóia governos antidemocráticos, como o de Cuba. Talvez a democracia que a SIP defenda é esta da liberdade de alguns poderosos poderem acusar os outros sem provas, como acontece em ditaduras militares – vinha as polícias secretas, prendiam, acusavam sem qualquer prova e condenavam – à tortura e à morte. Muitas destas ditaduras tiveram apoio de vários órgãos de imprensa que hoje compõem a SIP, como no Brasil, no Chile e na Argentina. Os demos, ex-PFL, ex-Arena, conhecem bem este tipo de regime. Fizeram parte dele. É esta a democracia que demos, SIP, alguns jornais, índios playboys da zona sul carioca e, infelizmente, tucanos mal-resolvidos defendem agora.
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José Serra é candidato a Uribe
Reproduzo artigo de Brizola Neto, publicado no blog Tijolaço:
A onda de governos populares na América do Sul, que se estendeu do pampa argentino ao caribe venezuelano, sempre teve seu contraponto na Colômbia de Álvaro Uribe, aliado incondicional dos Estados Unidos e forte crítico das políticas vizinhas, especialmente de Hugo Chávez, o inimigo número um do império no continente.
Com Uribe saindo de cena, embora ainda atirando numa tentativa de atrelar seu sucessor Juan Manuel Santos à sua política de subserviência, os Estados Unidos precisam de algum governante forte para não perder de vez sua influência na região. Alguém que defenda o liberalismo econômico em toda sua extensão, que ataque Chávez e se mantenha fora de qualquer protagonismo além fronteiras, como no caso do Irã e do conflito Israel-Palestina.
O posto vago parece ter um forte candidato em José Serra, que repete o discurso uribista, mas de forma menos honesta, recorrendo sempre a sujeitos indefinidos, como ao afirmar que “todo mundo” sabe que o PT é ligado às Farc e estas ao narcotráfico e “todo mundo” sabe que as Farc se abrigam na Venezuela, como fez hoje a uma platéia de empresários, em São Paulo, como publicou o Estadão.
Serra fala exatamente o que os EUA gostam de ouvir para justificar a presença de suas bases na América do Sul e da quarta frota em nossas águas, no suposto combate às drogas, que não passa de uma vigilância permanente sobre os governos progressistas e soberanos. Serra fomenta o conflito entre Colômbia e Venezuela sob o falso discurso de que proporia uma política de pacificação, mas sem “ter viés para um lado, porque aí você perde a capacidade de negociação”.
Ao fazer tal afirmação, Serra critica o que chama de aproximação de Brasília e Caracas, mostrando o Itamaraty como incapaz de resolver o conflito, pois teria um lado na questão. É mais uma das mentiras de Serra, já que a diplomacia brasileira no governo Lula se destacou como mediadora das principais crises no continente, sempre merecendo o respeito de Uribe e de Chávez.
Serra deveria saber que por ocasião do grave conflito entre Colômbia e Equador depois que tropas colombianas invadiram território equatoriano e mataram integrantes das Farc, o Brasil teve papel relevante na mediação entre os dois países, junto a outras nações sul-americanas.
O mesmo Serra que acha o Mercosul inútil e despreza os vizinhos de economia menor, finge agora que se preocupa com eles ao dizer que interferiria no conflito entre Colômbia e Venezuela. Sua estreiteza política nas questões internacionais se revela em todos os comentários, como ao comparar o que não se compara. “Eu diria que (o contencioso entre Venezuela e Colômbia) é muito mais prioritário do que o programa nuclear do Ahmadinejad, que consumiu uma massa de energia incrível. Para quê? Para nada”, disse ele aos empresários brasileiros.
Em primeiro lugar, é preciso dizer a Serra que o contencioso a que se refere não estava tão explosivo quando Lula foi tratar da questão do Irã, o que só poderia ser feito por grandes estadistas, reconhecidos internacionalmente. Depois, que Lula participou da criação da Unasul, que se constitui num novo bloco político, provavelmente também ignorado por Serra, capaz de mediar conflitos no continente de forma conjunta.
Por fim, a mediação do Brasil e da Turquia junto ao Irã apresentou uma proposta clara de resolução da crise em torno do programa nuclear iraniano, que só não a encerrou pela intolerância dos EUA e dos senhores da guerra, sempre interessados em algum novo campo de batalha para manterem seu domínio com práticas condenáveis como a revelada hoje pelos documentos secretos que vazaram da guerra no Afeganistão.
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A onda de governos populares na América do Sul, que se estendeu do pampa argentino ao caribe venezuelano, sempre teve seu contraponto na Colômbia de Álvaro Uribe, aliado incondicional dos Estados Unidos e forte crítico das políticas vizinhas, especialmente de Hugo Chávez, o inimigo número um do império no continente.
Com Uribe saindo de cena, embora ainda atirando numa tentativa de atrelar seu sucessor Juan Manuel Santos à sua política de subserviência, os Estados Unidos precisam de algum governante forte para não perder de vez sua influência na região. Alguém que defenda o liberalismo econômico em toda sua extensão, que ataque Chávez e se mantenha fora de qualquer protagonismo além fronteiras, como no caso do Irã e do conflito Israel-Palestina.
O posto vago parece ter um forte candidato em José Serra, que repete o discurso uribista, mas de forma menos honesta, recorrendo sempre a sujeitos indefinidos, como ao afirmar que “todo mundo” sabe que o PT é ligado às Farc e estas ao narcotráfico e “todo mundo” sabe que as Farc se abrigam na Venezuela, como fez hoje a uma platéia de empresários, em São Paulo, como publicou o Estadão.
Serra fala exatamente o que os EUA gostam de ouvir para justificar a presença de suas bases na América do Sul e da quarta frota em nossas águas, no suposto combate às drogas, que não passa de uma vigilância permanente sobre os governos progressistas e soberanos. Serra fomenta o conflito entre Colômbia e Venezuela sob o falso discurso de que proporia uma política de pacificação, mas sem “ter viés para um lado, porque aí você perde a capacidade de negociação”.
Ao fazer tal afirmação, Serra critica o que chama de aproximação de Brasília e Caracas, mostrando o Itamaraty como incapaz de resolver o conflito, pois teria um lado na questão. É mais uma das mentiras de Serra, já que a diplomacia brasileira no governo Lula se destacou como mediadora das principais crises no continente, sempre merecendo o respeito de Uribe e de Chávez.
Serra deveria saber que por ocasião do grave conflito entre Colômbia e Equador depois que tropas colombianas invadiram território equatoriano e mataram integrantes das Farc, o Brasil teve papel relevante na mediação entre os dois países, junto a outras nações sul-americanas.
O mesmo Serra que acha o Mercosul inútil e despreza os vizinhos de economia menor, finge agora que se preocupa com eles ao dizer que interferiria no conflito entre Colômbia e Venezuela. Sua estreiteza política nas questões internacionais se revela em todos os comentários, como ao comparar o que não se compara. “Eu diria que (o contencioso entre Venezuela e Colômbia) é muito mais prioritário do que o programa nuclear do Ahmadinejad, que consumiu uma massa de energia incrível. Para quê? Para nada”, disse ele aos empresários brasileiros.
Em primeiro lugar, é preciso dizer a Serra que o contencioso a que se refere não estava tão explosivo quando Lula foi tratar da questão do Irã, o que só poderia ser feito por grandes estadistas, reconhecidos internacionalmente. Depois, que Lula participou da criação da Unasul, que se constitui num novo bloco político, provavelmente também ignorado por Serra, capaz de mediar conflitos no continente de forma conjunta.
Por fim, a mediação do Brasil e da Turquia junto ao Irã apresentou uma proposta clara de resolução da crise em torno do programa nuclear iraniano, que só não a encerrou pela intolerância dos EUA e dos senhores da guerra, sempre interessados em algum novo campo de batalha para manterem seu domínio com práticas condenáveis como a revelada hoje pelos documentos secretos que vazaram da guerra no Afeganistão.
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